(Variações em percentagem relativamente ao período anterior)

Fonte: Análise Trimestral da Conjuntura, do Secretariado Técnico.

As ilações que possam tirar-se destas variações merecem, contudo, reservas, dada a deficiente estrutura do índice de preços no consumidor em Lisboa, que confere relevo a alguns bens já sem grande significado na escala de preferências do consumidor. Por outro lado, têm de atribuir-se essencialmente a deficiências estatísticas as acentuadas variações evidenciadas pelo quadro anterior no índice das despesas relativas a habitação.

Melhores resultados da produção agrícola em 1970 terão contribuído para o menor incremento nos preços de alimentação. Terão influído também nesse sentido os esforços empreendidos para melhorar as condições de produção e comercialização dos produtos essenciais ao abastecimento público. A informação de que se dispõe a respeito do comportamento dos preços no consumidor em outras cidades do continente além de Lisboa é extremamente insatisfatória, por não estar corrigida das variações estacionais. O confronto que usualmente se faz entre as médias de índices respeitantes a períodos parciais de anos consecutivos pode conduzir a resultados fortemente distorcidos, como já atrás se indicou a propósito dos preços por grosso. Apesar disso, vale a pena observar as percentagens do quadro seguinte:

Índices de preços no consumidor (médias)

(Variações em percentagem)

(a) Variação em relação ao ano anterior.

(b) Variação em relação a Janeiro-Agosto do ano anterior.

Deve ter-se em conta que os aumentos das médias de Janeiro a Agosto de 1970 em relação as do mesmo período do ano precedente podem ser devidos, em grande parte, a subidas verificadas de Setembro a Dezembro de 1969. Mas, mesmo assim, é importante observar que, excluído o caso de Évora, todas as percentagens de acréscimo relativas aos primeiros oito meses de 1070 (última coluna do quadro) são inferiores às verificadas entre períodos análogos de 1969 e 1968 (penúltima coluna do quadro). Verificou-se em 1969 e no 1.° quadrimestre de 1970 variação pouco sensível no volume global de emprego em sectores não agrícolas, conforme se depreende dos índices calculados pelo Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra. Na verdade, declínios de apreciável amplitude nalguns sectores (pesca, indústria extractiva e indústrias alimentares) foram compensados por acréscimos significativos noutras actividades; englobam-se neste último grupo as bebidas e tabaco, vestuário e calçado, mobiliário, indústrias químicas e do petróleo, indústrias metalúrgicas, metalo-mecânicas e de material eléctrico, transformadoras diversas e o conjunto dos serviços.