tório, reformado antes, e no primário há experiências a decorrer. Pois bem. Se cada um, agora no fechado do seu gabinete, cogita e reforma sobre o que melhor entende, irá chegar o momento de esvaziar esses gabinetes e de reunir todos quantos neles agora se debruçam sobre as ideias e sobre os papéis num amplo e único gabinete, onde as vozes se tornem concordes e os planos se confundam numa só planificação.

E urgente a cura da Universidade. A própria actividade do novo Ministro da Educação o confirma. Pois, se S. Ex.ª mo permite, eu queria deixar aqui uma sugestão: que este ano sejam mandados antecipar os exames nas Faculdades, de forma a estarem concluídos no fim de Junho todos os trabalhos docentes, e que nos meses de Julho e Agosto a comunidade universitária e quantos lhe tenham de ser agregados tratem afincadamente, e só, da reforma da Universidade e da sua articulação com os demais ensinos.

Juntamente com o serviço docente não é possível aos professores trabalhar na reforma a tempo de a ter pronta para o próximo ano lectivo, nem parece oportuno, depois de tanta aula perdida, que se distraiam mais os professores das lições. Quanto aos alunos, não é também agora a altura de os distrair do estudo final.

O que seria agora feito e não acabado por falta de tempo e outras razões, poderá ser concluído, se as pessoas disso encarregadas nada mais tiverem, em clima intenso de trabalho. Diz o povo, na sua filosofia, que «em tempo de guerra não se limpam armas»; pois que cada um prefira ao prazer das suas férias o dever de contribuir para a resolução da crise universitária. Que o descanso se faça então em Setembro, quando outra equipa pegar no trabalho concluído pura o publicar a tempo de poderem as novas reformas entrar um vigor no início do ano lectivo.

Chegou o momento - e desculpe-me V. Ex.ª se insisto neste ponto- de se acabar com o coro de lamentações de que é preciso fazer isto e aquilo, de que é urgente executar tal e tal, e de cada um despir prosaicamente o casaco u meter-se ao. trabalho. Do que nós necessitamos muito neste país é de trabalhar no dum, para se progredir cada vez mais e mais depressa. Para se recuperarem, os amos de atraso em que se diz estarmos, não chega repetirmos a cada passo, que estamos atrasados, em ar fatalista e recriminativo, como se outros culpados houvesse que não todos nós, que não fazemos tudo para nos actualizarmos. Sobre que é preciso uma, reforma geral do ensino, todos estamos de acordo. Pois façamos a reforma. Basta de filosofias!

Sr. Presidente: Quando se levantam entre mós questões que bulem com a nossa maneira ide ser, pega no meu Eça de Queirós e releio-o. Escreveu ele há quase cem anos, mas tão a propósito. que é actual todos os dias. Foi dos homens que mate denodadamente se bateram por uma reforma de educação neste país. Voltei a abri-lo e com ele quero terminar as minhas descoloridas palavras:

Numa época tão intelectual, tão crítica, tão científica como a nossa, não se ganha a admiração universal, ou se seja, nação ou indivíduo, só com ter propósito nas ruas, pagar lealmente ao padeiro e obedecer, de fronte curva, aos editais do governo civil. São qualidades excelentes, mas insuficientes. Requer-se mais, requer-se a forte cultura, a fecunda elevação de espírito, a fina educação do gosto, a base científica e uma ponta, de ideal.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar as sessão. Antes, porém, convoco a Comissão de Defesa Nacional, a pedido do seu presidente, para o próximo dia 28, às 11 horas da manhã.

Amanhã haverá duas sessões. A primeira será às 11 horas, tendo como ordem do dia a continuação do debate do aviso prévio do Sr. Deputado Miller Guerra respeitante às Universidades tradicionais e a sociedade moderna. A segunda sessão será à hora regimental, tendo como ordem do dia, na primeira parte, a continuação da discussão das contas gerais do Estado e das contas da Junta do Crédito Público relativas ao ano de 1968, e, na segunda parte, a continuação do debate sobre o mesmo aviso prévio.

Espero que os dois debates possam ficar concluídos no dia de amanhã, pais não prevejo facilidades de conceder a continuação dos mesmos para a próxima semana.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Antão Santos da Cunha.

Augusto Domingues Correia.

Francisco de Moncada do Casal-Ribeiro de Carvalho.

João Pedro Miller Pinto de Lemos Guerra.

José Guilherme de Melo e Castro.

José Vicente Pizarro Xavier Montalvão Machado.

Manuel Monteiro Ribeiro Veloso.

Rogério Noel Peres Claro.

D. Sinclética Soares dos Santos Torres.

Teófilo Lopes Frazão.

Tomás Duarte da Câmara Oliveira Dias.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Albano Vaz Pinto Alves.

Alberto Marciano Gorjão Franco Nogueira.

Alexandre José Linhares Furtado.

Amílcar Pereira de Magalhães.

António da Fonseca Leal de Oliveira.

António de Sousa Vadre Castelino e Alvim.

Armando Valfredo Pires.

Deodato Chaves de Magalhães Sousa.

Duarte Pinto de Carvalho Freitas do Amaral.

Francisco de Nápoles Ferraz de Almeida e Sousa.

José da Costa Oliveira.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Lopo de Carvalho Cancella de Abreu.

Manuel Marques da Silva Soares.

Manuel Valente Sanches.

Maximiliano Isidoro Pio Fernandes.

Rui de Moura Ramos.

Victor Manuel Pires de Aguiar e Silva.

A Assembleia Nacional, tendo examinado os pareceres sobre as coutas gerais do Estado respeitantes ao exercício de 1968. tanto da metrópole como das províncias ultramarinas, e concordando com as conclusões da Comissão das Contas Públicas, resolve dar a essas contas a sua aprovação.

Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 16 de Abril de 1970. - O Deputado, José Gabriel Mendonça Correia da Cunha.