há dúvida que há uma estruturação por fazer de todos os problemas do ensino e seria de desejar - como todos nós desejaríamos - que o Ministro da Educação se deslocasse àqueles arquipélagos para estudar o conjunto dos nossos problemas.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Agostinho Cardoso: - No ensino primário, nos temos o problema das escolas que ficam distantes, das residências para professores e da dificuldade de chegar lá, cada manhã de chuva, que sentem os professores que tem de morar longe.

No ensino secundário, temos o problema das bolsas de estudo para os alunos que moram muito longe dos centros ou para os colégios e liceus que poderiam ser instalados na periferia.

Ainda temos o problema dos institutos politécnicos, que agora vão começar e que tanto interessava para as ilhas.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Agostinho Cardoso: - Temos também o problema da Universidade, continuando o ensino universitário a ser privilégio de três cidades privilegiadas, passe o pleonasmo, de Lisboa, Porto e Coimbra.

Não é fácil pensar-se que haja cursos universitários nas ilhas dentro de um certo tempo, mas os nossos estudantes universitários têm de vir fazer o exame de admissão a Lisboa, Coimbra ou Porto. Nem sequer se conseguiu o que se fazia outrora em relação ao ultramar antes dos Estudos Gerais e das Universidades ultramarinas: que se desloque uma brigada de professores às ilhas para fazer es exames de admissão às Universidades ou que estes sejam feitos por via de prova escrita e classificados na metrópole.

Não há qualquer espécie de auxílio aos estudantes universitários, nem viagens pagas e nem descontos importantes, além dos que a TAP lhes dá. Não há qualquer espécie de protecção aos estudantes universitários das ilhas e, todavia, nós temos uma situação difícil. E, sobretudo em relação à Madeira, como aos Açores, aliás, o surto de turismo que se avizinha obriga a infra-estruturas. Mas, para além das infra-estruturas económicas, há uma infra-estrutura educacional a fazer e que é muito importante.

Muito obrigado a V. Ex.ª

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado Agostinho Cardoso, pela sua valiosa achega, e quero dizer-lhe que comungo inteiramente das suas palavras e das aspirações do arquipélago da Madeira.

Quero dizer ainda mais. V. Ex.ª já tem muitas coisas e, pelo menos, tem uma coisa que é essencial: na Madeira, ao menos, já há a 5.ª e 6.ª classes. No meu distrito, ainda lá não chegou, coisa que já devia estar em todo o País. Ainda não chegou a 5.º e 6.ª classes ao distrito de Angra do Heroísmo!

O Sr. Casal-Ribeiro: - Talvez com a criação de Estados tudo se resolva.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ainda neste campo de ensino, seja-me permitido mais um comentário: os alunos do ultramar e que estão na metrópole frequentando cursos superiores têm as suas passagem de ida e volta pagas. Os das ilhas apenas um desconto de 20 por cento concedido pelas transportadoras. Como vê, Sr. Deputado Barreto de Lara, continuamos a não ser ultramar...

Não será isto uma discriminação e um tratamento tão desigual! Eu sei que é tudo uma questão de dinheiro. Mas não será possível ao Governo evitar que tão incompreensível situação se mantenha?

Sr. Presidente: É de todos conhecido que os Açores são ilhas onde o grau de pluviosidade é bastante alto. De uma maneira geral, chove ali muito intensamente. A atestá-lo, as esplendorosas lagoas que sã observam em várias ilhas e que nalgumas até constituem grande cartaz de atracção turística. Pois bem, no distrito de Angra o problema da luz e da água ainda continua a ser grave.

E se é certo que quanto ao primeiro já há solução à vista, o mesmo já não se poderá dizer quanto ao da água. Há freguesias da maior importância e em que os seus habitantes tem de andar muito para conseguir um pouco daquele precioso líquido. Isto é quase inadmissível em ilhas, graças a Deus, tão ricas em nascentes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há promessas há longos anos de projectos que se estão a fazer, ninguém sabe onde, e os quais nunca estão concluídos, pois então, e só então, se conseguirá a tão almejada comparticipação. E, entretanto, os anos vão seguindo uns atrás dos outros e aquela pobre gente continuará pacientemente passando tormentos para conseguir uma gota de água! Que havemos de chamar a isto?!

Os Açores, como é do conhecimento geral, não têm televisão. Tão cedo aquele extraordinário meio de comunicação ali chegará. Contudo, não há ninguém naquelas ilhas que não possua um rádio. Ali existem também dois emissores particulares, além de um emissor regional, e que prestam relevantíssimos serviços ao arquipélago. Isso é reconhecido por todos.

A Emissora Nacional ouve-se ali normalmente em más condições, especialmente agora no Verão, poderei até acrescentar em péssimas condições. Os ruídos e as interferências são de tal ordem que a tornam quase inaudível. Entretanto - e como já uma vez aqui disse -, Rádio Argel, Rádio Moscovo, B. B. C., etc., fazem-se ouvir maravilhosamente. O Rádio Clube de Angra, uma das emissoras locais, e que por ser de toda a gente não é de ninguém senão dos Açores, e que tão grande colaboração tem dado sempre ao Governo, pretende desde há muito aumentar substancialmente a sua potência. Para isso - e caso singular - não pede dinheiro, nem subsídios, nem ajudas. Apenas deferimento dessa velha pretensão.

Pois, esquecendo-se que nós somos ilhas, que não temos televisão, que a Emissora não se ouve em condições, esquecendo-se de tudo isso, nunca foi possível, até hoje, conseguir-se o tão almejado aumento de potência. Porquê? E até quando?