Assim, parece-me que a construção e equipamento de escolas e cantinas subsidiadas em toda a província e a formação de professores e monitores escolares em larga escala, através da criação de escolas do magistério primário, pelo menos, em Nampula, Porto Amélia, Quelimane e Tete, constituem a base imprescindível para a arrancada decisiva no campo da escolaridade obrigatória.

Deseja-se, outrossim, que a frequência do ensino primário seja imposta, ainda que coercivamente, se necessário, mesmo que, para tal, aos pais sejam aplicadas sanções. Todavia, como é possível tal procedimento sem escolas nem professores em número suficiente?

O anacrónico tempo da escola à sombra de um cajueiro velho ou de uma mangueira centenária está definitivamente ultrapassado.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, quero aqui vincar bem a necessidade de se criarem quadros únicos do ensino em Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando um professor, encontre-se onde se encontrar, puder concorrer, sem necessitar de pedir a exoneração do lugar que ocupa, para a isolada Macomia, para a histórica ilha de Ibo, para Angola, para Macau ou para Timor, como o faz para uma das escolas da capital do País ou para um lugarejo escondido entre as penedias de Trás-os-Montes, estaremos no caminho da efectiva integração que tanto desejamos e teremos dado um passo larguíssimo no sentido da instrução e formação de todo o povo português.

Os Srs. Ávila de Azevedo e Veiga de Macedo: - Muito bem!

remamente rica e de importância fulcral na contenção do terrorismo em parte dos dois distritos mais setentrionais.

Esta barragem não só viria a garantir energia eléctrica a preços compensadores aos distritos de Moçambique, Niassa e Cabo Delgado, abrindo-lhes novas e mais amplas perspectivas económicas, como proporcionaria a possibilidade de irrigação de terrenos fertilíssimos e a lógica fixação das populações que hoje vivem dispersas, limitando-se a míseras culturas rotineiras, sem qualquer espécie de influência positiva na economia da região.

A barreira humana ali erguida tornaria inúteis todas as tentativas de infiltração subversiva. Eis como à guerra responderíamos com a paz e à destruição com o progresso e o bem-estar. Porque, não nos iludamos, esta guerra tenebrosa não a ganharemos só com armas. Estas mantêm em respeito o inimigo e protegem as populações indefesas. Mas a vitória, essa só a alcançaremos através de um povoamento estratégico (lapidarmente def endido por Pequito Rebelo, entre outros) orientado para a elevação do nível cultural, técnico e económico das populações. A Câmara de Nampula, de que tive a honra de pertencer, vê-se a braços com a carência de energia, pois aos constantes e dispendiosos aumentos da sua central eléctrica corresponde um acréscimo muitíssimo maior das necessidades de uma cidade que está a atrofiar-se por falta de estruturas básicas, muito particularmente de electricidade.

A construção da barragem do Lúrio seria a grande solução para este problema (semelhante, porventura, em Porto Amélia e Vila Cabral), que tem de enfrentar-se com dinamismo, com o sentido claro das realidades e a pensar no futuro.

Sem energia eléctrica em quantidade e a preço acessível, o parque industrial nampulense continuará a ser apenas um humilde sector oficinal.

E, já que falei em Nampula, insisto mais uma vez na urgência de a preparar para capital político-administrativa de Moçambique.

O Sr. Barreto de Lara: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Barreto de Lara: - Eu queria cumprimentar V. Ex.ª e dar-lhe uma achega, porque, realmente, a sugestão da mudança da capital de Lourenço Marques para Nampula a considero uma medida de largo alcance político, bem como a da transferência da capital de Luanda para Nova Lisboa. Direi até da capital do País para Nova Lisboa, visto que Angola não só é o mais vasto e rico território nacional, mas também se situa no centro geográfico de todo o País.

Vim, pois, colocar este apontamento e dar esta achega e esta ajuda às judiciosas palavras de V. Ex.ª

O Orador: - Muito obrigado pela achega que o Sr. Deputado Barreto de Lara acaba de me prestar.

Esta decisão impõe coragem, para vencer oposições filhas de interesses particulares, para superar críticas nem sempre honestas, para vencer estatismos e inércias, receios e temores infundados.

Se pretendemos vencer a guerra que de fora nos moveram, há que pensar e agir serena mas resolutamente, rumo ao Norte imenso e ao interior desabitado, onde se travará a grande, a decisiva batalha do progresso e do futuro.

Levemos a capital de Moçambique lá para Nampula, cidade que alguém apelidou, em hora inspirada, de «Portal do Norte».

Transformemos esse portal em muralha inexpugnável que há-de impor-nos ao respeito e à consideração das nações bem intencionadas do mundo e até ao espanto dos ferozes inimigos, que nos hão-de olhar boquiabertos: e confundidos. Lá, no limiar desse Norte imenso e estuante de riquezas inexploradas, onde se morre e vive por Portugal, havemos de forjar uma vitória honrosa e digna e um futuro cheio de ridentes sucessos.