porque, pelo menos até agora, o Ocidente não pode ter outro.

Poder-se-á tentar e conseguir, em plano meramente pragmático, a suficiente autonomia e independência quanto à condução da política interna, imas não se afigura realista acreditar na susceptibilidade de se ir muito mais além, sob pena ide virmos a ser colhidos de surpresa pela voragem irreversível da força centrífuga que permanentemente se exerce de um para outro dos dois grandes blocos.

De tudo isto parece resultar a conclusão de que ao pedirmos a compreensão e apoio da América do Norte é mister que aceitemos operar também um esforço no sentido de compreendermos as dificuldades em que permanentemente se debate a estratégia da diplomacia americana. Àquilo que para nós, visto apenas das janelas deste Palácio de S. Bento ou das do Largo do Rilvas, se afigura como indiscutível, pode representar, para os Estados Unidos, um esforço inviável de compreensão.

Acredito, todavia, que venha a ser possível, com o rodar do tempo, melhorar a nossa posição junto da opinião pública norte-americana (por vezes tão infantilmente influenciável, de molde a permitir que os responsáveis possam apoiar-nos mais afoita e abertamente.

Como se compreenderá, é assunto de extrema delicadeza, que deve ser deixado nas mãos argutas e sob a directa responsabilidade daqueles a quem incumbe a tarefa de dirigir a política externa do País. Sob este aspecto, apenas desejaria que fôssemos mais compreensivos e não emitíssemos juízos de valor apressados. A América merece o nosso respeito e a nossa estima.

Sr. Presidente: É mais do que tempo de concluir.

Acabo de trazer à Câmara as reflexões suscitadas pela extraordinária experiência que me foi dado poder viver.

Considero preferível - e a Câmara por certo me acompanhará - que cada um tire as suas próprias conclusões.

Limitar-me-ei, portanto, a acrescentar que as naturais preocupações, que não me furtei a exprimir, não são de molde n quis fermente no meu espírito qualquer espécie de duvido nem quanto à rectidão do caminho a percorrer, nem tão-pouco quanto ti vitória final que havemos de alcançar.

Vozes: - Muito bem l

O Orador: - Agradeço às Nações Unidas o haverem-me proporcionado o ensejo de poder regressar ao meu país com a consciência ainda mais tranquila do que no momento da partida e com um orgulho ainda maior em poder participar, mesmo que modestamente, na batalha decisiva em que estamos empenhados, batalha decisiva que às gerações vindouras cumprirá reconhecer e por certo celebrar com emoção e orgulho.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Oliveira Dias: - Sr. Presidente: Iniciaram-se no dia 24 de Novembro último, em Bruxelas, as negociações de Portugal com o Mercado Comum, que, segundo o pensamento do Governo, têm, da nossa parte, o objectivo de "promover a progressiva integração da economia portuguesa na economia da Europa Ocidental, em termos de permitir o aumento de eficiência das actividades produtivas nacionais e de favorecer o mais rápido desenvolvimento da economia portuguesa".

A Câmara está, certamente, consciente da transcendência do momento que marca uma etapa da maior importância na luta pelo nosso desenvolvimento económico--social, em coordenação com os nações amigas da Europa.

A política actual do Governo de aproximação e negociações com estas e outras nações amigas em todos os continentes, ordenada à consecução da paz, melhoria de relações com outros Estados, defesa dos nossos interesses e obtenção de mais elevados níveis de prosperidade para os territórios portugueses - política esta que tem encontrado elevada expressão na incansável e certamente profícua actividade do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros -, entendo que merece não só o aplauso, mas o activo apoio da Assembleia.

Assim, proponho que a Câmara: Se solidarize com o Governo no esforço desenvolvido em ordem a intensificar contactos e incentivar a melhoria dos nossas relações internacionais; Exprima o voto de frutuosos resultados para as negociações de Bruxelas, por forma que seja possível conseguir com a C. E. E. o arranjo que melhor possibilite a aceleração do nosso processo de desenvolvimento; Solicite do seu Presidente que transmita ao Governo estes votos.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: O Sr. Deputado Oliveira Dias concluiu a sua breve intervenção propondo que a Câmara expressasse determinadas formas de apoio à acção política e diplomática do Governo.

Estou perfeitamente consciente da delicadeza que há em pedir à Câmara que se associe a qualquer proposta de resolução ou a qualquer proposta de manifestação de intenções ou de opiniões sem prévio debate esclarecedor. Mas, Bem. embargo de estar também perfeitamente consciente da falibilidade do meu juízo próprio, parece-me que as conclusões do Sr. Deputado Oliveira Dias são suficientemente genéricas e apresentam-se suficientemente coincidentes em objectivos largamente aceitáveis para as poder submeter à atenção da Câmara sem mais discussões.

Nestes termos, vou mandá-las reler, para que VV. Ex.ªs se inteirem melhor, e de novo, delas. E pedirei aos Srs. Deputados que entendam poderem desde já solidarizar-se com as sugestões do Sr. Deputado Oliveira Dias se mantenham como estuo nos seus lugares. Aos demais, que se levantem, a fim de poder concluir se posso, em