objectivos que ela deve cumprir, os meios de que se dispõe para os realizar e a forma como vão ser utilizados".

É, pois, na linha de uma orientação inteligente e criteriosa que surge II nossa Universidade.

São dolorosos, para nós, gente do ultramar, os acontecimentos que se têm registado em certas das nossas Faculdades e institutos superiores metropolitanos. Felizmente os movimentos, estudantis que se registam em Angola são salutares à nossa juventude. Lúcida e devotadamente acompanhados e estimulados por mestres que não olham a sacrifícios para atingirem os objectivos fundamentais, eles dão tudo por tudo para que a instituição cumpra integralmente a sua missão na transmissão de conhecimentos c na formação do homem.

Houve, (í talvez haja ainda, apesar de tudo. quem ponha em dúvida o nível do ensino professado nas Universidades ultramarinas. Esses não têm razão.

O ensino aí ministrado é dos melhores, e os seus aluno têm dado provas de inteligência e, de capacidade de trabalho notáveis.

Não admira que assim seja, pois quando os estudantes angolanos frequentaram a Universidade metropolitana foram dos melhores classificados.

Sr. Presidente: A Universidade de Luanda surgiu em 1962 com a designação de Estudos Gerais Universitários por força do Decreto-Lei n.º 44 530.

Aproveito o ensejo para desta tribuna agradecer uma vez mais em nome de Angola ao Governo Central essa histórica iniciativa e rendo sincera homenagem ao general Venâncio Deslandes que foi o seu grande impulsionador.

Vozes: -Muito bem!

A Oradora: - Essa firme tomada de posição em prol do progresso cultural e social de Angola transformou em realidade esplendorosa um velho sonho de todos.

Surgiram, pois, assim, os Estudos Gerais, onde começou por se ensinar as matérias dos primeiros anos dos cursos de Ciências Pedagógicas, médico-cirúrgico, Engenharia, Agronomia, Silvicultura e Medicina, com uma frequência inicial de cerca de trezentos alunos.

Passou apenas meia dúzia de anos e os Estudos Gerais tomaram fornia, expressão e grandeza. Hoje funcionam cursos completos na província, com vantagens de toda >; ordem.

Em 1968 os Estudos Gerais ascendem à categoria de Universidade de Luanda. Novo e grande passo em frente, que foi recebido jubilosamente por toda a Angola.

Por tudo isto, é para admirar que um órgão informativo oficial tenha afirmado nas suas páginas que apenas Moçambique possuía Universidade, que em Angola havia apenas Estudos Gerais Universitários, com a actividade em Luanda e Nova Lisboa.

Ora a verdade é que tanto Angola como Moçambique possuem Universidade, e por coincidência ao abrigo do mesmo diploma legal.

Foi um lapso de quem redigiu a notícia; porém, no ambiente universitário da província, ela. como é natural, não foi bem recebida, assim como surpreendeu bastante o afastamento da Comissão te Educação de um representante da maior parcela do território nacional.

O Sr. David Laima: - V. Ex.ª. dá-me licença? A Oradora: - Faca favor.

O Sr. David Laima: - Queria associar-me ao desgosto expresso sobre a exclusão dos Deputados de Angola da Comissão de Educação Nacional. Realmente, esqueceu-se a nossa Universidade.

Queria fazer notar que os nossos processos de trabalho são talvez demasiado cerimoniosos. Furtamo-nos às grandes parangonas, à grande publicidade. Mas estamos a realizar um trabalho sério, que V. Ex.ª. conhece perfeitamente e que não deixaremos de, nesta Câmara, dar a conhecer.

O desgosto por mim expresso, e também por V. Ex.ª, foi sentido em toda a. Angola , e mal ficaria-mos com a consciência se não lhe déssemos aqui o devido relevo.

A Oradora: -Muito obrigada pela achega de V. Ex.ª

O Sr. Barreto de Lara: - V. Ex.ª dá-me licença para duas breves notas?

A Oradora: - Faça favor.

O Sr. Barreto de Lara: - A primeira é que não comungo nos seus sentimentos de gratidão ao Governo por ter criado a Universidade de Angola. Uma Universidade não se cria, vem de dentro para fora, e não de fora para dentro. O espírito universitário existia, faltava só a coragem de o traduzir em lei e fazer a instituição. Foi o que fez corajosamente o general Venâncio Deslandes, e estou em crer que essa sua atitude- lhe terá custado grandes amargores.

A segunda nota é para anunciar à manifestação do Sr. Deputado David Laima sobre a ausência dos Deputados de Angola na comissão de Educação Nacional. Talvez até porque, coimo V. Ex.ª. diz, a Universidade em Angola está a funcionar tão bem que porventura não será necessário entrarmos na Comissão de Educação Nacional!

(Risos.)

A Oradora: -Muito obrigada pela achega de V. Ex.ª. O Sr. Pinto Machado: - V. Ex.ª dá-me licença?

A Oradora: - Faça Favor.

O Sr. Pinto Machado: - Eu também, ]á agora, porque o fiz a diversos Deputados por Angola, quero referir que foi um prejuízo (para a Comissão de Educação Nacional não contar com uma. representação desses Deputados. Também queria dar aqui o meu testemunho da profunda impressão que, aquando de uma breve estada em Luanda, em 1968, me deixaram os então Estudos Gerais, o seu reitor e muitos docentes, alguns dos quais, aliás, são grandes amigos meus.

A Oradora: - Muito obrigada pela achega de V. Ex.ª, que veio enriquecer a minha intervenção.

Sr. Presidente: A Universidade de Luanda funciona em Luanda com os cursos completos de todas as engenharias, ciências e médico-cirúrgico; em Nova Lisboa, com o cursos de Veterinária, Silvicultura e Agronomia, e em Sá da Bandeira, com o cursos de, Letras e Pedagógicas, estando já em estudo o funcionamento os cursos de Económicas e Financeiras e, de Químico-Farmacêuticas. Contudo, cerca de 60 por cento dos alunos que actualmente frequentam a Universidade são idos cursos de Engenharia e médico-cirúrgico. Prevê-se para o ano lectivo de 1971-1972 uma frequência da 2000 alunos.

A necessidade de se formarem elementos válidos para o preenchimento dos quadros científicos e técnicos superiores da província, juntamente com a preocupação de acompanhar o progresso no campo da ciência e investigação, levou a Universidade de. Luanda a funcionar em estreita colaboração com os meios locais que são os institutos de investigação e os serviços.