ções financeiras e ao aproveitamento do elemento humano válido.

Esta necessidade de uma guerra eminentemente económica projecta-se na finalidade da acção das instituições e meios de defesa e na sua natureza. Naquela finalidade, importa o afastamento drástico do que não interesse à missão estratégica e à convergência, com exclusivismo de todos os esforços no cumprimento de tal missão. Importa ser-se objectivo. No que respeita à natureza das instituições e meios de defesa, economia não implica, como alguns possam supor, o seu reduzido custo, mas sim a necessidade de baratos ou caros corresponderem a uma relação custo eficácia mínima, isto é, a um rendimento máximo. Neste aspecto, a solução não pode estar, pois, na subdotação financeira dos sistemas existentes, que conduz à sua inoperância, à degradação profissional dos homens e à ruína prematura dos equipamentos; nem pode estar, numa utilização dos mesmos homens, baseada em regras cómodas e uniformes, mas pouco harmónicas com as suas características e a natureza e grau da sua prepar ação. Aqui, a autêntica economia encontra-se na adopção de sistemas novos, progressivos, verdadeiramente rendosos, bem dotados financeiramente, e também no aproveitamento máximo, embora por vezes menos equitativo, da qualificação de cada um. Aqui, rendimento é palavra de ordem. Objectividade e rendimento são os princípios que, sem desvios, devem observar-se na acção estratégica portuguesa relativa à África.

Foram ainda palavras do Sr. General Kaulza de Arriaga, às quais me limito a acrescentar que, com a introdução de algumas técnicas de gestão moderna, talvez possam libertar verbas avultadas que sirvam para aumentar a eficácia do nosso esforço de defesa ou que sejam desviadas para o fomento da economia nacional.

O Sr. Giesteira de Almeida: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça obséquio.

O Sr. Giesteira de Almeida: - Tem ainda outra acção importante, que permite que as pessoas vivam e não sejam assassinadas em todos os cantos e esquinas, como acontecia em Angola quando ainda não havia defesa militar.

O Orador:

2.º Dado que uma grande parte dos gastos com a defesa se destina à compra de equipamentos de todos os géneros, importa que se faça um esforço sério para que estas despesas sejam inseridas no circuito económico português, sugerindo-se para tal uma intensa colaboração de esforços entro os Ministérios da Defesa e da Economia e a indústria metalo-mecânica portuguesa.

O Sr. Roboredo e Silva: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça obséquio.

O Sr. Roboredo e Silva: - Apenas para informar que das muitas dezenas de lanchas de todos os tipos que a Marinha possui ou estão em construção, sòmente a primeira dúzia ou pouco mais foi adquirida no estrangeiro e todas as outras construídas no País.

O Orador: - V. Ex.ª refere-se às lanchas, mas tenho conhecimento de alguns barcos de guerra e submarinos que nos últimos tempos têm sido construídos lá fora.

O Sr. Roboredo e Silva: - Os submarinos não podiam ser construídos em Portugal por falta de técnica e equipamento dos nossos estaleiros para fazer navios tão especializados e delicados. Quanto aos outros navios, os preços nacionais eram na altura muito superiores aos estrangeiros, quase da ordem dos 50 por cento, e nem os créditos concedidos permitiam tal aumento, nem o erário estava em condições de suportar mais esse encargo financeiro.

O Orador: - V. Ex.ª refere-se apenas a armamento e munições, mas há grande parte de material, que suponho de guerra, mas que não é propriamente armamento.

O Sr. Ricardo Horta - Por exemplo?

O Orador: - Motorizados, embarcações e outro material.

O Sr. Ricardo Horta: - A única coisa que me lembro de procedência estrangeira são realmente os transportes aéreos. Mas armamento não. A maior parte dos automóveis empregues no nosso país são importados.

O Orador: - Não conheço propriamente a indústria militar, mas apenas a indústria metalo-mecânica, que se queixa de não haver coordenação e planificação. Há embarcações que não são feitas no nosso país, mas há coisas que talvez pudessem ser planificadas e feitas no nosso país.

O Sr. Roboredo e Silva: - Julgo que o Sr. Deputado se estará referindo à minha apreciação sobre a Lei de Meios. Se assim é, eu recordo que disse que a luta pela defesa das populações e integridade do território nacional nos custava muitos sacrifícios e pesados encargos, mas que felizmente nem tudo era em pura parda; muito se recuperava em bens materiais e valores humanos, e não hesito em o reafirmar.

O Sr. Vasconcelos Guimarães: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Vasconcelos Guimarães: - Permito-me lembrar a V. Ex.ª que no domínio da contribuição para a economia nacional se não pode nem deve esquecer o trabalho que há largos anos se efectua- nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, onde é revisto e reparado todo o material de voo da Força Aérea. O nível técnico atingido, que só é de louvar, é tal que permitiu àquelas Oficinas obter contratos vantajosos para manutenção e reparação de aviões de outras forças aéreas, nomeadamente da dos Estados Unidos da América.

É, sem dúvida, um contributo apreciável, quer no aspecto económico-financeiro, quer no aspecto técnico.

O Orador: - Quero esclarecer os Srs. Deputados que não ponho em dúvida que já há bastantes coisas feitas em