económica e social das regiões mais distantes dos grandes centros, quer ainda na execução de uma política de educação e de promoção que a todos, brancos, pretos e mestiços, abranja na igualdade de tratamento e na mesma dimensão de justiça e de amor.

É-me grato referir que, neste domínio da acção educativa, pude encontrar em Angola uma obra já grandiosa, que começa a ganhar raízes fundas e benéficas. O esforço despendido mia difusão da língua e na educação de base ide extensas camadas populacionais é impressionante e está a reflectir-se na própria expansão dos outros ramos de ensino.

Importa agora não deixar que afrouxe de ritmo este movimento cultural, como importa estar atento para que a carência de bons elementos humanos, a nível superior e médio, não o faça enveredar por caminhos diferentes daqueles que o interesse nacional e o da cultura pressupõem e exigem.

Justo é ainda que se exalte a surpreendente acção que um escol lúcido e dinâmico está a desenv olver na abertura de vias de comunicação essenciais ao progresso económico e social e à própria defesa do território. O que já se fez é verdadeiramente extraordinário e digno do mais alto e grato apreço.

Neste e noutros domínios, Angola está a desenvolver-se, a progredir a olhos vistos. Em Angola trabalha-se muito, caminha-se em força e com rapidez, vive-se intensamente. Angola é uma lição de portuguesismo e um exemplo para o mundo.

Vozes: - Muito bem!

perante mim ou dentro de mim, envolvente, penetrante, sedutora ... nos traços inconfundíveis da sua alma e do seu viver, no aceno verde do seu corpo crioulo, nas canções dolentes das suas vozes mestiças ou nos ritmos exóticos dos lunduns, das ússuas e do danço-congo e também na magnificência dos palmares e cacaueiros, no ondular interminável dos fetos e begónias, no feitiço do seu mar equatorial, na força alada da sua poesia.

Viana da Mota aí nasceu. Almada Negreiros também. De lá era ainda o poeta de eleição que foi nosso par nesta Casa e se chamava Francisco Vasques Tenreiro.

A todos evoco emocionadamente e, neles, os de ontem e os de hoje que fizeram e estão a robustecer e a dilatar uma obra amorosa de promoção humana, de miscigenação de raças, de ascensão, de apostolado, de aglutinação nacional.

Ali, exactamente onde o Equador cortado pelas naus de Pedro de Santarém e João Escobar nos abriu, há quatro séculos, os horizontes bussolados pelo Cruzeiro do Sul e pelo nosso destino, deveriam ir enterrar o seu cepticismo, a sua miopia ou o seu espírito derrotista aqueles que se entretém a diminuir a mossa capacidade de acção, a denegrir a razão da nossa luta e as nossas vitórias, a pôr em dúvida a nossa vocação civilizadora, a minar os alicerces morais e materiais da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Só uma palavra mais para dizer que, se outro mérito não tivera esta visita de Deputados a Angola e S. Tomé, ela bem se justificaria pela cordial camaradagem que proporcionou a todos nós.

Ficámos a conhecer-nos melhor. Reforçaram-se sentimentos de amizade, o que, numa época em que tudo parece apostado em dividir, se reveste de relevante alcance humano e político.

Esta é a homenagem que devo a todos esses colegas que, durante alguns dias de franco convívio, sentiram, souberam, sentar, quanto, acima dais ideologias ou dos preconceitos que separam, valem a simpatia e a afeição que unem.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Correia da Cunha: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Mercê de amável convite dos Srs. Ministros do Ultramar e Governador-Geral de Angola, visitei recentemente esta província integrado numa missão de parlamentares. As palavras que passo a transmitir-vos pretendem ser mais do que um mero agradecimento pelas muitas gentilezas que, por toda a parte, me foram prodigalizadas; quero que elas correspondam também a um depoimento sincero do que VI e senti em terra tão maravilhosa.

Porque nunca tinha ido ao ultramar, esta visita trouxe consigo todo o aliciante da novidade; permitiu-me fazer o ponto sobre algumas ideias que pairavam no meu espírito e sobre as quais evitara sempre pronunciar-me em termos conclusivos, receoso de que pudessem não corresponder à realidade: Pude, assim, reforçar algumas convicções, mas tive também oportunidade de emendar a mão em muita coisa. O que Angola oferece hoje ao visitante avisado é a imagem mais acabada do território que vive um espectacular surto de progresso, procurando encontrar um rumo, um estilo e uma função bem definida na conjuntura que o velho continente africano atravessa.

É, pois, um território em que se vive um ambiente de euforia e em que cada dia e hora contam como se o tempo fosse o que realmente é: um parâmetro fundamental na crise de crescimento que o mesmo atravessa.

Como frequentemente acontece em circunstâncias idênticas, as engrenagens envolvidas na acção nem sempre se ajustam perfeitamente, por forma a que tudo funcione a pleno rendimento. Mas Angola não pára de crescer. Rica de tudo o que é necessário para se tornar grande no contexto da África de hoje, Angola está prestes a atingir a maioridade sem se preocupar muito com o passado recente. Na verdade, por muito que nos custe, 1961 ficou a constituir uma data histórica na vida da província. É por ela que se afere o antes e o depois; nesse ano Angola aderiu deliberadamente ao século XX, ansiosa por recuperar o tempo perdido.

Sem a chicotada monstruosa que tanto sofrimento trouxe, é crível que a actual dinâmica se não tivesse atingido em tão pouco tempo; passado o ponto de ruptura,