O Orador: - Então porque é que V. Ex.ª diz que sofreu mais do que eu?

O Sr. Barreto de Lara: - Eu estou a dizer que sofri.

O Orador: - E eu também.

O Sr. Barreto de Lara: - Mas eu sofro há quatro gerações, como dizia ontem.

O Orador: - V. Ex.ª sofre há quatro gerações? Quer dizer, sofreu por antecipação.

O Sr. Barreto de Lara: - Exactamente, por antecipação.

O Orador: - Eu por antecipação não sofri.

O Sr. Barreto de Lara: - Vou herdando isso.

Até já fui considerado português de segunda linha, calcule V. Ex.ª, já foram fechadas as escolas militares P naval aos homens do ultramar.

O Orador: - E o Sr. Deputado não se considerou sempre português da primeira linha?

O Sr. Barreto de Lara: - Eu gostava de lhe responder, mas prefiro não o fazer.

Que sou portuguesão sou. Agora o resto deixá-lo-ei para outra oportunidade.

O Orador: - Aguardemos a oportunidade que o Sr. Deputado Barreto de Lara dê a sua opinião sobre se é português de 1.ª, 2.ª ou 3.ª linha.

O Sr. Barreto de Lara: - Com certeza, mas não é V. Ex.ª que me julga.

O Orador: - Eu? Nem sou juiz.

O Sr. Barreto de Lara: - V. Ex.ª tem julgado aqui o portuguesismo de muita gente segundo uma matriz muito particular que às vezes me tem impressionado embora me tenha calado.

O Orador: - Em todo o caso, sem o portuguesismo dos portugueses da metrópole, onde estaria V. Ex.ª e as suas quatro gerações?

O Sr. Barreto de Lara: - Onde? Eu lhe digo Sr. Deputado Casal-Ribeiro, estávamos ...

O Orador: - Pronto! Eu já não lhe dou mais a palavra, já não o deixo interromper mais, porque nesta altura já não sou liberal. As vezes não o têm sido para comigo, porque é que eu o hei-de ser.

O Sr. Barreto de Lara: - E o defeito de se variar consoante os ventos.

O Orador: - Ah! Eu é que ando ao sabor do vento? V. Ex.ª tem a coragem de me dizer que ando ao sabor do vento, sobretudo ao sabor do vento político. Olhe que esta tem graça.

O Sr. Barreto de Lara: - Eu refiro-me ...

O Orador: - Pronto. Sr. Deputado, acabou-se.

O Sr. Barreto de Lara: - Acabou-se o liberalismo.

O Sr. Sá Carneiro: - Muito bem!

O Sr. Barreto de Lara: - Muito bem!

daquela província de 1900 a 1904, quer dizer, aquando do levantamento que ficou na história como «Companha do Bailundo». Doente, já muito doente, acompanhou - com a rara noção do dever que possuía - as tropas que lutaram e venceram essa luta, imposta pela tribo então revoltada. Regressado à metrópole, no fim do seu mandato, morreu com quarenta e poucos anos, por razões ligadas à doença que em Angola contraíra e de que não se quisera curar, para estar sempre presente em momento crucial da história da província que lhe fora confiada.

Esse pequeno monumento e a medalha de ouro da rainha D. Amélia atestam a sua dedicação e a sua vontade de servir. É um exemplo que, naturalmente, guardo dentro do meu coração.

O outro exemplo, o mais doloroso e o mais triste, aquele que permanentemente me acompanha conhecem-no já VV. Ex.ªs

Tenho, portanto, em África algum esforço, muitos lagrimais, o meu próprio sangue e o exemplo de um venerado!

Talvez estes factos, não o nego, influam na minha intransigência e na minha emoção quando se fala do ultramar, da sua defesa e da necessidade, para continuidade da Pátria, de que ele esteja tal como o ambiciono: cada vez mais integrado na comunidade que constituímos