Embora as estatísticas dos últimos anos mostrem importantes desvios entre a evolução das importações de máquinas e material de transporte e a dos investimentos estimados nos quadros da contabilidade nacional, é inegável que os valores da importação de bens de equipamento nos primeiros oito meses de 1970 revelam uma aceleração do investimento produtivo.

Os aumentos também elevados das importações de matérias-primas e produtos intermediários constituem um claro indicador do progresso da actividade económica portuguesa no corrente ano. Esses aumentos estarão, em parte, associados a subidas de preços e a elevações de stocks. Por outro lado, eles poderão ter sido provocados, no caso de certos produtos, por estrangulamentos na oferta interna que, segundo parece, surgiram em determinados sectores por causa da insuficiência dos investimentos realizados nos últimos anos. Apesar de tudo isso, é difícil admitir que a expansão pudesse ter sido tão importante sem uma aceleração do crescimento da produção industrial com os seus directos reflexos na utilização de matérias-primas e produtos intermediários.

Em contrapartida, o incremento apreciável das importações de produtos alimentares, que se observa no quadro seguinte, tem um significado diferente. Esse incremento parece traduzir essencialmente as dificuldades sentidas na adaptação da produção agrícola portuguesa à progressão quantitativa e qualitativa do consumo de alimentos.

(Janeiro a Agosto - Milhares de contos)

(a) Não Inclui Importando de diamantes.

Nota. - Definição dos grupos:

A - Secções da C. M. C. E.: I; II; IV;

B - Secções da C. M. C. E.: VI; VII;

C - Secções da C. M. C. E.: XVI; XVII (excepto grupo D);

D - Frigoríficos; aparelhos receptores de rádio e televisão; automóveis de passageiros e mistos;

E - Secções da C. M. C. E.: III; V; VIII; IX; X; XI; XII; XIII; XV; XVIII; XIX; XX; XXI.

Pelo significado que possuem no processo de desenvolvimento e pêlos acréscimos que experimentaram, merecem- particular referência os cereais ( + 199,7 milhares de contos), o petróleo em bruto (+ 884,8 milhares de contos), os fios e fibras têxteis sintéticos ou artificiais (+198 milhares de contos), o ferro em bruto e semitrabalhado (+ 509 milhares de contos), as aeronaves (+ 472 milhares de contos), as máquinas, aparelhos industriais e outro material de transporte (+1589 milhares de contos). Igualmente se refere, pelas reduções substanciais que apresentaram, as importações de amendoim (- 191,2 milhares de contos), de derivados do petróleo (- 126,3 milhares de contos) e de algodão em rama (- 147 milhares de contos).

Haveria o maior interesse em apreciar a evolução dos preços das diversas mercadorias importadas, numa tentativa para apreender as repercussões sobre a economia metropolitana, das tensões inflacionistas manifestadas em muitos países industrializados. Os dados estatísticos disponíveis para esse efeito são notoriamente insuficientes. Vale contudo a pena anotar que, por exemplo, os preços médios na importação da quase totalidade dos produtos metálicos, em bruto ou semitrabalhados, experimentaram acentuados incrementos. Assim, são de citar os agravamentos do valor unitário médio das importações de ferro em bruto e semitrabalhado (+ 5,8 por cento), de folha-de-flandres (+ 12 por cento) e de chapas de ferro e aço (+ 32,5 por cento). Se se excluírem as transacções de diamantes, pelas razões já atrás apontadas, verifica-se que as exportações portuguesas atingiram nos primeiros oito meses de 1970 um valor que excede em 14,3 por cento o do período idêntico do ano passado. Esta taxa foi mais elevada do que as obtidas nos últimos anos, também com exclusão dos diamantes: 9,3 por cento em 1965; 7,1 por cento em 1966; 12,6 por cento em 1967; 10,2 por cento em 1968; e 9,7 por cento em 1969. O resultado conseguido foi, todavia, inferior ao de vários países da área da O. C. D. E., uma vez que as importações e as exportações do conjunto dessa área cresceram, no 1.° semestre de 1970, de cerca de 20 e 17 por cento, respectivamente.

O clima inflacionista que dominou os mercados internacionais provocou também aumentos sensíveis nos preços da exportação de alguns produtos. São de referir especialmente aã subidas registadas nos valores unitários médios das conservas de peixe (+ 11,6 por cento), dos vinhos comuns (+ 32,4 por cento), do pez (+ 41,6 por cento), das pastas químicas para o fabrico de papel (+ 18,4 por cento) e dos têxteis (+ 9,7 por cento).

Observou-se também contracção nas vendas de alguns produtos tradicionalmente exportados, bem como uma insuficiente progressão das exportações de outras mercadorias igualmente importantes no comércio externo da metrópole. No primeiro grupo, e afora o caso especial dos diamantes (- 859 milhares de contos), é de referir, sobre-