Ainda segundo Nenning, a juventude de todo o mundo está cansada daquilo que considera uma concepção burguesa e ultrapassada de uma sociedade em decadência, e assim ela constitui a esperança numa vitória, em que o próprio comunismo russo - considerado aburguesado e traidor - já não tem expressão, salvo para ser também reformado.

Vê-se, portanto, que, para além dos seus legítimos direitos, certa minoria juvenil se transformou na tropa de choque da anarquia e da subversão. Os seus símbolos são dentro da "pureza" da doutrina de Marx, Che Guevara, o idealista, e Moo Tsé-Tung, o activista. E com estes símbolos pretende-se criar um novo mundo . . .

Alonguei-me demasiado mais do que queria e do que devia, mas não podia deixar, como homem, como político e como português, ao discutir-se o problema universitário, de dizer o que penso, não, evidentemente, contra a juventude, mas contra aqueles que a manejam para outros fins que não são os que lhe devem estar reservados: governar o mundo de amanhã, um mundo em evolução constante, é certo, mas nunca um mundo em ruínas e irreversivelmente perdido.

Entre nós, e bem recentemente, numa nota oficiosa, denunciou-se que "o Movimento Popular de Libertação de Angola (M. P. L. A.) infiltrara alguns elementos em determinados sectores da metrópole. Dos dez presos, um era médico, outro sacerdote e outros estudantes.

Na linha geral dos partidos comunista e socialista e de outras associações ilegais que favorecem movimentos terroristas estão em actividade vários comités de luta anti-colonial que têm sido referenciados, sobretudo, na Universidade, foram detidos nestes últimos dias", finaliza a mesma nota, "alguns estudantes, todos com ligação com o partido comunista ou com as referidas associações ilícitas."

E por aqui me fico, não sem referir ainda que num Instituto vizinho desta Assembleia (aqui expressamente mencionado pelo ilustre Deputado avisante) existe, como membro do seu conselho director, um primeiro-assistente - elemento activíssimo da nossa oposição mais radical - que se serve da cátedra como um meio de transmitir aos seus alunos o vírus da subversão!

Parece, pois, evidente que, para além de reivindicações indiscutíveis e de inegável actualidade, há, & mistura, subversão e criminosa doutrinação política que visa o enfraquecimento da frente interna de um País em guerra - guerra que do exterior lhe foi imposta.

Pois, satisfaça-se a juventude. Dê-se-lhe aquilo a que tem direito. Mas castigue-se inplacàvelmente os que a traem e misturam a Universidade com actividades terroristas e, portanto, antinacionais.

Castiguem-se sobretudo aqueles, alunos ou mestres, ou simples agitadores, que deturpam o verdadeiro sentido e orientação para os quais deve, de facto, caminhar a juventude, a quem nada se deve negar, mas levando-a a manter dentro do seu peito, quase sempre generoso, a portugalidade indispensável à continuidade da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Vou encerrar a sessão. Há ainda três Srs. Deputados inscritos para este debate. Dado o adiantamento da hora e dada uma lei, não escrita, desta Casa, que conduz a não levar até muito tarde os debates das vésperas de sábado, em atenção a que muitos de VV. Ex.ªs têm as suas vidas centradas fora de Lisboa e necessitam da aproveitar os fins de semana para tratarem das suas ocupações privadas, visto a actividade parlamentar não ser, como sabemos, de ocupação inteira, em atenção a essa lei não escrita e em atenção, sobretudo, a que os trabalhos dos comissões convocadas para outras matérias não têm andado tão depressa que permitam prever para a próxima semana aquela intensidade de dedicação a novos temas que eu previra e desejava, deixo para a próxima terça-feira o encerramento deste debate, com a intervenção dos Srs. Deputados ainda inscritos.

Na terça-feira haverá, pois, sessão h hora regimental, tendo como ordem do dia, na primeira parte, o encerramento do debate do aviso prévio do Sr. Deputado Miller Guerra sobre as Universidades tradicionais e a sociedade moderna e, na segunda parte, o início da discussão na generalidade da proposta de lei sobre a circulação de mercadorias nacionais ou nacionalizadas entre o continente e as ilhas adjacentes.

Se a marcha dos debates e o número de oradores inscritos forem de molde a não preencher completamente o tempo utilizável, abrirei uma terceira parte para a ordem do dia, destinada à discussão conjunta, na generalidade, dos dois projectos de lei do Sr. Deputado Camilo de Mendonça, relativos, um, a acordos colectivos de comercialização de produtos agrícolas, florestais e pecuários e, o outro, ao crédito de colheita.

Foi-me, com efeito, representado que, sendo os seus objectivos de ordem mais geral concorrentes a um fim comum, seria cabido, a exemplo do que noutras circunstâncias se tem feito nesta Assembleia, discutir conjuntamente os dois projectos na generalidade. Constituirão, portanto, uma terceira parte da ordem do dia, se a marcha da discussão nas portes anteriores nos permitir ainda ocupar o final da sessão com ela.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António de Sousa Vadre Castelino e Alvim.

Gustavo Neto Miranda.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João Pedro Miller Pinto Lemos Guerra.

José Pedro Maria Anjos Pinto Leite.

José Vicente Pizarro Xavier Montalvão Machado.

Manuel José Archer Homem de Mello.

Manuel Martins da Cruz.

Rui Pontífice Sousa.

D. Sinclética Soares dos Santos Torres.

Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Srs. Deputados que voltaram à sessão:

Albano Vaz. Pinto Alves.

Alberto Marciano Gorjão Franco Nogueira.

Alexandre José Linhares Furtado.

Antão Santos da Cunha.

António Bebiano Correia Henriques Carreira.

António da Fonseca Leal de Oliveira.

António Pereira de Meireles da Rocha Lacerda.