actividades que por cá não criámos no tempo devido; largas dezenas de milhares por terras da Planares ou da Alemanha, no Reino dito Unido, na própria Espanha; centena e meia de milhares na República Sul-Africana, muitos outros saídos para o Canadá, os Estados Unidos da América, a Venezuela, a longínqua Australásia.

Nem se cuidou de preparar, devidamente, em terra portuguesa as condições da fixação e habitabilidade das massas internamente migrando.

Analisada a distribuição geográfica das migrações a nível do continente, apreender-se-á a conhecida importância da beira-mar, desde terras da Mais até à serra da Arrábida, como locais de recepção de migrantes, face ao interior e a serra, votadas quase que ao abandono e como que convertidas em "terras do Demo".

Mas outros "centros urbanos" (a), além da Amadora, se localizam nesta zona de atracção lisboeta:

População presente (H M)

[... ver tabela na imagem]

Tendem, inclusive, a multiplicar-se e a alastrar, como que a querer abarcar em rede ou malha urbana contígua a mor parte do território, em urbanização não ordenada e mal estruturada e equipada.

Com Lisboa se perfazia mais de um milhão de urbanos em 1960, duas vezes e algo mais do que cinquenta anos atrás. Mas nessas novas urbanizações - e o processo de urbanismo não estará apenas em começo entre nós? - que surgem, proliferando, à volta da cidade, a multiplicação das gentes é mais que tripla, pois que acresceu a sua população seis vezes mais, face à existente "de facto" em 1911.

Aumentam as gentes e acresce o número de famílias que se constituem e procuram residência nos concelhos desta sgrande Lisboa":

Famílias

[... ver tabela na imagem]

E como "quem casa... quer casa", e a construção n3o tem acompanhado a procura em condições de preço

(a) Centro urbano - "A capital do distrito e a localidade, qualquer que tosse a sua categoria legal {cidade, vila, etc.), que, na área demarcada pela cornara municipal respectiva, contasse 10 000 ou mais habitantes e número de fogos desejados, sobram as famílias para as casas ou faltam casas para as famílias que aspiram a constituir-se ou mudar de habitação.

O Sr. Camilo de Mendonça: - V. Ex.ª dá-me licença? O Orador: - Faça favor.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Eu tenho estado a ouvir V. Ex.ª, como sempre, aliás, com o maior interesse e por várias vezes predisposto a colaborar nas suas afirmações. No caso concreto eu gostaria de pôr três questões.

A primeira é esta: é possível pensar em resolver o problema habitacional da grande Lisboa enquanto o esforço ordenado do Governo para concentrar indústrias nesta zona cria cada dia, por mais casas que se façam, maior quantidade de gente que chega?

Segunda questão: eu sei, por experiência própria, que a generalidade dos emigrantes teriam, todos eles, ansiedade de voltar à sua terra, ao contrário do que pretende, por exemplo, o Governo Francês. Simplesmente, desde que os dinheiros que enviam para as suas terras são desnaturados nos vários "Pimentas" desta terra, continuam sem condições de regresso à sua, nem se fazem inventário desses mesmos homens que só em França são 650 000 e que estariam na generalidade dispostos e mortos por voltar à sua terra.

E por fim eu ouço falar - permito-me referir a pessoa que mais vezes vi insistir neste ponto e com maior autoridade, engenheiro Araújo Correia - no problema de medidas que levem a uma descentralização industrial, que sabemos ter, socialmente, efeitos de tal ordem que os problemas na zona de Braga, onde há uma grande densidade industrial, mas não concentrada, não são iguais aos da cintura vermelha de Lisboa. Pois, não obstante isto, pergunto: Que se fez em muitos e muitos anos para descentralizar indústrias, paru dar vida àquilo que, parece, também é Portugal?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Agradeço a intervenção do Sr. Engenheiro Camilo de Mendonça, e, relativamente às suas perguntas, eu só posso ter uma resposta: Sim, sim, sim.

Sr. Presidente: Fui procurado neste fim de semana por cidadão do meu círculo eleitoral de Lisboa, que durante uma vida activa inteira, a completar 70 anos no próximo mês de Fevereiro, dispôs sempre de habitação do Estado como faroleiro de profissão. Pois a sua maior preocupação, como a de muitos munícipes desta grande Lisboa, é o problema de encontrar habitação compatível com os seus rendimentos, neste caso traduzidos em magra reforma. Numerosos filhos deu à Pátria; esta bem devia recordar-se no ocaso da sua vida, e talvez não fosse difícil encontrar nas construções anexas aos faróis onde pudesse terminar os seus dias com menos preocupações. Vem isto a propósito de numerosas construções por habitar, com escritos e sem. escritos, por esse Portugal além ...

Mas o problema da habitação não é específico do meu círculo eleitoral, é-o de todos quantos possuem em seu interior aglomerados urbanos em fase de expansão e atracção demográficas.

Já esta semana recebi nesta Casa, enviada do Porto por quem, "chegado há pouco do ultramar, donde cumpri a minha missão", carta de quem se vá perante o "grande problema em querer casar e não tenho casa e nem tão-pouco consigo arranjar uma casa onde possa pagar um aluguer compatível" (seja-me permitida a transcrição quase literal, para não perder o sabor, o grito de alma).