Meios totais de pagamento

Nota. - O quantitativo dos meios de pagamento, assim calculado, constitui o total dai responsabilidade em escudos do sector monetário para com o rosto da estrutura económica metropolitana e o exterior. Por outro lado, considerando a emissão monetária global do Banco da Portugal o a Importância da moeda divisionária que n encontrara fora dai caixas da Casa da Moeda, determinou-se a "moeda escriturai" criada pelo resto do dito sector monetário.

Mais impressiva se apresenta ainda essa expansão do crédito bancário quando se tem em conta a aceleração que se operou: a taxa de acréscimo passou de 14,5 por cento em 1968 para 21,5 por cento em 1969.

Note-se, simultaneamente, que a multiplicação de meios de pagamento com base na "moeda legal" criada (a emitida pela Casa da Moeda e pelo Banco Central) acresceu-se consideravelmente entre 1968 e 1969: a relação entre o acréscimo da "moeda escriturai pura" e o daquela "moeda legal" passou de 8,83 para 5,77, reflectindo, em grande medida, a aludida progressão do crédito bancário.

Importa considerar atentamente o descompassamento que de novo se haverá verificado entre, por um lado, o crescimento da produção nacional de bens e serviços a preços correntes de mercado e, por outro lado, o dos meios de pagamento em correlação com o do crédito bancário. Reportando-se a esta circunstância, observava com justeza o Banco de Portugal no seu último relatório:

Que a "velocidade-produto" do stock monetário se apresente em Portugal inferior a prevalecente nos países mais industrializados do Ocidente, parece perfeitamente aceitável, dado o desenvolvimento orgânico e funcional dos mercados do dinheiro nesses países, em conjugação com a maior capacidade de aproveitamento dos mecanismos monetário-financeiros pelas outras actividades económicas e a maior flexibilidade das articulações entre tais mecanismos e os da produção e circulação de bens e serviços.

Que se observe, a longo prazo, uma tendência de diminuição, a ritmo mais ou menos lento, da aludida "velocidade-produto", pois que, a avaliar pela experiência das economias mais industrializadas, se intensifica a propensão para deter certas percentagens dos rendimentos formados sob formas de liquidez imediata ou quase imediata, julga-se igualmente razoável. O que se considera de ponderar é o movimento descensional e continuado daquela relação, denunciando, em termos da produção nacional de bens e serviços, uma contracção sensível nos últimos anos da produtividade marginal do stock monetário criado. Por outro lado, uma vez que o crédito bancário distribuído tem sido o factor principal do crescimento dos meios totais de pagamento internos, a evolução apontada parece evidenciar que se mantém fraca a produtividade média desse crédito e que até a sua produtividade marginal se haverá orientado no mesmo sentido.

Quer dizer: em principio, não haverá qualquer mal em que o crédito distribuído aumente; o aspecto desfavorável do processo reside na fraca produtividade desse crédito e na tendência para o de crescimento da sua capacidade de ao fim e ao cabo se converter em bens e serviços, o que denuncia a deficiente estrutura repartitiva por sectores do crédito outorgado e a insuficiência, em termos de produto final, da sua utilização. Paralelamente, numa economia em desenvolvimento é perfeitamente