em declarar que V. Ex.ª está no lugar que lhe compete nesta Casa pelos seus elevados méritos, as suas capacidades e a sua larga experiência de prestigioso tribuno. Considerando-o desta sorte the right man in the right place, pode V. Ex.ª contar com a minha inteira cooperação, dentro daquele espírito de independência e liberdade de pensar e de agir que tem sido minha característica no decorrer de uma longa vida totalmente dedicada ao serviço da Pátria, que .pus sempre acima dos meus e de outros interesses individuais, porque todos, estes são mais que mesquinhos perante a grandiosidade dos que interessam à Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aos Srs. Deputados dirijo as minhas cordiais e calorosas saudações de muito apreço e de. sã camaradagem, na convicção de que do nosso trabalho comum algo resultará de útil em benefício daqueles que acreditaram em nós, que o mesmo é dizer da Nação, que foi berço e será provàvelmente túmulo de todos nós ou, pelo menos, da minha humilde pessoa, se Deus me conceder essa graça.

A apreciação da proposta de lei de meios, cuja apresentação, pela nova estruturação que lhe foi dada, elucida mais o País e principalmente o contribuinte, e que é digna de uma palavra de homenagem ao seu ilustre autor, merece-me na generalidade algumas considerações que se me afiguram úteis, até porque há ainda quem não esteja devidamente esclarecido sobre aspectos do momento que a Nação vive, que precisam de ser conhecidos, pelos menos, por todos os portugueses de boa vontade.

Vai no nono ano a luta contra o terrorismo, que se estende hoje a três províncias de África e começou em Angola em Março de 1961, com os abomináveis massacres de todos conhecidos. Trata-se de uma luta que nos obriga a tremendos sacrifícios, mas cujas características de defesa das populações, ainda mais que da superfície territorial, nos impõem deveres e obrigações que temos de cumprir sem desfalecimentos.

Vozes: - Muito bem!

u as matas para onde as fizeram fugir as ameaças, a perseguição, os raptos e as violências, quando não os crimes, do inimigo. Está igualmente demonstrada nas muitas etnias que se mantêm fiéis e impermeáveis à propaganda subversiva. Está ainda nos milhares de voluntários autóctones que se oferecem para servir nas forças armadas.

Do nosso lado a confiança - a prova máxima que lhes podemos dar- está na distribuição maciça de armamento a que temos procedido para a sua autodefesa. São muitos, muitos milhares de armas de guerra que lhes têm sido entregues. É fácil tirar as ilações apropriadas.

Não se trata, portanto, de uma luta de brancos contra pretos, como a propaganda dissolvente dos mal-intencionados e os pescadores de águas turvas querem fazer crer, mas antes e sómente de uma luta de pretos comunistas e racistas, bem apoiados do exterior, contra os seus irmãos de todas as pigmentações que vivem nas províncias portuguesas.

Temos, pois, além de defender a integrida de territorial da Nação, que é indiscutível, de assegurar a defesa das populações que só querem ser portuguesas e viver pacìficamente.

Esta, uma obrigação moral e humanitária a que não tenho visto nem ouvido dar o merecido relevo.

Temos assim de combater uma guerra insidiosa que não desejamos e que sabemos só não cessa por não convir ao comunismo marxista e maoísta - e a outros-, porque sabem bem que a forte posição portuguesa no continente africano é um dos maiores óbices à sua política revolucionária ou de neocolonialismo na África, cujo objectivo fundamental é a asfixia da Europa.

E, todavia, há ainda países aliados e outros de civilização cristã que deveriam ser-nos gratos pelos serviços que indirectamente lhes prestamos, e que se esforçam por não querer compreender nem a nossa correcta e humana atitude, nem os benefícios que estamos dispensando ao Ocidente e à salvaguarda da religião de Cristo.

Este intróito teve como finalidade provar que combatemos uma guerra lícita, como S. Tomás de Aquino classificou as guerras em que a causa é justa, é recta a intenção e há autoridade suficiente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E depois demonstrar que os pesados encargos orçamentais com a nossa luta não são tão desperdiçados como alguns imaginam, por desconhecimento apenas ou por malévolas intenções.

Se um homem sem problemas não é um homem, um povo sem dificuldades não é um povo. A extensão dessas dificuldades é, no fim de contas, a medida do seu próprio destino.

No fim do século passado considerávamo-nos um país pequeno, pobre e agrícola. Perdidos os esplendores da Índia e as grandezas do Brasil, as nossas posições africanas, depois de desfeitos os sonhos do «mapa cor-de-rosa», pareciam-nos de secundária importância na política e economia mundiais.

Entretanto, os grandes impérios coloniais da Inglaterra, França, Bélgica e Holanda desapareceram por abdicações voluntárias ou retiradas pouco honrosas, justamente quando, em consequência da evolução técnica, a independência política e a prosperidade económica mais dependem da grandeza geográfica e humana dos Estados e do valor dos seus conhecimentos científicos e tecnológicos.

Transformados os territórios destes grandes impérios em Estados sem viabilidade política nem económica, na sua esmagadora maioria, para não dizer na sua totalidade, desfeitos os princípios em que assentara o equilíbrio mundial na primeira metade do século, as grandes nações europeias, com extensas tradições de independência, agruparam-se, para fugir à mediocridade a que as obrigava a pequenez do seu território, em organizações económicas,