não forem sensìvelmente idênticos em todos os territórios portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O mesmo se passa, aliás, no campo do direito do trabalho e da estruturação corporativa, com sérias repercussões de toda a ordem para o harmónico desenvolvimento económico e social das diferentes regiões do espaço nacional. Sei bem que em certos sectores económicos, cuja representação associativa se inspira em princípios de índole sindicalista, que não de ordem corporativa, o que é outra deficiência cujas graves consequências estão a patentear-se cada vez mais, não se criou ainda a mentalidade propícia à execução de uma política institucionalista e social, de espírito e finalidades idênticas à que, por força de preceitos constitucionais, vigora na metrópole. Penso, todavia, pelo que vi, que não será difícil levar aos mais directamente interessados a convicção da necessidade de cooperarem num arranque exigido pelos princípios consagrados na lei fundamental do País.

Tudo está em que se preparem os espíritos, com seriedade e sinceridade, e, logo de seguida o u simultaneamente, se definam com vigor as linhas mestras dos esquemas e, corajosa e firmem emite, se passe à sua progressiva aplicação.

A já chamada «visão rectangular» da vida portuguesa tem de ser afastada, cada vez mais, de alguns espíritos dominados pelo cepticismo ou por um sentimento ainda menos nobre. Aias há outras visões, tão limitadas e tacanhas como aquela que também urge rasgar e classificar com as luminosas perspectivas da unidade nacional na pluralidade dos territórios, das raças e das crenças.

E não é apenas no domínio a que me estou reportando, mas noutros, como o da educação e do ensino, um que se torna mister empreender, completar ou rectificar diversas reformas, em obediência estrita ao princípio de só adoptar soluções diferenciadas quando irremovíveis circunstâncias o impuserem.

Vozes: - Muito bem!

bela impressão que me deixou a visita a algumas frentes da nossa luta pela permanência de Portugal em terras africanas.

O que aí vimos é indiscritível. Espírito de sacrifício, vontade indómita, acendrado patriotismo, simplicidade admirável, ali se consubstanciam numa juventude que merece de todos louvor e gratidão, mas que também de todos exige um comportamento digno do seu esforço e do seu heroísmo.

Lá os vimos, aos nossos rapazes, brancos e pretos, votados ao mesmo holocausto, irmanados no mesmo ardor patriótico. Lá os vimos, firmes e destemidos, pelas florestas e pelo capim, pelas serras e pelas chanas, pelos rios e pelos pântanos!

Pensei, então, naqueles que, perto, bem perto, ou longe, bem longe, lá ou cá, pela palavra escrita ou falada, pelas suas atitudes claras ou insidiosas, de modo consciente ou insconsciente, fomentam a divisão e instalam nas almas o veneno da dúvida ou o espírito da demissão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pensei em certos jovens que, esquecendo ou desprezando os soldados das frentes da batalha e até os trabalhadores que, às vezes em circunstâncias penosas, labutam nas oficinas, nos escritórios e no campo, por aí persistem em desafiar impunemente a autoridade e em manter um clima de dissolvente agitação.

Pensei em como alguns deles, aqui em Lisboa ou em Nova Lisboa, em Luanda ou no Porto, em Coimbra ou em Lourenço Marques ... conseguem situações que os libertam de cumprir o dever militar nas zonas mais avançadas da luta, em que o seu espírito combativo, bem mal orientado na retaguarda, poderia exercitar-se, regenerando-se e sublimando-se, na defesa dos valores essenciais da Nação e da cultura.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E pensei ainda naquela minoria reduzidíssima, mas ignara, que entende dever dispensar-se a acção militar nesta guerra impiedosa que inimigos irredutíveis e fortes nos movem, como se a diplomacia, só por si, ou eles, na fragilidade dos seus recursos, fossem capazes de sobreviver, na hipótese, só por absurdo admitida, de poder fazer-se-lhes a vontade.

Não é verdade, oficiais, sargentos e praças que em Angola, em Moçambique e na Guiné vigiais e combateis?

Não é verdade, major Marquilhas e capitão miliciano Forsado Correia, do Batalhão de Cavalaria n.º 2899? Não é verdade, «flecha» Eduardo, que, vindo do campo inimigo, desiludido e revoltado, estás, tu e os teus camaradas, a constituir exemplo de abnegação e de coragem?

Eles, todos eles ... respondem um sim definitivo e categórico, que não se compadece com quaisquer hesitações ou congeminações dos que ignoram ou minimizam a força da razão e o poder da vontade e da fé na vida dos homens e das pátrias.

Estas palavras hão-de servir, ao menos, de fundamento ao apelo que faço para que se não falte seja com o que for «tos nossos soldados, mormente àqueles que nas áreas mais afastadas, inóspitas ou perigosas estão a aguentar o peso maior d» guerra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É que alguns deles VI eu como estão instalados na fronteira, norte de Moçambique, junto ao Rovuma, e na frente leste de Angola - e fiquei entristecido e desolado por lhes minguar, em conforto e assistência, o que, porventura, sobejará a outros na retaguarda.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Este apelo envolve o problema da prioridade dos gastos públicos, que importa estabelecer com justeza, quer no aspecto a que aludi, quer na valorização