As previsões formuladas a partir do inquérito da conjuntura realizado pela Corporação da Indústria, em Março passado, indicavam oferta acrescida de emprego, por parte das empresas, pana o período de Abril a Setembro do ano em curso, para todos os sectores da indústria transformadora, particularmente as indústrias de bens de investimento.

Esta maior oferta de emprego, conjugada com o acréscimo de actividade, veio realçar o problema da carência de mão-de-obra qualificada, que tem constituído característica dominante nos últimos anos.

Para fazer face a esta situação, o Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra, através do seu serviço de Formação Profissional, tem promovido e apoiado a formação profissional dos trabalhadores. Entretanto, a insuficiência da oferta de mão-de-obra qualificada, a emigração e o nível das remunerações de alguns sectores têm aumentado a pressão sobre os salários. Os índices de salários profissionais da indústria e dos transportes em Lisboa e Porto denotam incessante crescimento a um ritmo semelhante ao dos últimos anos. A negociação de contratos colectivos verificada ultimamente contribuiu em certa medida para a subida dos salários.

(Variações em percentagem) (a)

(a) Variações em relação ao período anterior

Também a evolução dos índices de salários dos trabalhadores rurais se tem processado em sentido ascendente, a um ritmo que se afigura um pouco mais acelerado que o do ano anterior, embora as informações estatísticas disponíveis não permitam formular uma conclusão segura. Concorreram para tal facto diversos factores, nos quais assume certa relevância a emigração e a transferência da mão-de-obra da agricultura para outros sectores de actividade. E de salientar que a população activa com profissão estimada para a agricultura, silvicultura e caça baixou de 1 058 000 indivíduos em 1965 para 944 000 em 1960, ou seja menos 11 por cento. Esta redução da população activa no sector agrícola e a elevação das remunerações médias, se bem que constituam factor de perturbação transitória, poderão vir a traduzir tendência para o desenvolvimento económico do sector se acompanhadas de conveniente modernização da estrutura e técnicas agrárias.

5 - A formação de capital e o III Plano de Fomento Como já se tem referido em relatórios anteriores, a actividade económica nacional apresentou durante os anos de 1967 e 1968 um comportamento nitidamente insatisfatório do investimento privado, explicado não só por factores conjunturais desfavoráveis, mas ainda por certas dificuldades de índole institucional. Apesar da intensificação que em 1968 se começou a imprimir ao investimento público, sobretudo no domínio da agricultura, dos transportes e dos serviços de educação e saúde, a expansão da formação bruta de capital fixo global processou-se nesse ano, tal como em 1967, a ritmo ainda insuficiente.

Esta evolução determinou, no ano seguinte, uma intensificação das medidas do Governo, destinadas a impulsionar a formação bruta de capital fixo quer através da expansão mais acelerada do investimento público, quer da criação de um conjunto de condições favoráveis à recuperação da formação de capital por parte do sector privado. No ano em curso, esta acção foi consideràvelmente reforçada, com vista a imprimir maior dinamismo ao aumento da taxa de investimento, que, entretanto, teria começado a subir no 2.º semestre de 1969, em particular no domínio dos investimentos industriais. Embora o Instituto Nacional de Estatística não disponha ainda, para o último ano, de elementos sobre as contas nacionais que possibilitem ajuizar da evolução real do investimento, os indicadores de que se pôde dispor permitem concluir por uma expansão a ritmo apreciável. Este pressuposto baseia-se na intensificação dos investimentos públicos, cujo aumento se estima em cerca de 14 por cento e, fundamentalmente, na evolução favorável de outros indicadores, de que se realçam, em especial, a ampla expansão das operações de crédito a médio e a longo prazo e os resultados apurados nos inquéritos efectuados, em Março passado, pela Corporação da Indústria.

Esses inquéritos revelaram uma tendência francamente favorável da indústria nacional de bens de equipamento, cuja produção na amostra inquirida aumentou consideràvelmente no decurso de 1969. Deste modo, no final do ano