A produção de material lenhoso em verde deve também ter-se elevado em 1970, dado o maior consumo de madeiras nas indústrias de embalagens, construção, celulose e aglomerados. No que se refere a cortiça, dado o carácter cíclico a que está sujeita a sua extracção, o ano de 1970 á de mais baixa tiragem (- 2 por cento que em 1969). Por seu turno, intensificou-se a extracção de resina, estimulada pela alta de preços dos produtos derivados, verificada desde o 2.° semestre de 1968, em consequência de quebras na produção de outros países produtores e simultânea elevação do consumo mundial; admite-se que a produção da última campanha, que está ainda a decorrer, ultrapasse de 6 por cento o volume, já elevado, alcançado em 1969. É difícil prever a evolução para 1971, mas crê-se que será possível conseguir um incremento significativo, se não persistirem as condições de seca ultimamente verificadas. Não pode, com efeito, esquecer-se que a produção agrícola é fortemente condicionada pelas condições climatéricas, não obstante os esforços despendidos nos últimos anos para atenuar os seus efeitos, mormente com a realização de obras de irrigação, melhoramento do solo e substituição de culturas por outras mais adaptadas ao solo e clima.

Designação Média do decénio - 1960-1969 1969 1970- Estimativa Em relação a 1969 Em relação ao decénio de 1960-1969

Cereais ( milhares de toneladas):

Trigo 539,9 451,9 516 +14 -4

Milho 558,4 552,6 591 +7 +6

Centeio 170,8 167,3 149 -11 -13

Arroz 161,3 175,8 198 +13 +23

Legumes e tubérculos (milhares de toneladas):

Feijão 58,2 50,6 49 -3 -16

Batata 1 059,5 1 126,4 1 201 +7 +13

Vinho (milhares de hectolitros) 11 390 8 081,2 9 215 (a)+14 -19

Azeite (milhares de hectolitros) 776,6 790,5 (b) 771 -2 -1

Cortiça(milhares de toneladas) 178,1 188,5 185 -2 +4

Resina(milhares de toneladas) 88,1 93,6 (c) 99 +6 +12

(a) A Junta Nacional do Vinho prevê um acréscimo de cerca de 20 por cento.

(b) Estimativa a partir da azeitona, admitindo funda de 16 por cento.

A falta de mão-de-obra tem contribuído para o decréscimo da área semeada de trigo, nas zonas onde é impraticável a mecanização, mas em compensação, tem-se intensificado a cultura em terras com melhor aptidão.

Simultaneamente, tem aumentado a tonelagem de semente seleccionada distribuída à lavoura, representando actualmente 40 a 50 por cento do total de semente utilizada. Tais factos e o nível excepcionalmente baixo da colheita de trigo em 1969, com insuficiente recuperação em 1970, levam a admitir um quantitativo superior em 1971. Será natural também esperar que, após sucessivas fracas colheitas de uva, devido essencialmente a condições climatéricas pouco propícias, se possa registar maior volume no próximo ano, tanto mais que a vinicultura tem beneficiado de certos avanços das técnicas culturais e se tem fomentado a substituição de porta-enxertos tradicionais por outros de maior rendimento unitário. Por outro lado, o ano de 1971 será de sofra para o azeite. Ora estes três produtos - trigo, vinho e azeite - contribuem em aproximadamente 50 por cento para a formação do produto originado nas produções vegetais e representam cerca de um quarto do produto bruto agrícola, pelo que poderá neste ter repercussão sensível o eventual incremento naquelas produções. Saliente-se, contudo, que tanto a cultura do trigo como a da vinha e da azeitona são das mais sensíveis aos efeitos directos e indirectos dos factores climáticos.

Tem-se verificado excedente da procura sobre a oferta de milho, sendo de esperar um acréscimo de produção, desde que se intensifique o uso de sementes híbridas. Nas áreas dos novos regadios deverá manter-se a tendência para alargamento das superfícies destinadas ao arroz. A área plantada de pomares tem aumentado acentuadamente e a cultura tem beneficiado de técnicas modernas, pelo que se prevê evolução positiva na oferta de fruta fresca, independentemente da influência de factores climáticos. Evolução análoga se espera nas culturas horto - industriais. Entre estas, tem-se salientado a produção