transporte automóvel e pela progressiva electrificação e modernização das linhas férreas suburbanas.

Como consequência destes factos, o tráfego de passageiros nas zonas suburbanas cresce continuamente e torna-se, por isso, difícil dar rápida satisfação ao aumento da procura dos meios de transporte daí resultante.

As novas aglomerações urbanas surgidas em torno das grandes cidades, às vezes até com carácter verdadeiramente explosivo, dão origem ao fenómeno das migrações pendulares, autêntico desafio aos transportes suburbanos, a que se torna necessário dar resposta adequada.

O problema refere-se, como se adivinha, ao transporte de grandes massas de passageiros, com pontas diárias muito acentuadas, de manha e a noite.

A vocação do caminho de ferro para o transporte rápido de grandes massas.

£m face do problema apresentado, ressalta a enorme importância do papel que cabe ao caminho de ferro desempenhar no âmbito dos transportes suburbanos de passageiros, dada a sua especial vocação para o transporte rápido de grandes massas a movimentar nas imediações dos núcleos de forte densidade de população.

Com efeito, o caminho de ferro, pela elevada capacidade de transporte, grande velocidade comercial, regularidade de circulação, constitui actualmente em todos os países do Mundo a solução apropriada para a resolução dos complexos problemas postos pelos transportes suburbanos de passageiros.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Prossegue o artigo mais adiante, depois de historiar o tráfego suburbano com ligações para Lisboa:

Além destas concentrações de população, ocupa também, já hoje, uma posição de muito relevo no volume de passageiros que diariamente se deslocam a Lisboa, na rotina das suas actividades, a concentração populacional da margem sul, cujos transportes rodoviários e ferroviários vão melhorar.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: para concluir as referências falta citar o título do artigo do Boletim a que me refiro, e que é o seguinte:

"As populações urbanas surgidas em volta de Lisboa duplicarão até 1965.

Só os transportes ferroviários poderão resolver satisfatoriamente a ligação da capital com aquelas populações."

Parece-me que entre o esclarecimento da C. P. e o artigo do Boletim há alguma coisa de contraditório.

Uma população de mais de 22 000 habitante não pode estar sujeita a discriminação ou quaisquer outros interesses, porque, se nos arredores de Lisboa existem apeadeiros abertos ao tráfego há poucos anos e outros em construção, por que motivo as populações dos regiões' ao sul do Tejo não são tratados da mesma maneira?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vai a C. P., no corrente ano, aumentar o número de carreiras fluviais entre o Barreiro e Lisboa e vice-versa, para o que já estilo em construção 2 novos barcos.

Não serão estas carreiras um transporte urbano?

Não terá a C. P. conveniência, em canalizar para o Barreiro, a fim de que utilizem a via fluvial, mais passageiros?

Ou será que as informações que prestam à C. P., referentes à utilização do futuro apeadeiro, são dadas de forma a que a sua construção e utilização não prejudique qualquer outra entidade transportadora?

O progresso da Baixa da Banheira é uma realidade, realidade que, quer queiram, quer não, não pode ser desconhecida seja por quem for.

O Governo já o reconheceu, criando ali um bairro administrativo e S. Ex.ª o Chefe do Governo prometeu que na altura conveniente ali faria uma visita; e faço votos por que essa visita seja extensiva a todo o distrito de Setúbal.

Termino apelando para SS. Ex.ª o Ministro das Obras Públicas e Comunicações, o Secretário de Estado dês Comunicações e Transportes, presidente do conselho de administração da C. P. e entidades a quem vamos pedir audiências, a fim de que seja feita justiça à população da Baixa da Banheira, justiça que bem merece.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Castelino e Alvim: - Sr. Presidente: O País, ao tomar conhecimento do programa de construção de auto-estradas aprovado em Conselho de Ministros do passado dia 17, não pôde deixar de sentir o largo passo que se havia dado no caminho do seu desenvolvimento e do seu progresso.

Contudo, a época em que vivemos, parece ter-nos acostumado a considerarmos normal, se não mesmo corriqueira, a realização de empreendimentos que ainda ontem dificilmente se admitia pudessem sair do mundo dos sonhos ou das utopias.

E, assim, a palavra de agradecimento, ou ao menos de compreensão, por todos aqueles que conceberam, projectaram e virão a ter sobre os ombros todo o peso da responsabilidade de uma execução mal ressoa entre o turbilhão de toda a vida dos nossos dias . . . facilmente nos esquecendo de que essa palavra, na simplicidade da sua expressão, tem, acima de tudo, um sentido de estímulo. Sinto, contudo, não poder calar tal palavra, como em nome das terras e povos que nesta Câmara represento, não poderei deixar de juntar algumas outras que a consciência me impõe e a defesa das populações que represento - estou absolutamente certo disso não só espera, mas exige.

Serei tão breve quanto me esforçarei por ser claro e objectivo.

Desenvolver-se-ão as considerações para que desejaria chamar a atenção da Câmara e do Governo, em torno de dois pontos apenas:

Traçado das auto-estradas previstas e o desenvolvimento das regiões marginais.

Verdadeira função de alguns troços das mesmas auto-estradas.

Começando pelo ponto anunciado em primeiro lugar, gostaria de chamar a atenção, de quem de direito, para o perigo em que se incorre de tomarmos as actuais linhas principais de tráfego como linhas naturais, se é que não mesmo fatais, deste.

Com efeito, muitas vezes se ouve dizer, e em não pouca gente se pode ter radicado a convicção de que certas regiões, económica e socialmente menos desenvolvidas,