A par do agravamento do déficit na balança comercial com a Comunidade Económica Europeia, assinala-se a inversão de sinal do saldo das transacções da metrópole com a E. F. T. A. e com os Estados Unidos da América e Canadá, que, contrariamente ao que se verificara em 1969, se mostrou negativo no conjunto dos oito primeiros meses do corrente ano. Não obstante as dificuldades existentes nos pagamentos interterritoriais, as vendas de mercadorias destinadas às províncias ultramarinas, que no seu conjunto representam mais de um quarto das exportações totais da metrópole, progrediram de 15,1 por cento no período considerado. As compras a essas províncias aumentaram, porém, a um ritmo bastante superior (43,3 por cento). Como consequência, diminuiu substancialmente o superávit a favor da metrópole.

Nas importações originárias do ultramar, constituídas, sobretudo, por diamantes e produtos primários, vegetais e minerais, as mercadorias que evidenciaram maiores acréscimos foram as bananas frescas (+ 43,9 milhares de contos), a farinha e pó de carne (+ 30,6 milhares de contos), as madeiras em bruto (+ 29,4 milhares de contos), o algodão em rama (+ 36,9 milhares de contos) e o sisal em bruto (+ 32,2 milhares de contos).

Por seu turno, nas mercadorias que a metrópole colocou no mercado ultramarino salientam-se, pela expansão registada, os vinhos comuns (+ 45 milhares de contos), as máquinas e material eléctrico (+ 90,6 milhares de contos), os têxteis (+ 31 milhares de contos) e o material de transporte (+ 36 milhares de contos).

8 - Balança de pagamentos da zona do escudo Na sequência da evolução observada nos seta anos anteriores, a balança de pagamentos da zona do escudo evidenciou em 1969 um superávit de 1643 milhares de contos. Este saldo é de menor, volume em comparação com os do triénio de 1966-1968, o que se explica exclusivamente pela evolução das operações de capitais. Tal circunstância não é, porém, muito significativa, atendendo aos factores que a determinaram e, particularmente, às condições anormais que caracterizaram os mercados monetários e financeiros internacionais em 1969.

A evolução da balança cambial do Banco de Portugal ao longo do ano corrente revela um agravamento do saldo até ao final do 1.° semestre, melhorando sensivelmente a partir de Julho, o que leva a admitir que, apesar da aceleração registada, quer no investimento, quer no ritmo da actividade económica - com o acentuado incremento de importações daí resultante -, a balança de pagamentos em 1970 se venha a encerrar sensivelmente equilibrada. Confirma-se, assim, que a situação cambial do País constitui um dos elementos favoráveis à expansão do produto nacional, desde que a iniciativa empresarial se mostre capaz de a aproveitar de modo conveniente. Contrariamente a certas ideias que, por vezes, se têm exprimido, não se reconhecem razões de interesse nacional que aconselhem, nas circunstâncias actuais, a sucessiva acumulação de importantes saldos positivos da balança de pagamentos, e é a essa luz que o Governo tem procurado agir na articulação dos vários instrumentos de política económica e financeira ao seu dispor. Os resultados provisórios da balança de pagamentos da zona do escudo relativos ao 1.º semestre de 1970 indicam um déficit de 2 303 milhares de contos.

Foram os saldos negativos da balança de mercadorias (- 7 385 milhares de contos) e das operações de capital (- 2 940 milhares de contos), não compensados inteiramente pelo excedente dos invisíveis correntes (+ 7 962 milhares de contos), que concorreram para aquele déficit.

Na metrópole, o acréscimo observado no valor das importações (F. O. B.) foi muito mais acentuado do que o das exportações, o que originou um déficit da balança de mercadorias de 5 410 milhares de contos, mais do dobro do verificado em período homólogo de 1969. Essa evolução motivou retrocesso no saldo positivo da balança de transacções correntes entre os 1.ºs semestres dos dois últimos anos, não obstante a ligeira subida nas receitas líquidas de invisíveis correntes. Quanto aos movimentos de capital notou-se ligeira melhoria na evolução dos saldos das operações a curto prazo, cujo valor negativo se reduziu, mas, em contrapartida, avolumou-se o saldo negativo das operações a médio e a longo prazos.

Relativamente ao ultramar, também a expansão das importações foi superior à registada nas exportações, mas o agravamento do déficit da balança de mercadorias foi compensado pela subida do saldo de invisíveis correntes; por outro lado, reduziu-se ligeiramente o excedente das operações de capital. Foram as províncias de Moçambique e Macau que participaram mais largamente na variação assinalada na balança comercial e, juntamente com Angola, contribuíram para maiores receitas líquidas de invisíveis correntes.

Balança de pagamentos da zona do escudo

(Milhares de contos)