travar e desejamos vencer. "A selecção dos melhores pela promoção! de todos", eis a meta final que nos cumpre atingir.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Mas a Universidade actual, se já não comporta todos aqueles que hoje a frequentam, como poderá acolher, amanhã, os muitos mais que se aprestam a bater-lhe à porta?

Neste, como noutros capítulos, não há milagres. - As limitações orçamentais -, que sempre, condicionaram a vida portuguesa, apresentam-se mais drásticas do que nunca. E sem dinheiro não é possível construir.

A limitação do acesso à Universidade è. absolutamente inviável e eu diria mesmo que seria criminosa, na medida em que a capacidade de sobrevivência e- de triunfo das comunidades se aferirá nas décadas que sei aproximam bem mais pela percentagem quantitativa e qualitativa dos diplomados que possuírem do que pelas reservas de armamentos que tenham sido capazes de reunia1.

Como fugir ao impasse.

O ilustre autor do aviso prévio indica-nos um dos caminhos possíveis: a criação de novas Universidades. Dou-lhe o meu voto, desde que do pecado da excessiva concentração não se vá cair no excesso da dispersão. Mas mesmo este rumo não evita grandes investimentos, porventura incompatíveis com as disponibilidades presentes, a não ser que sejam aproveitados velhos edifícios onde apenas se despendesse o essencial com obras de adaptação.

Insisto neste ponto, porque se me afigura inconveniente e inoportuno defender, aqui, soluções teoricamente perfeitas, insusceptíveis, porém, de aplicação prática.

Vozes: - Muito bem!

A criação de novas Universidades poderá ter, ainda, a dupla vantagem de se conseguir uma certa dispersão geográfica que ajudaria a furtar os alunos ao domínio dos agitadores profissionais e à ditadura das minorias activistas - do mesmo passo que proporcionaria o ensejo de se ensaiarem novos esquemas e outros tipos de orgânica. Conforme, aliás, referiu o Prof. Miller Guerra, à medida que se fossem aperfeiçoando, as novas escolas poderiam contribuir notavelmente para que se introduzissem na actuais as alterações orgânicas tidas por mais aconselháveis.

Concomitantemente, diligenciar-se-ia adaptar ao tempo presente as Universidades criadas noutras épocas. Considero, porém, que antes de qualquer reforma, deverão aplicar-se e executar-se alguns dos princípios basilares, à sombra dos quais a Universidade portuguesa foi criada e que circunstancialismos de variadíssima ordem fizeram entrar no rol dos esquecimentos.

O manifestado desejo de participação dos estudantes na gestão universitária é consequência directa do abandono e do desinteresse a que a Universidade foi votada por grande parte do corpo, docente.

A circunstância de muito do pessoal político- ser recrutado no seio dos conselhos escolares e o facto de muitos catedráticos serem chamados, pela via da politização ou do próprio merecimento, ao desempenho de funções altamente remuneradas nos conselhos de administração da banca e da grande indústria, transferiu para uma apagada linha de preocupações a actividade docente desses professores.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A reacção dos alunos seria uma questão de tempo. Mas não se pode negar-lhes carradas de razão.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - O dever de ensinar é idêntico ao de estudar. Aluno que não estuda não merece o convívio da escola, não só porque está a fazer perder tempo aos demais, como também porque é elemento potencialmente perturbador. Professor que não ensina ou que não frequenta a Universidade, não é digno de- continuar a ocupar a cátedra de que ilegitimamente se está a servir, quiçá como trampolim para alcançar mais fáceis recompensas económicas.

Vozes: -Muito bem!

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se não se tivessem dado e se não se continuassem a dar tão clamorosos casos de ausência, desinteresse ou abandono por parte- de alguns professores, talvez que o insistente desejo de participação dos estudantes na gestão universitária .se houvesse manifestado com menor virulência e arrogância.

Tenho para mim que a participação seira desejada e virtuosa se não significar hegemonia. Não é ao estudante - cuja maturidade ainda não foi alcançada e a quem falta a experiência da vida - que compete dirigir a Universidade ou a escola que frequenta. A sua presença nos conselhos escolares é aceitável e será mesmo desejada, desde que convenientemente enquadrada pela experiência e capacidade do corpo docente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Fala-se hoje muito em participação, e parece desejar-se, com o termo, alcançar as mais diversas metas. Por participação deverá entender-se o direito a ser-se ouvido e, essencialmente, o direito a beneficiar equitativamente dos frutos alcançados pela instituição, pelo organismo ou "pela empresa em que cada um exerça funções.

Participar não é, assim, sinónimo de gerir ou comandar. Um simples operário não poderá orientar os destinos da empresa onde trabalha, mas poderá delegar em algum dos seus colegas, anais qualificado que o represente junto da administração, não para orientar a gestão empresarial,