Teve o Presidente da República do Malawi, Dr. Kamuzu Banda, palavras de simpatia para com o nosso país, não hesitando, na abertura da nova sessão legislativa do Parlamento e na presença do Ministro português, em reafirmar as relações de amizade que tem mantido e continuará a manter com Portugal e outros territórios vizinhos, apesar do desacordo das nações africanas, que não aceitam a política de paz e entendimento e preferem a guerra e a subversão.

Embora estes factos sejam do conhecimento público, não quis deixar de os salientar, nesta Assembleia, pondo em relevo a atitude firme, esclarecida e realista do ilustre Presidente da República do Malawi, na prossecução da única política que serve, verdadeiramente, os interesses e o bem-estar dos povos de África.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Em curto espaço de tempo, doas ilustreis membros do Governo Português, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Rui Patrício, e o Ministro do Ultramar, Prof. Silva Cunha, depois de terem estado, mais uma vez, mas províncias de Angola e de Moçambique, visitaram, respectivamente, a lírica do Sul e o Malawi, encontrando-se também, neste momento, no nosso país um Ministro da Suazilândia, o que é prova evidente de que estamos sempre dispostos a dialogar e a colaborar com os países vizinhos.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - A este propósito, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Rui Patrício, na sua recente visita à República da África do Sul: «O objectivo de Portugal é colaborar com todos os seus vizinhos, mesmo com aqueles com quem não mantém relações diplomáticas ou que mão estão de acordo com a nossa política. Como exemplo, citou o acto de os caminhos de ferro portugueses serem utilizados por esses vizinhos.

Afirmou ainda o ilustre Ministro, em entrevista concedida ao Diário de Luanda, que «baseamos a nossa política em África ma colaboração económica, e, outra, em relações de boa vizinhança e aceitando a política própria de cada país».

E acrescentou acerca do tão discutido diálogo com os países Africanas:

Há muito tempo que preconizamos esse diálogo, reconhecendo que no munido contemporâneo só em paz podem coexistir regimes diferentes.

Sr. Presidente: Eu penso que alguns países africanos estão agora a compreender a vantagem das relações mútuas e é com satisfação que noto que há vezes que se erguem nesse sentido em África, o que, alguns mais atiras, não era possível.

Agora, porém, vê-se que as realidades se impõem, realidades essas que eram propositadamente ignoradas ou mesmo negadas por centos extremistas que procuravam dominar a cena política africana.

Entretanto, nos territórios portugueses de África temos demonstrado que o dialogo é possível, na colaboração e cooperação que oferecemos aos países vizinhos, com estrito respeito pelas suas políticas internas, com o que muito tem beneficiado as diferentes populações.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Observadoras imparciais estrangeiros, que ultimamente tem visitado os territórios do ultramar português, têm testemunhado os êxitos que nos campas social e económico vimos conseguindo, apesar das dificuldades que nos tem sido impostas, o que nos permite encanar o futuro com optimismo.

Está nas nossas mãos construir esse futuro com determinação e confiança, e o tempo, que é mestre da vida. virá, decerto, em nosso favor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A oradora foi cumprimentada.

O Sr. Roboredo e Silva: - Sr. Presidente: Apraz-me usar da palavra porque vou elogiar com justiça. Não sou normalmente muito dado a incensar, até porque penso que o cumprimento do dever é obrigação geral e assim quem o cumpre não faz mais do que ser honesto nos seus procedimentos e ter recta consciência.

Todavia, e como nas tomadas de contas relativas a 1968 e a 1969 fiz algumas considerações a respeito da nossa marinha mercante, que em relação às contas de 1968 foram até pouco agradáveis, criticando a mediocridade da nossa marinha de comércio além de outras deficiências e consequentes prejuízos para a economia nacional e ligações com o ultramar neste país marítimo por excelência, não poderia nem devia ficar agora calado.

Certamente todos VV. Ex.ªs tomaram conhecimento de que anteontem, dia 5, teve lugar a visita do Sr. Presidente da República ao Roçadas, novo navio de carga geral de 16 700 t, recentemente adquirido pela Empresa Insulana de Navegação.

O Sr. Ministro da Marinha aproveitou a oportunidade para fazer o ponto da situação actual da nossa frota mercante, indicando que nos últimos três anos foram adquiridos 21 navios de vários tipos e características, desde navios de carga geral, a carga a granel, transporte de vinho a granel, frigoríficos, petroleiros e butaneiros, num total de 330 000 t.

Frisou no mesmo discurso que no ano corrente o Chefe do Estado visitara já quatro navios integrados na marinha de comércio.

Afirmou ainda o Ministro da Marinha que presentemente se encontram em construção em estaleiros estrangeiros nove unidades: três petroleiros para a Soponata, dois navios de carga a granel para a Sofornar, dois de carga geral para a Sociedade Geral e dois frigoríficos para a Transfruta, num total de quase meio milhão de toneladas.

Os navios adquiridos e encomendados, nos últimos três anos, representam um investimento da ordem de cinco milhões de contos, o que para a modéstia da nossa economia é digno de relevo.

O Sr. Alberto de Alarcão: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Alberto de Alarcão: - Eu apenas desejaria solidarizar-me com V. Ex.ª no que respeita exactamente à expansão e modernização da nossa frota mercante.

Muito obrigado.

O Orador: - Muito obrigado sou eu, Sr. Deputado.

Deduz-se dias considerações do Ministro que há planos dos armadores para futuras aquisições e que só a Soponata, como já foi revelado, prevê a construção de seis navios