Sr. Presidente: Por aqui me fico. Mas, ao terminar, não quero deixar de dirigir a V. Ex.ª uma palavra de saudação, que é também uma palavra de apreço e de gratidão, que alastro aos ilustres paires desta Câmara, pela benevolente atenção com que sempre se dignaram escutar-me e até pelo carinho com que sempre acolheram as minhas considerações, tanto mais de realçai- quanto é certo que tantas vezes abusei d n, vossa paciência.

E desejo ainda e finalmente, também aqui deixar uma palavra- fie fé e um sentimento de esperança, em melhores dias para o nosso país, bem como reiterar a minha confiança no actual Governo da Nação, a que preside esse homem de bem que é o Prof. Marcelo Caetano e em quem o povo português acredita com toda a sua força, nele depositando as maiores- e mais bem fundadas esperanças.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Covas Lima: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O assunto desta minha intervenção, aliás muito resumida, com a finalidade de não sobrecarregar mais a Assembleia neste período final de trabalhos, tem interesse não só de ordem económica, mas, fundamentalmente, de justiça social, e necessita de medidas urgentes para a sua solução, ou pelo menos, para diminuir o$ seus irreparáveis e mesmo trágicos efeitos.

Minas e mineiros é um tema tão vasco e complexo a desenvolver e a apreciar que apenas a nossa boa vontade e desejo de justiça social nos levou a, apresentá-lo, pois a competência falta-nos para o abordar como desejaríamos e como na realidade merece.

Desculpem-me VV. Ex.ªs, mas a minha consciência ficará um pouco mais tranquila, desde que consiga chamar a vossa atenção para este problema de tão alto interesse humano e nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E por me parecer oportuno, repito perante VV. Ex.ªs palavras proferidas pelo Sr. Deputado Dr. Leonardo Coimbra, a quem cumprimento e rendo as minhas homenagens, aquando da sessão efectuada nesta Assembleia em 16 de Março de 1966:

Na hora tormentosa em que a Nação é chamada a responder heroicamente às exigências do seu destino histórico, tudo o que conduza à renovação e reestruturação humana e social constitui missão eminentemente digna e profundamente séria e criadora.

A nossa luta na retaguarda será a da reorganização cada vez mais efectiva e fecunda, no lado dos combatentes da primeira linha, que se batem nas frentes onde vertem o sangue e n vida preciosa.

E rio conhecimento de VV. Ex.ªs as dificuldades de toda u ordem com que se debate a agricultura em muitas regiões, devido i pobreza do nosso solo. mas, Srs. Deputados, a riqueza do nosso subsolo é uma consoladora realidade.

E o meu - o nosso Alentejo - é, em parte, um exemplo Frisante deste antagonismo.

Aljustrel, por exemplo, tem os seus jazigos mineiros considerados em terceiro lugar, relativamente aos outros do nosso género existentes no mundo ocidental.

Nesta laboriosa vila parece mesmo estar em vias de organização nova empresa mineira e julgo já estar constituída outra para aproveitamento integral das pirites u extrair.

E para bem destas gentes, deste povo tão bom e trabalhador, o desenvolvimento industrial faz sempre os seus milagres, porque arrasta automaticamente o necessário desenvolvimento das outras actividades.

Assim, e dentro do campo educacional, foi há meses inaugurado pelo nosso par Dr. Gonçalves Proença, então titular da pasta das Corporações e Previdência Social, uma escola de formação profissional, onde a mocidade aljustrelense e das regiões vizinhas poderá adquirir conhecimentos de ordem técnica a donde irão sair operários especializados e competentes.

E junto a esta vila, e isto leva-nos a longas meditações, Srs. Deputados, até as práticas agrícolas, normalmente too tradicionais e conservadoras, quiseram mostrar que sabiam e podiam acompanhar o progresso. E lá temos a barragem do Roxo, que há bem pouco tempo se honrou com a visita do venerando Chefe do Estado, com a irrigação dos seus campos e a sua cooperativa agrícola lotada de uma modelar e moderníssima fábrica de concentrado de tomates e planeando já outros aproveitamentos e outras realizações, em plena laboração com a c comercialização dos seus produtos, praticamente assegurados.

Aljustrel região mineira por excelência, ressurge; a boa gente de Aljustrel espera confiantemente nos melhores dias que estão para vir.

Mas, Srs. Deputados, nem tudo são rosas, pois os espinhos também os há e as desilusões portem surgir de um momento para o outro.

E temos de estar atentos!

Para haver prosperidade numa regido mineira não é apenas necessário haver minério!

É fundamental e imprescindível que existam mineiros!

É fundamental e imprescindível o potencial humano!

E por isso toma-se indispensável proteger, apoiar -, dignificar estes obscuros, mas abnegados e heróicos trabalhadores, que são os mineiros do nosso país!

O Sr. Leal de Oliveira: - Muito bem!

O Orador: - E mineiros de Portugal, desta tribuna donde vos falo como representante do povo ao qual me honro de pertencer, eu vos saúdo com admiração, pleno reconhecimento do vosso - extraordinário esforço, o maior respeito pelo vosso trabalho duro e árduo e tão indispensável e valioso para a economia- do nosso país.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados: As empresas mineiras, em regra proporcionando benefícios de ordem social aos seus operários, lutam hoje com imensos dificuldades na admissão do seu pessoal, em especial naquele- recrutado dentro das camadas méis jovens.

A emigração, a qualidade do trabalho, que é árduo e perigoso, fazem com que muitos trabalhadores procurem outras formas, outros sítios para ganharem honradamente o pão dei cada dm, e que a admissão de novo pessoal se processe de maneira difícil.

Mas o mineiro tem amor à sua profissão como nenhum outro operário.

Se vive como mineiro, quer e honra-se de morrer como mineiro!

A sua vida, a seu trabalho, e porque não a sua morte, são exemplos de virtudes, porque tudo dignifica a sua profissão.

Vozes: - Muito bem!