podem contribuir no mesmo sentido. Para além disso, a situação desafogada das reservas de ouro e divisas permite conciliar o objectivo de estimular certas componentes da procura com o de promover uma razoável estabilidade dos preços.

Mas quanto ao "papel especialmente importante" que, neste contexto e segundo aquele relatório, caberá à política monetária e financeira, adiante se apresentarão algumas observações que a Câmara considera merecedoras de cuidadosa atenção. A produção de bens e serviços Notou-se, anteriormente, que o produto total da economia metropolitana (a preços constantes) teria continuado a aumentar em 1969 e 1970, ainda que por forma não proporcionada à evolução da procura global.

Afigura-se, entretanto, que as taxas de acréscimo desse produto total não se situaram em nível semelhante ao das que se observaram, em média, nos cinco ou seis anos anteriores a 1966, para o que concorreram, principalmente, os fracos resultados gerais do sector da agricultura (não compensados, ao que se julga, pela progressão da silvicultura e pecuária), da pesca e do conjunto das indústrias transformadoras. Feio que respeita à agricultura, o índice do conjunto das produções de cereais, tubérculos, legumes, vinho e azeite acusou uma quebra bastante sensível entre 1968 e 1969, motivada, em particular, pelas diminuições nos cereais (principalmente trigo) e no vinho.

Índices de produção agrícola

(Base: 1947 = 100)

Cereais 156,2 170,4 134,1

Tub rculos e legumes 127,7 109,5 110,7

Vinho 96,3 115,6 79,9

Azeite 86,4 57,1 77,7

Total 121,7 122,2 104,5

Origem: índices de quantidades ponderados pêlos preços do ano tomado para base o referidos ao conjunto de produtos de maior peso na produção agrícola, calculados pêlos serviços do Banco de Portugal sobre os elementos das Estatísticas agrícolas e alimentares e das Estatísticas agrícola - Informarão antecipada do Instituto Nacional de Estatística.

Mesmo considerando que em 1969 se teria verificado uma expansão considerável na produção pecuária (reflectida em sensíveis acréscimos na tonelagem de gados abatidos e de lacticínios) e admitindo que progrediram as produções de frutas, de produtos hortícolas e de madeiras, nada leva a crer que o produto global originário do sector "Agricultura, silvicultura e pecuária" revelasse, nesse ano, um aumento apreciável; mais provavelmente até, dado o peso relativo das produções que acusaram quebras, e quebras que foram quantiosas, esse produto global haverá diminuído.

Quanto ao ano corrente, as últimas estimativas apresentadas pelo Instituto Nacional de Estatística indicavam melhores resultados do que em 1969 nas produções de trigo, milho, arroz, batata e vinho, devendo também aumentar as de madeiras, resinosos, frutas e produtos hortícolas. Pelo contrário, previam-se quebras mais ou menos acentuadas para o centeio, aveia, cevada, fava, feijão, grão-de-bico, azeite e cortiça, e o excepcional prolongamento de tempo seco haverá certamente afectado o sector pecuário.

Em todo o caso, no relatório da proposta de lei admite-se que os resultados globais da actividade em referência virão a ser menos desfavoráveis agora do que no ano passado.

Para 1971, e ressalvando o caso de condições climatéricas muito adversas, as perspectivas formuladas no dito relatório são optimistas, especialmente no tocante ao trigo, vinho, azeite, milho, frutas, culturas horto-industriais, madeiras e pecuária. Contudo, reconhece-se que "o sector continua a lutar com grandes dificuldades", e refere-se expressamente:

Algumas culturas foram abandonadas, não sendo substituídas por outras, ou por falta de dimensão fundiária da exploração ou por dificuldades de investimento. Por outro lado, escasseia a mão-de-obra qualificada que tome rentável a utilização da maquinaria.

Também a falta de organização não item permitido que o empresário agrícola possa beneficiar devidamente da elevação observada nos preços dos produtos agrícolas ou deles derivados, o que vem a reflectir-se nas suas possibilidades de investimento. Na pesca, o movimento de quebra prosseguiu em 1969: o volume total da pesca desembarcada no continente decaiu de 400,5 milhares de toneladas em 1967 para 355,8 milhares em 1968 e 319,1 milhares no ano passado, em consequência, fundamentalmente, da diminuição das capturas de sardinha e outros peixes de águas marítimas. E dos elementos informativos publicados pelo Instituto Nacional de Estatística não se infere que entre 1969 e 1970 a situação do sector haja melhorado consideravelmente. Nas indústrias extractivas, as produções de carvões, hematites e magnetites, cassterites, volframites e pirites de ferro cupríferas acusaram quebras relativamente avultadas em 1969, apenas os concentrados de ouro e prata apresentando, nos minérios, um pequeno acréscimo.

Entre 1969 e 1970, por virtude das circunstancias aludidas no relatório da proposta de lei, a extracção de volframites averbou um aumento, mais nítido, contudo, em valor do que em volume. Mas nos carvões e nos restantes minérios prosseguiu o sentido de recessão; no caso dos carvões, em consequência, particularmente, do encerramento das minas de lignite e da quase total suspensão de actividade nas minas de antracite de S. Pedro da Cova. Sobre as indústrias transformadoras, a falta dos quadros sobre o produto interno a custo de f actores e por sectores ide actividade torna impossível avaliar a evolução do conjunto dessas indústrias em 1969 e no ano corrente. Todavia, com base nos volumes de produção bruta constantes das publicações do Instituto Nacional de Estatística e referentes aos principais ramos do sector em causa, pode referir-se, especialmente quanto ao ano transacto: Alimentação, bebidas e tabaco. - Averbaram acréscimos relativamente mais sensíveis as indústrias