Tem necessariamente de prevenir ou reprimimos factos e os agentes que comprometam esses valores essenciais.

A missão da autoridade é a de sustentar e conservar essa ordem, sem os direitos individuais são precários e as liberdades não passam de platónicas ilusões.

Ora, foi dentro desta linha de rumo traçada pelo Sr. Presidente do Conselho, que alicerçámos as considerações que fizemos nu nossa intervenção do passado dia 22 de Janeiro.

Seguramente que, a tal intervenção se quis referir o ilustre colega Correia da Cunha, ao dizer, no passado dia 27, segundo relato que li nos jornais.

Já ouvi afirmar nesta Câmara que os apelos ao bom senso não resolviam o problema; e que se insistia em propor reformas do ensino quando estava em causa uma situação de anarquia e desordem a que o Governo ainda não tinha posto cobro.

como julgo terem chamado por mim, pois aqui estou - e, como sempre, da cara descoberta! E aqui estou para, sem tibiezas nem louvaminhas demagógicas, e muito claramente, afirmar o seguinte: eu não pedi repressão, mas sim firmeza na disciplina indispensável para assegurar a ordem, a fim de que assim, a Universidade possa ser efectivamente uma "casa de trabalho" para mestres e para alunos.

Mas quando nessa Universidade há "piquetes" a impedir o aluno do seu direito e dever de ir as aulas ou fazer os seus exames; quando há grupos de arruaceiros intitulados de estudantes que irrompem malcriadamente nas aulas a impedir o professor do seu direito e dever de dar ou prosseguir a lição; quando há ameaças de violência sobre colegas, e sobre mestres - ameaças essas que já se têm efectivado -, então para tais casos, realmente não basta o apelo ao bom senso - até porque os visados dão provas de o não ter: há, sim, mas é que evitar a sua repetição.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Porém, tinha então eu sido bem claro, afirmado que falava como pai de dois universitários que tem procurado documentar-se e seguir atentamente os movimentos estudantis, e, portanto, com particular conhecimento de factos e atitudes ocorridas, e da evidente falta de rendimento do ensino a contestar com a cada vez maior necessidade de ser-se exigente para que possam sair das Universidades as verdadeiras elites de que o País tanto precisa: sabido é que, em muitas disciplinas e em vários estabelecimentos de ensino de Lisboa, Porto e Coimbra, o número total de aulas, ao longo do último ano escolas, não chegou a ser de um terço do devido!

Mas, repito: fui bem claro frisando e dita qualidade em que falava, como pai do dois estudantes universitários - que, garças a Deus, tem procurado cumprir dignamente o seu dever de estudar e que, com quatro irmãos mais novos, bem sabem que não podem entregar-se ao luxo de andarem apenas a dar-se ares de estudantes.

Vozes: - Muito bem!

O orador ordena que defendamos não é sinónimo de repressão, mas sim, a da criação ou manutenção das dispensáveis condições para possibilitar não só o progresso, mas também o exercício dos liberdades individuais. Foi isso que defendemos no mesmo tempo que pusemos a nu a liberdade de funil posta em prática pelos nossos estudantes, apóstolos da liberdade, mas daquela que só o é para que os outros façam apenas aquilo que eles querem ...

Mas o colega Correia da Cunha acrescentou noutro passo da sua intervenção.

Não vamos pretender. Srs. Deputados, transformar o País num gigantesco reformatório; será pela razão e não pela violência que a nossa juventude, representando o melhor de nós mesmos, ha de encarar o seu rumo.

Para tranquilidade do colega Correia da Cunha quero já dizer que não é preciso transformar o País num gigantesco reformatório, porque se corria o agradável e feliz risco de ficar quase às moscas, sem população adequada. Isto porque o sector que há a meter na ordem constitui, felizmente, uma minoria, se bem que activista e fanática e para ela bastaria, um reformatório de muito limitada lotação...

Por mais de uma vez tenho falado nesta Câmara ao abrigo da experiência, que já vai sendo longa à frente de estabelecimentos de reeducação de jovens; mas sempre que tal sucede refiro-o expressamente, como ainda há pouco aconteceu na minha intervenção sobre a proposta, de lei de protecção ao cinema.

Mas já agora, e com base nessa experiência tão rica de ensinamentos humanos, posso nesta Gamara afirmar o seguinte: a maior, parte dos jovens, que acabam por ser condenados por delitos graves confessam que o devem à demasiada transigência dos pais e das autoridades perante os seus primeiros actos a sociais e anti-sociais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mais é raro o jovem que sendo, condenado numa pena suspensa não volte a cair na prática de actos delituosos e, portanto, nas malhas da justiça.

E pelo Mundo se assiste a esta triste novidade: o crime grave e violento (incluindo os assaltos e os armada e os desvios de aviões), que, até há pouco, era quase exclusivo dos cadastrados de meia idade, começa a ser frequentemente praticado por jovens dos 18 aos 22 anos.

A desregrada conduta de certa juventude é hoje motivo de preocupação em todo o Mundo no domínio do crime da vadiagem e da droga - salvo na Rússia e satélites, em que medidas, por severas, se mostram eficazes.

Mas repito: sempre que nesta qualidade falo, não deixo de o referir.

E termino este esclarecimento que me julguei no dever de prestar, a todos os Srs. Deputados, com a, palavra autorizada do Sr. Presidente do Conselho:

Não podemos admitir o enfraquecimento, da autoridade. Tudo o que represente ou signifique, neste momento, transigência com os forças da desordem tendente à subversão social, pode acarretar, gravíssimos consequências para o futuro do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orado: - Plenamente de acordo o que importo, pois, é que o Estado não deixe de usar da sua autoridade, para que não se sacrifiquem as liberdades individuais do