centro do Sotavento algarvio, a densidade escolar abrangida, o acesso fácil, mercê idas boas vias de comunicação que de todos os lados para ali convergem, ambiente propício para o estudo, etc., e, para além destas razões, julgo merecerem particular atenção as deslocações diárias que se evitariam e a que são forçados, actualmente, muitos alunos, em percursos de mais de 100 km, com todos os inconvenientes fáceis de adivinhar, e a superlotação do Liceu de Faro que, com a criação desta secção, se veria bastante aliviado.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A este propósito acrescentarei que o novo edifício deste Liceu, inaugurado em 1948 para uma população máxima de 800 alunos, é hoje frequentado por 1400, e pode desde já prever-se que no próximo ano lectivo terão de se ajeitar como sardinhas em lata se r ao quisermos recorrer ao desdobramento que, no dizer dos entendidos, além de antipedagógico é uma autêntica desgraça quanto ao rendimento do ensino.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mesmo que sejam criadas imediatamente as secções em Loulé e Tavira -, aliás, já solicitadas, a situação do Liceu de Faro exigia uma - esclarecida e urgente atenção, em presença das suas enormes deficiências, que não cabe nesta intervenção esmiuçar, más que, para exemplo, referirei o facto de o ginásio se ter de dividir com uma lona em duas salas para poderem funcionar as aulas de educação física dos dois sexos, e ainda acrescentarei que para quarenta e três turmas existem apenas trinta e quatro salas. E por estes números facilmente se depreenderá o malabarismo que é preciso fazer para se cumprirem as exigências dos horários e dos cursos!

Ora, em presença do fenómeno a que atrás fiz referência, e tendo em atenção a impossibilidade material de o Estado, em pouco tempo, criar secções liceais em todos os concelhos do País que as solicitem, poder-se-ia tentar resolver o problema, penso eu, adquirindo-se os colégios particulares que tenham instalações próprias e que a isso se candidatassem, para - neles instalar as referidas secções, ou então promover, com uma ajuda substancial, o fomento destes colégios, de maneira a oferecer o respectivo ensino ao preço do estatal, oficializando, embaracem uma fiscalização efectiva, os resultados- dos seus exercícios escol ares.

Nos concelhos onde não existissem colégios ministrar-se-ia todo o ensino até ao 5.º ano no estabelecimento oficial existente, que normalmente é a escola técnica, aproveitando-se as suas instalações, professores, etc., e desta forma todos os concelhos teriam à sua escolha os dois tipos de ensino por que tanto aspiram. Com esta alternativas não se deixaria, ao mesmo tempo, de dar o (justo amparo que muitos colégios merecem e confirmar-se-ia o nosso maior apreço e até admiração pelos serviços que prestaram em todo o País e a tantas gerações!

Não somos tão ricos que nos demos ao luxo de não admitir debaixo do mesmo tecto e em franco convívio os ensinos liceal e técnico, e, uma vez que chegámos, ab3 que enfim, à hora das coordenações, devemos aproveitar o que há o que é preciso é que funcione bem para proveito de todos.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Muito- bem!

O Orador: - Dedico a segunda parte desta- minha intervenção a uma história trágica e muito elucidativa da nossa ainda limitada protecção aos que. trabalham.

No dia 17 de Março próximo passado procuraram-me algumas senhoras, regentes escolares, para me agradecerem ter-me lembrado delas num discurso aqui proferido há cerca de três meses. Vinham pedir-me ainda que fizesse eco nesta Casa da sua menos que mediania no presente, mas muito pior do que isso, da sua lamentável situação no futuro quando atingidas pelo limite de idade tiverem de deixar o seu mister.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois é verdade. Servidoras com mais de trinta anos, uma delas referiu trinta e oito anos de sacrifício permanente, exercendo o seu múnus nos sítios menos aprazíveis, quantas vezes em serranias inóspitas, desbravando o desconhecimento dos portugueses, com diploma de funções públicas a quem se exige tudo e nada se lhes dá na velhice senão a possibilidade de mendigar - não está certo!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Por que se não integram imediatamente na Previdência, como solução de emergência, até se lhes arranjar lugar mais consentâneo, evitando-lhes de qualquer forma uma situação deveras injusta e triste?!

Daqui lanço o meu apelo em favor dessas humildes servidoras, que fizeram desabrochar para a luz das letras tanta gente, para que se lhes não fechem as portas, atirando-as, no fim da vida, para a miséria, que há de ser recolhida, mas nem por isso menos negra para elas e dolorosa para nós todos! Cada vez mais me lembro deste e de outros casos, das regentes escolares, como dos- nossos trabalhadores rurais, não nos restando outro caminho que não seja proporcionar-lhes o amparo que bem merecem na velhice!

Não, tenho dúvidas nenhumas sobre o que pensa a este respeito o Sr. Presidente do Conselho. Tem, como nós, os mesmos anseios e, tenho a certeza, porque dirige, maior sofrimento perante estas situações.

Então por que falo?!

Porque não ganhamos nada em esconder, antes, talvez, gritando bem alto, acordemos todos para esta cruzada de levarmos o bem-estar relativo, modesto e sem exagero, más ó- suficiente e depressa, a cada um, em especial, quando já não possa trabalhar!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: -Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - A primeira parte da ordem do dia item por objecto a continuação da discussão das contas gerais ido Estado e das contas da Junta do Crédito Público referentes ao ar. o de 1968.

Tem ia palavra o Sr. Deputado Teixeira Pinto.

O Sr. Teixeira Pinto: - Sr. Presidente: Ao fazer esta minha intervenção sobre as contas pública queria, em primeiro lugar, recordar com profunda saudade a figura do engenheiro Paulo de Barros, cujo elogio já nesta Assembleia foi feito. Tive o privilégio de trabalhar com o engenheiro Paulo de Barros durante muitos anos em condições diversas: no início da minha carreira de economista e no

Ministério da Economia; cerca de vinte e cinco anos mais tarde, quando solicitei a sua Colaboração como presidente