Resultados finais das contas públicas Mais elucidativo do que o quadro em que se conjuguem os saldos das contas ordinária e extraordinária e as variações das operações de tesouraria e transferências de fundos será, inquestionavelmente, um balanço de tesouraria suficientemente pormenorizado nas suas principais rubricas.

Ora, no relatório da Conta Geral do Estado de 1969, há pouco apresentado pelo Ministério das Finanças, inclui-se, pela primeira vez, um balanço desse tipo, referindo-se que é "um primeiro passo no sentido de vir a publicar-se, de futuro, uma conta do património, ou seja um balanço entre os valores activos e passivos do Estado, que se encontra previsto no Decreto-Lei n.° 27 223, de 21 de Novembro de 1936".

Apraz sobremaneira à Câmara sublinhar a contribuição dada, para elucidação da actividade económico-financeira do Estado, com a publicação do dito balanço de tesouraria no fim de 1969, pena sendo, por um lado, que algumas rubricas não fossem mais desdobradas e, por outro lado, que se não houvesse apresentado um balanço homólogo para 1968. E salienta ainda a Câmara o interesse do ensaio, constante do mesmo relatório, de determinação das variações patrimoniais observadas em 1969, onde sobressaem, nas operações financeiras passivas, o acréscimo de recursos resultantes de empréstimos emitidos no mercado interno (+ 1 650 milhões de escudos) e a contracção dos empréstimos externos (- 275 milhões), e, nas operações de investimento, a subida das aplicações com fim económico (+ 1 756 milhões).

Será de desejar, no entender da Câmara, que o esforço feito prossiga no próximo ano e se alargue, pelo menos, à Administração Central (na acepção tomada para efeitos da contabilidade nacional), bem como que se adoptem as providências adequadas para se realizar, a curto prazo, o objectivo de uma classificação, razoavelmente pormenorizada, das receitas e despesas do Estado (ou, ao menos, da Administração Central), segundo a respectiva natureza económica. As perspectivas da economia metropolitana e a política económica Ponderando os principais aspectos da evolução recente da economia metropolitana, em particular os movimentos evidenciados em 1969 e 1970, serão de admitir, cocteris paribus, como perspectivas a curto prazo: A continuidade de expansão da procura global, particularmente da procura interna, na sequência do crescimento das despesas de consumo, da recuperação da cadência da formação bruta de capital fixo pelo sector privado e do prosseguimento do esforço de investimento pelo sector público; A expansão da oferta interna de bens e serviços, em especial do produto originário dos conjuntos das indústrias transformadoras e construção e dos serviços, mas uma expansão não proporcionada, quantitativa e qualitativamente, à daquela procura global, donde alargamento do recurso à importação; A continuação do movimento ascensional das receitas na balança de pagamentos externos, principalmente no capítulo das transacções correntes (mercadorias e invisíveis correntes), mas não suficiente para cobrir o incremento das despesas por importações de bens e serviços (e por exportações de capitais para o ultramar), pelo que se tenderá para redução muito acentuada de excedentes ou até para formação de deficits; A continuação da elevação dos salários da mão-de-obra, em ligação com a rarefacção da oferta; A persistência de pressões inflacionárias, ainda que talvez mais atenuadas, salvo no caso de se intensificarem os movimentos de altas dos preços nos mercados externos e (ou) no de se manterem certas tensões inflacionistas endógenas; A prossecução, nos mercados do dinheiro, das pressões da procura de fundos, sem modificações consideráveis nos objectos e formas dessa procura e nos da correspondente oferta, determinando não só a subida do saldo do crédito bancário outorgado, com manutenção da tendência de quebra da produtividade média desse crédito, mas também, e em concomitância, o crescimento do stock de meios de pagamento internos, com diminuição progressiva da respectiva "velocidade-produto".

Em termos gerais, parece evidente que os principais problemas que, a curto prazo, se põem a economia metropolitana serão - independentemente dos que poderão advir das negociações entre os países da A. E. C. L. e a C. E. E. e dos que se relacionarão com o objectivo de coarctar os desequilíbrios de pagamentos externos de certas províncias ultramarinas - os seguintes: A necessidade de crescimento mais rápido e diversificação maior da produção nacional de bens e serviços,