das suas finalidades específicas, elemento válido de progresso humano, regional e nacional, e Contribuir, pela sua mensagem cultural, para o estabelecimento de uma ordem entre as nações segundo os princípios da dignidade e da solidariedade dos povos. Espera, do Governo e das Universidades da metrópole, uma atenção permanente e um juízo objectivo do seu labor e crê, pela obra já realizada, ser merecedora de confiança e apoio. Designadamente, pede ao Governo mais autonomia no que fundadamente se lhe afigura ter competência para escolher e rapidez e clareza na formulação das superiores opções que aos governantes cabe assumir; às Universidades da metrópole solicita a continuação, e se possível maior eficácia, do apoio prestado e o auxílio da sua crítica autorizada.

Sem prejuízo da colaboração, cuja valia reconhece e agradece, de professores da metrópole, é política da Universidade de Luanda ir estruturando os seus quadros docentes próprios a partir de licenciados residentes na província, nomeadamente dos que, nela diplomados, lhe estão cultural e afectivamente unidos.

Em devido tempo, a Reitoria apresentou superiormente o projecto das instalações definitivas da Universidade de Luanda, cuja concretização integral foi prevista para 1975. Circunstâncias diversas atrasaram a realização da primeira fase de trabalhos o que, dado o já referido aumento do número de alunos, pode prejudicar seriamente o ensino e a investigação. Espero que, no momento em que falo, as dificuldades tenham sido resolvidas; caso contrário, apelo para o Governo para que actue decisivamente na sua pronta remoção.

Consciente das suas pesadas responsabilidades e da confiança nela depositada, ponderando os problemas em todas as suas implicações, encarando, realistamente, capacidades, necessidades e limitações, procurando resolver em profundidade as dificuldades que enfrenta, a Universidade de Luanda, na simplicidade de quem está só para servir, vai agindo com segurança no presente, olhos postos em horizontes longínquos de futuro.

O Sr. Cancella de Abreu: - Muito bem!

Em Angola encontrámos [...] uma rara oportunidade de ensaiar e prosseguir, nos limites das opções estabelecidas, experiência modernizadora da Universidade...

E no discurso que pronunciou na posse do novo reitor da Universidade de Lourenço Marques, Prof. Vítor Crespo, o Sr. Ministro da Educação Nacional disse:

... as Universidades ultramarinas deverão ser um campo experimental, ensaiando métodos fundamentados nas realidades locais que lhes permitam caminhar à frente do movimento universitário português, gizando estruturas que possam constituir passos decisivos na renovação da Universidade.

Regressei com estas mesmas convicções da minha visita a Angola.

O Sr. Miller Guerra: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Miller Guerra: - Tenho ouvido com muita atenção o Sr. Deputado Pinto Machado acerca da Universidade de Luanda. Eu mesmo visitei essa Universidade, assim como a de Lourenço Marques, e tenho acompanhado, tão de perto quanto possível, não só a sua fundação, como o seu desenvolvimento e estado actual.

Pode-se tirar daqui um argumento contrário àquele que algumas pessoas, como eu, defendem, de que as Universidades não se auto-reformam, dizendo que as Universidades do ultramar são Universidades novas e diferentes, e, portanto, não é preciso inovar, mas tão-só repetir.

Ora, eu sustento que é mais um exemplo da necessidade de uma fundação de novas Universidades noutros moldes, com gente nova e ideias novas. Alguns dos defeitos aqui apontados pelo Sr. Deputado Pinto Machado e outros que ele não disse e que eu conheço e outras pessoas também provêm justamente da semelhança, direi quase da cópia, que se fez das Universidades continentais nas Universidades do ultramar: o mesmo centralismo, o mesmo predomínio da burocracia, o mesmo modelo pedagógico. E se elas são diferentes, deve-se isso a várias razões: a primeira, é a distância a que se encontram do Campo de Santana; a segunda, é a idade das pessoas docentes que foram para lá ensinar (algumas delas de certo modo inconformistas com a rigidez das Universidades metropolitanas, aí encontraram um campo de expansão que era difícil encontrar aqui); em terceiro lugar, a felicidade que houve de encontrar reitores, cujos nomes já foram pronunciados - refiro-me particularmente aos Doutores Veiga Simão e Ivo Soares -, que têm impulsionado as Universidades de uma maneira excepcional. Além disso, contaram geralmente com facilidades que encontraram nos governadores e com o bom acolhimento das populações.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Miller Guerra: - Por consequência, as Universidades do ultramar são um exemplo de vitalidade, mas de vitalidade que não colhe se essas Universidades fossem fundadas na metrópole, ao pé das Universidades tradicionais, porque foram as circunstâncias, e não as estruturas ou as intenções, que as têm feito um tanto diferentes das metropolitanas. Mas mesmo assim, as resistências que encontram e o modelo a que obedecem reflectem defeitos de origem.

O Orador: - Sr. Deputado Miller Guerra, estou inteiramente de acordo com o que V. Ex.ª acaba de dizer.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: No notabilíssimo discurso que proferiu na sessão plenária de encerramento do 1.º congresso das várias etnias da província, em 3 de Agosto do ano corrente, o Sr. Governador da Guiné, general António de Spinola, afirmou que a luta armada mais não visa que criar e manter as condições de segurança indispensáveis à vitória na batalha da paz, caracterizada esta pelos seguintes princípios: respeito absoluto pelo mais puro conceito de justiça social; respeito pelas tradições e cultura africanas; fomento económico e social em benefício de todos; integração progressiva das estruturas étnicas nas estruturas administrativas da província («e um dia virá em que estas duas estruturas formarão um todo indissociável e em que a administração desta parcela da Pátria possa ser conduzida, em mais elevado grau, por portugueses filhos da Guiné»). Este espírito está conforme com o genuíno modo português de estar no Mundo, é o mesmo que inspira a proposta de rev isão constitucional apresentada a esta Assembleia pelo Governo, no que ao ultramar se refere.

É a autêntica paz - construção de uma comunidade de irmãos - que, do que de mim é mais eu, desejo para