moções rápidas e trabalho menos complexo e delicado -, precipitaram-se as aposentações e sucederam-se as transferências, mantendo-se por preencher as respectivas vagas. A título exemplificativo, esclarecemos que de 1941 para cá, ou seja, num período de vinte e nove anos, se matriculou na escola que serve o expediente sínico menos de 1 aluno por ano, tendo apenas 9 concluído o curso. Isto, apesar de a sua duração haver baixado para seis anos, de o seu programa ser mais simples e de as qualificações para a sua frequência terem passado do 3.º para o 2.º ciclo liceal ou equivalente.

O problema esboçado vem figurando na agenda das atenções do Governo provincial, com o habitual interesse do Ministério do Ultramar.

Revela-o o Decreto n.º 48 420, de 5 de Junho de 1968, que, conservando o serviço anexo à Repartição Provincial dos Serviços de Administração Civil e alterando a sua nomenclatura para Secretaria dos Negócios Chineses, alargou apreciavelmente o seu corpo técnico e beneficiou a situação dos que o constituíam.

As dificuldades, porém, subsistem por diversas razões e, porventura ainda, porque, condicionada a execução dessa providência legislativa às disponibilidades orçamentais, continuam por dotar onze lugares - o de secretário, quatro de intérprete-tradutor de 8.º classe, dois de aspirante a intérprete-tradutor, dois de letrado de 3.ª classe, um de letrado auxiliar e outro de dactilógrafo.

Neste sentido depõe a recente aposentação de dois técnicos e, com particular eloquência, a circunstância de três dos novos lugares dotados se encontrarem até hoje desocupados.

Sabemos que se está procedendo a estudos em demanda da terapêutica apropriada.

Daí esta intervenção, em que reunimos os nossos melhores votos por que se surpreendam e dissequem as raízes do mal, a fim de que este possa ser estirpado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para tanto, será contra-indicado enveredar-se pelo caminho de meias soluções ou medidas parcelares e isoladas, no sentido de uma mera melhoria ou modernização, havendo, sim, que rever, reorganizar, reformar, sem esquecimento dos indispensáveis estímulos produtores de eficaz motivação psicológica nem do aumento de eficiência e rendimento do serviço.

A autonomia perdida;

A sua equiparação aos serviços, que foram objecto de remodelação nos últimos anos, por forma a evitar desequilíbrios sectoriais na Administração;

O alargamento das suas atribuições e melhor definição das que lhes estão cometidas;

Outro arrumo da escola de intérpretes-tradutores, com a actualização e enriquecimento do programa e elevação do nível do corpo docente, em ordem à formação acelerada de técnicos e ao aperfeiçoamento profissional dos melhores;

Perspectivas mais vastas de .promoção ou, na sua impossibilidade, subida de categoria funcional em atenção ao tempo e qualidade do serviço prestado;

E a concessão, a título de emolumentos, de uma percentagem sobre as receitas que para o Estado ora revertem das traduções.

Aqui fica a sugestão, determinada pelo convencimento de que nenhum contributo é de mais para um serviço que, no exercício quase sempre discreto das suas funções, tanto fez e tanto tem ainda que fazer para o bom entendimento entre as comunidades portuguesa e chinesa de Macau, em prol do acerto e prestígio da nossa Administração.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Bento Levy: - Sr. Presidente: Ao iniciar a minha actividade nesta sessão legislativa, não posso deixar de comungar com especial sentimento na dor que atingiu a Câmara com a perda dos Deputados que desapareceram no desastre ocorrido na Guiné, apesar das manifestações já produzidas, com brilho, por ilustres oradores desta Casa.

É que eles estiveram antes em Cabo Verde e mostraram real interesse pela vida das ilhas, contactando com as populações, para deixar nelas uma extraordinária simpatia e apreço.

Pinto Leite e Pinto Bull eram velhos amigos. Leonardo Coimbra e Vicente Abreu foram novos amigos que as ilhas perderam, sentindo profundamente o seu desaparecimento.

Deixo-lhes aqui ficar uma palavra de saudade e de agradecimento, extensivo ao Dr. Covas de Lima, cuja morte foi por certo apressada pelo desgosto sofrido.

Tenho a certeza de que, em vez de dois, seríamos nove Deputados por Cabo Verde, tanto foi o interesse que todos manifestaram pelo arquipélago, Presidente: Cabo Verde está em crise! Crise por falta de chuvas - crise por uma seca que dura há três anos consecutivos e que naturalmente atingirá este ano uma acuidade superior à verificada anteriormente. Há trinta e três anos que vivo em Cabo Verde, onde aliás nasci, e nunca vi uma seca semelhante, apesar de ter assistido às consequências dolorosas de duas delas, que foram verdadeiras catástrofes.

Não venho reclamar, não venho protestar, nem exigir, nem mendigar.

Antes direi que não há fome em Cabo Verde e proclamo-o por dever de consciência, para que o País o saiba e para que os nossos inimigos do exterior, principalmente, não especulem com uma situação que, sendo melindrosa, nada tem de alarmante nem fundamentos para as deturpações habituais.

De resto, gostaria de saber a quem os «libertadores» de Cabo Verde iriam hipotecar - ou vender a independência das ilhas, em especial agora nesta conjuntura. Havia de ser bonita... a libertação!...