José Coelho de Almeida Cotta.

José Gabriel Mendonça Correia da Cunha.

José João Gonçalves de Proença.

José Vicente Cordeiro Malato Beliz.

Júlio Dias das Neves.

Lopo de Carvalho Cancella de Abreu.

Luis António de Oliveira Ramos.

D. Luzia Neves Pernão Pereira Beija.

Manuel Elias Trigo Pereira.

Manuel de Jesus Silva Mendes.

Manuel Joaquim Montanha Pinto.

Manuel Monteiro Ribeiro Veloso.

Manuel Valente Sanches.

Maximiliano Isidoro Pio Fernandes.

Pedro Baessa.

Prabacor Baú.

Rafael Ávila de Azevedo.

Ramiro Ferreira Marques de Queirós.

Rogério Noel Peres Claro.

Rui de Moura Ramos.

D. Sinclética Soares dos Santos Torres.

Teodoro de Sousa Pedro.

Teófilo Lopes Frazão.

Tomás Duarte da Câmara Oliveira Dias.

Vasco Maria de Pereira Pinto Costa Ramos.

Victor Manuel Pires de Aguiar e Silva.

O Sr. Presidente: - Estão presentes 66 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Eram 11 horas e 35 minutos.

ntes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Informo VV. Ex.ªs de que porei em reclamação, na sessão da tarde, o n.º 123 do Diário das Sessões.

Deu-se conta do seguinte

Exposição de professores dos três ramos do ensino secundário acerca da sua situação.

O Sr. Presidente: - Enviado pela Presidência do Conselho, encontra-se na Mesa, para cumprimento do disposto no § 3.º do artigo 109.º da Constituição, o n.º 167 do Diário do Governo, de 17 do corrente, que insere os Decretos-Leis n.º 311/71, que autoriza a cunhagem de uma moeda de prata de valor facial de 50$ comemorativa do 1.º centenário do nascimento do marechal António Oscar de Fragoso Carmona, e 313/71, que autoriza o Fundo Especial de Transportes Terrestres a contrair na Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência um empréstimo de 175 000 000$ para ser aplicado no financiamento de investimentos ferroviários (C. P.) previstos no III Plano de Fomento.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Malato Beliz.

O Sr. Malato Beliz: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como ontem referiu nesta Câmara o Sr. Deputado e ilustre colega Alarcão e Silva, com total oportunidade

e perfeito sentido das realidades, o falecimento do Prof. Engenheiro António de Sousa da Câmara, ocorrido há dois dias, constituiu não só tremendo golpe para a agronomia portuguesa, mas também perda de grande vulto para a ciência em geral. E porque não abundam por esse mundo além as figuras de eleição como era a do ilustre extinto, atrevo-me a acrescentar mais algumas palavras às que aqui foram proferidas, com a única pretensão de prestar singela homenagem à memória do insigne mestre e notável homem de ciência.

Não tive a felicidade de ser seu aluno, nem tão-pouco os benefícios intelectuais de seu colaborador directo, o que acrescentará ao defeito de evidente ligeireza das minhas palavras a virtude de total isenção.

O Prof. Engenheiro António de Sousa da Câmara foi mestre de agronomia notabilíssimo, mestre com caracteres bem maiúsculos, ao qual os excepcionais dotes de inteligência, de compreensão e de bondade granjearam a entusiástica e respeitosa admiração dos alunos.

As suas raras qualidades intelectuais, os seus profundos conhecimentos científicos e a sua extrema humanidade abriram-lhe as portas de numerosas Universidades e institutos de investigação de vários países. Em quantos trabalhou, com quantos colaborou e até naqueles que orientou deixou bem vincada a sua estatura de cientista de eleição, traduzida na respeitosa e amiga admiração de quantos com ele privaram.

Esses mesmos dotes excepcionais fizeram com que o dinamismo e o esclarecimento da sua acção transcendessem muito a cátedra que ocupava. Daí o apoio da sua clarividente inteligência à acção de governantes e, sobretudo, a partir de determinada época da sua vida, a dedicação total à investigação agronómica em Portugal. Esta ficou-lhe devendo a existência como tarefa organizada e consciente e, sem dúvida, o lançar e o alargar, continuada e firmemente, de créditos além-fronteiras.

O reconhecimento das suas invulgares qualidades de homem e de cientista no estrangeiro trouxeram-lhe um sem-número de solicitações de orientação, colaboração e apoio. Da forma como a elas correspondeu e dos frutos da sua acção falam bem alto as numerosas condecorações e outras distinções honrosas que lhe foram atribuídas por governos e instituições estrangeiras.

Entre essas muitas formas de reconhecimento do seu valor não é certamente honra menor o facto de ter sido director do Laboratório de Citogenética do Instituto José Celestino Mutis, de Madrid, e conselheiro do Conselho Superior de Investigações Científicas do país vizinho.

O seu talento brilhou, ainda, nesta Câmara, como Deputado pelo círculo de Évora durante a V Legislatura. Aqui teve oportunidade de referir, com a profundidade de conhecimento, a inteligência superior e a clareza de conceitos que o caracterizavam, uma vez mais, o problema da investigação científica.

Para além da invulgar dimensão como homem de ciência, António de Sousa da Câmara foi, pela sua simplicidade, um verdadeiro aglutinador de esforços, um autêntico chefe de equipa. Na imensa superioridade da sua inteligência e da sua vastíssima cultura, postas, com a maior simplicidade, ao serviço dos seus colaboradores e das instituições que dirigiu, era, ele próprio, o mais humilde e compreensivo colaborador nos momentos de dúvida ou de dificuldade.

O Sr. Cancella de Abreu: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.