em 1966 e de então para cá nada mais foi. E, no entanto, desde 1961 (coincidência terrível), a nossa juventude marcha para a guerra. O que fora organização impecável e absorvente, o que fora mística criadora em tempos de paz, é hoje, em tempos de guerra, uma apagada tristeza. Foi-se de cedência em cedência, no receio estimulado do parece-mal; perdeu-se a política da juventude por acanhamento; fala-se, mas apenas se fala, em nova política da juventude. E, entretanto, os que foram feitos ao calor de uma política nacional da juventude, na formação e preparação do autêntico homem português, passaram já pelas frentes africanas de combate. São hoje a retaguarda. Cumpre-lhes o mesmo dever, acrescido daquele outro de não deixar ir para a guerra, mais desamparada e menos preparada, a juventude de hoje.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Estas palavras, talvez fora de moda, que não das realidades, tinha eu de as dizer hoje aqui, pareçam mal a quem parecerem, exactamente hoje, porque se os factos têm corrido de outra feição, na descuidada maneira da nossa temperança, daqui a poucos minutos seria discutida em plenário a substituição do artigo 56.º da nossa Constituição Política, cujas palavras são estas: «O Estado promove, protege e auxilia instituições civis que tenham por fim adestrar e disciplinar a mocidade em ordem a prepará-la para o cumprimento dos seus deveres militares e patrióticos.» A proposta do projecto n.º 6/X era de que estas palavras, em que o Governo não achou oportuno mexer, nem a Câmara Corporativa, nem a nossa comissão eventual, fossem substituídas pelas seguintes: «Os serviços do Estado, as autarquias locais, todas as outras pessoas colectivas de direito público e as instituições ou empresas privadas têm o dever de concorrer para a mobilização dos recursos nacionais e para a preparação da defesa, em especial no que respeita à defesa civil e à protecção dos bens localizados em território nacional.»

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Peço a V. Ex.ª o favor de não se ocupar, no período antes da ordem do dia, de matérias que poderiam pertencer à ordem do dia, se nela ainda estivessem sujeitas a discussão.

O Sr. Mota Amaral: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Não restabeleçamos precedentes que já têm merecido «não apoiados», quando utilizados por outros Srs Deputados; é melhor mantermo-nos dentro das regras regimentais.

Pedirei a V. Ex.ª o favor de não comentar projectos, que a Assembleia resolveu não discutir e que, de qualquer maneira, não seriam para ser discutidos no período antes da ordem do dia.

O Orador: - Naturalmente tenho de acatar o pedido de V. Ex.ª, Sr. Presidente, mas lastimo profundamente que o fecho do meu discurso tenha ficado prejudicado.

Passo, portanto, à frente o apontamento que aqui tinha e no qual eu iria dizer que me parecia que se estava a querer pôr um remate num longo processo de enfraquecimento das forças vitais da Nação, com vistas ao seu futuro.

Passando, pois, adiante:

O Sr. Prof. Marcelo Caetano, em discurso recente, referindo-se às características da guerra subversiva, disse o seguinte, a repisar o que dissera em discurso anterior:

A guerra subversiva, em vez de procurar ocupar territórios e de travar batalhas campais, tem como fito a desmoralização das populações, acompanhada da infiltração de uma propaganda capciosa que primeiro abale os espíritos nas certezas adquiridas, depois aproveite as dúvidas para criar a instabilidade e o descontentamento até, finalmente, conquistar larga audiência e apoio que destrua os reflexos da defesa e a vontade de combater, conduzindo pela renúncia a capitulação. Ova, nesta guerra não há frente nem retaguarda. A frente está em todos os sítios e em todos os momentos em que o adversário procura instilar as suas ideias derrotistas, preconizando o abandono do ultramar, incitando mancebos em idade militar à emigração ou soldados à deserção, insinuando que está ultrapassado o amor à Pátria ou que já não tem cabimento a ideia de Nação, minando até nas escolas oficiais o moral da juventude e pregando, em palavras doces ou em cantatas nostálgicas, uma paz desvirilizada, feita d e cobardias e de cedências perante todas as reivindicações mais atrevidas ou os ataques mais audaciosos. A capitulação perante tais combatentes não conduz à paz, mas u, submissão...

Vozes: - Muito bem!

O Orador:

... Submissão de escravos, por que o mundo continua a ser dos que lutam. Ai dos que deixam cair os braços a sonhar com paraísos utópicos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois, Sr. Presidente do Conselho, se V. Ex.ª sabe que é assim, porque assistimos de braços caídos ao desmoronar de uma política de juventude que o teve por chefe responsável e incontestado?

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Correia da Cunha.

O Sr. Correia da Cunha: - Sr. Presidente: Não pretendo fazer uma declaração de voto. Nesta Assembleia considero-me responsável, perante a minha consciência e o juízo dos meus eleitores.

Pedi a palavra apenas para esclarecer o Sr. Deputado Almeida Cotta.

Disse S. Ex.ª ontem que aceitava não constituírem alguns Deputados nem um grupo nem um partido, ainda que estranhasse a sua singular solidariedade ...

Não creio que essa estranheza se justifique ...

Mal iria este País, se, num grupo tão amplo de representantes da Nação, não tivesse sido possível reunir, ainda que com certo esforço, a minoria que aqui representamos.

Nenhum de nós mudou, reparai bem!

Somos como éramos. E continuaremos a ser como somos. E isso sim, Sr. Deputado, aceito que seja considerado singular nesta Câmara.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, chamo a atenção de V. Ex.ª pana a grave interpretação a que as últimas palavras o sujeitam.

Pois V. Ex.ª faz uma declaração de constância, que considera singular nesta Câmara. Permito-me sugerir-lhe