solicitou-se da direcção-geral dos Serviços Agrícolas a opinião quanto à provável evolução da cultura fruteira regional. Foi o saudoso Prof. Vieira Natividade, então director do Centro Nacional de Estudos e Fomento da Fruticultura, que percorreu a área com os técnicos regionais c na companhia do presidente da Junto a que emitiu uma opinião pouco favorável no futuro da fruticultura nas margens do Douro, dadas as dificuldades de mecanizar a cultura em socalcos, o que inevitavelmente agravaria os custos de produção e nalgumas baixas Aparentemente mais favoráveis por recear dificuldades de drenagem. Esta opinião nunca foi expressa por escrito, certamente porque aquele técnico, assoberbado com a sua obra excepcional, considerou o assunto de interesse secundário. Mas a sua valiosa opinião criou na Junta uma - atitude de expectativa.

Sucede que, entretanto, os produtores de Tarouca não ficaram aguardando que a Junta fizesse o armazém e tomaram eles próprios a iniciativa de construir um estação fruteira por intermédio da sua cooperativa. Nada se opõe a que esta seja também a solução do problema dos fruticultores de Lamego. As mesmas ajudas recebidas pêlos primeiros estão no alcance destes. Faltar-lhes-á o mesmo espirito de iniciativa?

Termina o Sr. Deputado com uma referência à importação de fruta e à falta de cooperativas e de armazéns frigoríficos.

Quanto à importação, com a qual se tem efectivamente especulado largamente, é do conhecimento publico que ela se encontra liberalizada nos termos do nosso acordo ao G. A. T. T. E encontra-se liberalizada porque foi considerado pelo Governo impolítico incluir as frutas na lista, restritiva (que se pretendia fosse tão pequena quanto possível), já que possuímos boa aptidão para as produzir e já que gozávamos de uma protecção pautai de cerca de 3&20 por quilograma.

Se nos confessamos incapazes de produzir fruta ao abrigo de tão elevados direitos, que outro produto agrícola saremos nós capazes de produzir?

E a prova que os direitos são elevados reside nos números que traduzem as importações nos últimos anos:

Toneladas

Maçãs - 74 138 289 1 287

Porás - - 8 11 76

Ora, estando a produção nacional destas espécies estimada em 100 000 t de maçã e 60 000 t de pêras, claramente se conclui que ela em nada foi afectada peta importação. Esta teve, porém, o mérito de demonstrar qual é o nível de qualidade, escolha, embalagem e de preço da fruta europeia, para o qual teremos de caminhar a passos largos se quisermos competir com ela.

Quanto às cooperativas, estamos de acordo em que poderão desempenhar uma função útil na comercialização das produções agrícolas: mas a quem compete a iniciativa da sua criação se não aos próprios agricultores? Não é a cooperativa uma empresa agrícola privada? A Junta tem exuberantemente demonstrado estar disposta a ajudar, de acordo com os seus recursos, toda a iniciativa meritória neste campo; numerosas cooperativas dos mais diversas regiões poderão comprovar essa ajuda.

Relativamente à manifesta insuficiência de instalações de preparação comercial e conservação de frutos está o Governo empenhado em fomentar a sua construção, mas parece evidente que neste, como noutros sectores, a sua acção tora de ser supletiva da iniciativa particular.