cabido que a Assembleia se pronuncie imediatamente sobre a sua adesão ou não a ela. Neste sentido peço àqueles Srs. Deputados que se associem e apoiem a proposta do Sr. Deputado Santos e Castro que se conservem sentados como se encontram e os que a ela se não associem tenham a bondade de se levantar.

O Sr. Alberto Meireles: - Sr. Presidente: Requeiro a V. Ex.ª que a votação se faça de pé em relação àqueles que queiram aprovar a proposta.

O Sr. Presidente: - Satisfazendo o requerimento do Sr. Deputado Alberto Meireles, peço que se levantem os Srs. Deputados que queiram aprovar a proposta do Sr. Deputado Santos e Castro e os que a ela se não associem se conservem sentados.

Submetida a proposta à votação, foi aprovada por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Oportunamente será dada nota à Presidência do Conselho do voto da Assembleia.

O Sr. Barreto de Lara - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A uma formação desde sempre comedida e avara à prodigalizarão de elogios sobreponho hoje, Sr. Presidente, um imperativo de consciência. Daí a justificação às palavras com que antecedo as minhas considerações.

Sr. Presidente: Tornou-se coisa tão fácil e corriqueira o elogio que se lhe prostituiu o sentido arrastando-o ao lugar-comum, à banal vulgaridade. Daí que hesite sempre em fazê-lo. Mas a verdade, Sr. Presidente, é que não posso fugir a proferir as palavras que daqui hoje lhe dirijo e que me são impostas não já só por espírito de justiça, mas ainda e também por fundada esperança.

Justiça, por reconhecer a lucidez e a firme benevolência, a que nem sequer falta a indispensável autoridade, com que V. Ex.ª vem a dirigir os trabalhos da Câmara. De espírito sadio e aberto, imprime-lhe V. Ex.ª uma marca austera de sereno respeito pelas pessoas e opiniões, expressadas estas por cada um na mais absoluta liberdade.

De esperança que assim se continue, pois também só assim se propicia clima a um trabalho útil, em prol da terra de todos nós.

E no momento em que o País inicia uma «era nova», e quando todos os olhos da Nação e até da estranja estão postos nesta «jovem Assembleia», a Presidência de V. Ex.ª é logo causa e sinal de prestígio. E muito orgulho tem esta Câmara em que o seu primeiro acto fosse exactamente o acerto da escolha do seu Presidente.

É V. Ex.ª, pois, assim, o verdadeiro Presidente da Assembleia Nacional, de facto, de direito e de moral.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Era meu firme e deliberado propósito não ter uma intervenção activa enquanto, ao menos, numa terra onde é incipente a prática parlamentar, se me não amadurecesse a convicção. Factos posteriores e de assinalável relevo forçam-me já a uma tomada de posição, clara, firme e

decisiva. E de modo algum podia deixar de o fazer.

O ultramar, meus senhores, e mais propriamente a guerra do ultram ar, tem sido nas intervenções da Assembleia o ponto alto das discussões. Poucas terão sido, na realidade, as intervenções dos Srs. Deputados que, de uma forma ou de outra, se lhe não referissem. E não falo já da última campanha eleitoral, pois que quando se pretendia criticar o Governo logo se falava da guerra no ultramar.

À guerra do ultramar se recorria quando se queria defendê-lo. Guerra se lhe chama. Luta lhe chamo eu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Luta contra desordeiros que, despidos de nacionalismos e a soldo de interesses de outrem, só pretendem espalhar a fome, a morte, a desordem.

Luta contra grupos de desordem, luta pela ordem.

Grupos que pretendem justificar-se e justificar a sua sanha de ferocidade arvorando a bandeira da liberdade. Clamando pela independência de Angola! Independência de Angola!

Quando todos sabem, e eles próprios mais do que ninguém, que não há uma Angola para ser independente na forma e modo como esses grupos anunciam. Pois que Angola só é Angola enquanto tiver os Portugueses por denominador comum. Só os loucos, os ignorantes ou, pior que tudo, os de má fé poderão dizer que os Quiocos, os Mucubais, os Cunhamas, os Mucuisses formam uma nação e que estão todos unidos sem tribalismos, sem divergências rácicas, num ideal pátrio comum da independência, de uma Angola que foi só criação dos Portugueses.

Vozes: - Muito bem!

sobrevivência.

Por isso eu dizia que Portugal não está em guerra nas suas províncias ultramarinas. Está em paz, e para assegurar a paz e a ordem que permita o desenvolvimento e o progresso.

E o que acontece não é uma guerra, mas uma luta contra bandoleiros estimulados, subsidiados e albergados além-fronteiras. Pois teremos, portanto, de garantir a paz, de procurar o sossego para avançar e progredir, de proteger vidas, de defender valores materiais e imateriais. E .ainda o futuro nos há-de dizer se os hospedeiros desses elementos de desordem não terão, eles próprios, ocasião de se arrependerem, e não verão, em mercê desse albergue, em perigo a sua própria sobrevivência como nações independentes.

Meus senhores: Nem fizemos a guerra, nem procuramos a guerra, nem fomentamos a guerra. Apareceu-nos fronteiras adentro, como uma fatalidade, movendo a desordem, o assassínio, o incêndio, o roubo, a barbárie.

A provocação à luta. E quê fazer? Voltar-lhe as costas e abandonar aqueles que há séculos em nós acreditam?

Não há assim uma guerra! Mas a verdade é que estamos empenhados. numa luta à luz

dos mais altos va-