em toda- a Universidade portuguesa só pode ser taxada de traição e, como tal, passível Ida mais enérgica sanção.

Vozes: - Muito bem!

Não apoiado!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Santos Dessa: - Sr. Presidente: À nota publicada pêlos jornais sobre as resoluções do último Conselho de Ministros trouxe-nos a notícia da restauração da sede da Região Militar de Coimbra.

Ela foi o veículo de uma justificada alegria para aquela cidade universitária -velha,- mas sempre jovem! - e para o distrito que tenho a honra de representar nesta Assembleia.

Coimbra foi sempre, desde longa data e até há poucos anos, sede do comando de uma região militar. Tinha nisso justificado orgulho. For isso mesmo não se conformou com a mutilação que sofreu quando transferiram o Comando da 2.ª Região Militar para outra cidade. E não se conformou porque não foram suficientemente convincentes as razões apresentadas. E como não se resignou, não deixou de expor, de solicitar, de pedir o regresso da sede desse Comando.

Fiz parte de todas as representações do distrito que vieram expor aos vários Ministros que, desde então, se sucederam nas pastas da Defesa e do Exército, esses mesmos desejos, com a exposição dos direitos que nos assistiam e com a apresentação das razões de ordem política, económica e até militar que possuíamos.

Tal como os demais, também o actual Ministro da Defesa e do Exército nos deu a honra de receber para tal fim os representantes de Coimbra. A cidade e o distrito estavam seguros de que mais tarde ou mais cedo seria revisto o problema com independência e que lhes seria feita a devida justiça.

A revisão que acaba de ser feita por ordem de S. Ex.ª o Ministro veio provar que Coimbra tinha razão em não abandonar o assunto, em recordá-lo correcta mas insistentemente. Baseado nessa revisão, o ilustre Ministro, general Sá Viana Rebelo, entendeu dever propor ao Conselho de Ministros - e que este aprovou - a alteração das sedes de comandos militares e, com ela, a restauração da sede do Comando da 2.ª Região Militar, em Coimbra. Felizmente para nós, foram essencialmente razões de ordem militar as que levaram S. Ex.ª o Ministro a tomar tal resolução.

Eu, porque sou dos que várias vezes vim pedir, aqui estou, como Deputado por Coimbra -e julgando interpretar o sentir dos meus colegas eleitos por aquele círculo e toda a população que aqui representamos - a apresentar a S. Ex.ªs o Presidente do Conselho e o Ministro da Defesa e do Exército os agradecimentos muito sinceros pela resolução tomada.

Coimbra regozija-se com a distinção que lhe fui conferida é com a justiça que lhe foi feita.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

Alqueva, na regularização do Guadiana, e mais a Rocha da Galé, na sua complementaridade do mais relevado interesse, darão ao "velho e anárquico Anãs", como alguém chamou ao rio hoje improficiente, a força e a disciplina para uma acção futura, maximamente prestimosa, e da mais franca positividade a favor de um dos distritos do País, como é o de Beja, de potencial imenso que urge despertar em toda a sua magnitude.

Só com muita água, a agua que fertiliza e gera energia, o Baixo Alentejo terá a indústria por que se anseia, a reconversão agrícola que se quer e a pecuária de que se precisa.

Só com muita água o Baixo Alentejo será a célula viva, e bem viva, de uma economia robusta, que todos reclamamos para o nosso melhor viver.

Só.com muita agua a fecundar por muita parte as terras do Alentejo teremos o acerto social que se impõe, na satisfação das múltiplas reivindicações que se clamam.

Sempre nos confrangeu, na percepção exacta do nosso sentir ide que "a água é o sangue da terra" - e a tantos sucede o mesmo -, vê-la escorrer para o mar, sem travamento, em absoluta improdutividade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso fomos, de sempre, estrénuos defensores do regadio intenso e extensificado, lutando por ele pela acção e pela palavra, esta por mais de uma vez já aqui ditada.

E sempre estivemos em boa companhia!

Com Salazar, quando proclamou que a "água há-de ser o factor de produção mais certo e económico";

Com a opinião esclarecida do nosso Presidente do Conselho, quando há mais de uma dezena de anos afirmou que "a irrigação do Alentejo é condição essencial da transformação das condições de vida nacionais";

Com o Prof. Ezequiel de Campos, no concluir que "sem a rega não seria possível a povoação rural do Alentejo"; o despovoamento hoje verificado comprova bem esta sua asserção;

Com o nosso digno par Sr. Engenheiro Araújo Correia, ao dizer que "a economia nacional ganharia muito com a gradual execução de um grande plano de irrigação do Alentejo";

Com o engenheiro Soares Branco, ao asseverar, e em boa verdade, que "no Sul do País há sede nos homens, sede nas plantas e sede na terra";

Com tantos e tantos lavradores que entendem que "terra onde vai a água é terra enriquecida".

Ainda hoje chegam até nós alguns ecos, mas bastante apagados, da remota incredulidade e, sobretudo, da malquerença que a muitos animava.

Tal como o Prof. Jules Milhau, o maior impulsionador da grande obra de planificação de rega do Bas-Rhône, sempre acreditámos no abatimento progressivo e acelerado dos opiniões negativos que ainda estorvaram alguma coisa o apressamento pretendido para o nosso regadio.

São daquele distinguido professor estas palavras:

As nossas maiores dificuldades não são, necessariamente, os de caracter técnico, nem mesmo financeiro. As maiores dificuldades são sempre psicológicas, humanas. Bem sabemos que toda a realização humana, toda a inovação, esbarra, inevitavelmente, com resis-