O Sr. Santos Bessa: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Santos Bessa: - Sr. Presidente: Eu queria associar-me, com o maior entusiasmo e sinceridade, a estas afirmações do Sr. Prof. Linhares Furtado. Tanto mais que eu estou a resolver os meus problemas de assistência hospitalar ultra-especializada, que é o de assistência aos prematuros, com auxiliares de enfermagem, chefiados por uma dedicada, enfermeira, que têm correspondido a este m"u apelo de uma mamem extraordinária o que têm executado, com a maior perícia, a suo função.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Dr. Santos Bessa. É essa também a minha experiência.

É una vendado pouco lógico que o auxiliar de enfermagem com anos de autêntica prática de enfermagem frequente um curso geral de enfermagem nas mesmas condições do recém-chegado com o 1.º ciclo liceal.

O Sr. Santos Bessa: - Muito bem!

O Orador: - Para além disso, porém, acontece que Aquele trabalha para ganhar a vida e por isso não pode frequentar o curso e este pode fazê-lo.

O Sr. Santos Bessa: - Muito bem!

O Orador: - Não vejo impedimento técnico para n revisão do problema, que de certo é simples.

O Sr. Santos Bessa: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Santos Bossa: - Sr. Presidente: Eu queria aproveitar esta magnífica intervenção do Sr. Prof. Linhares Furtado para recordar que há cerca de dois ou três anos apresentei aqui o meu protesto veemente contra certos aspectos do programa do curso geral de enfermagem e fiz a análise pormenorizada das exigências perfeitamente incompreensíveis desse programa em determinados sectores, como seja, por exemplo, o da história da enfermagem, que começa muitíssimos anos antes de Cristo e que faz porte do programa. E disse ainda mais: que o programa de psicologia ó copiado integralmente do índice de um livro que constitui o programa da Faculdade de Medicina de Paris, em matéria- de psicologia para médicos. E devo dizer ainda mais: até hoje não tive resposta a essa intervenção que aqui fia e julgo que o programa se mantém tal como foi apresentado.

O Orador: - Obrigado, Sr. Dr. Santos Bessa. Concordo com as palavras de V. Ex.ª, embora não conhecesse certos pormenores.

A ampla abertura dos quadros de enfermagem e a criação de um curso geral mais breve para os auxiliares de enfermagem, curso especialmente programado e ministrado em condições de o frequentarem (exigência cultural, anos de experiência, etc.) sem interrupção da sua actividade assistência, viria criar a ponte necessária a uma justa aspiração de progresso, trazer aos Hospitais um maior número de profissionais de enfermagem com melhor bagagem, mais seguros e mais estáveis. E como isto se coadunaria com o espírito de renovação do sistema escolar e de promoção cultural, que agora se discuta!

Tenho dito.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vamos passar à

Efectivação do aviso prévio sobre os aspectos culturais, económicos e sociais do distrito de Braga. Tem a palavra o Sr. Deputado Nunes de Oliveira.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Sr. Presidente: Disse o Cheia do Governo, Prof. Marcelo Caetano, em Dezembro de 1960, que contava com a colaboração dos Srs. Deputados, colaboração a que se comprometeram perante o eleitorado e que consistiria em apontar males, "mas também em sugerir remédios e em ajudar o Governo a melhorar e a pôr em prática as soluções viáveis para os problemas existentes".

Ora, não me moveu outra intenção e estou cento de que assim pendam os Deputados que neste aviso prévio mais intimamente colaborarão - que n ao seja contribuir sincera e lealmente para o esclarecimento de situações e definição de princípios - situações e princípios tombas vezes já postos em evidência que possam concorrer para a valorização de uma região que, pela situação geográfica e pelas potencialidades que encena quer sejam de natureza cultural, económica ou social -, influi decisivamente na boa ou má progressão de todos os sectores da actividade nacional.

É evidente que os termos em que este aviso prévio foi concebido abrangem, em grande parte, aspectos de carácter marcadamente nacionais, mas muito deles com incidências de tal modo peculiares na vida dos povos da região que se torna, em alguns sectores, um esforço quase heróico superar as dificuldades que dia após dia vão surgindo. Torna-se necessário, na verdade, uma perseverança uma notável dureza de ânimo, para que se possa caminhar confiante na esperança de melhores dias, com os olhos postos no Chefe cio Governo, que o Pois acolheu calorosamente e em quem deposita a mesma justificada confiada da primeira hora.

A ideia deste aviso prévio é resultante dos anseios e das inquietações que os Deputados pelo círculo por que fui eleito tiveram o cuidado de perscrutar no decorrer da última campanha eleitoral e posteriormente confirmado em contactos que vimos efectuando com entidades representativas de vários sectores da vida pública. E ao efectivá-lo, faço-o com perfeita tranquilidade, pois não me pesa na consciência ter deixado de colaborar sempre lealmente, numa dedicação contínua e com um entusiasmo sem arrefecimento, mesmo nas situações mais delicadas, nunca me deixando arrastar por tentações condenáveis, nem por negligência própria, nem por influências subtis do meio exterior. Nada devo à política, nunca me prendi 11 compromissos de qualquer espécie que não fossem os do cumprimento do dever, sempre repudiei a demagogia fácil e apenas me nortearam os sentimentos da justiça, do bem-estar social, da grandeza do País em que nasci.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É neste estado de espírito que, no cumprimento sereno do mandato que nos foi outorgado, vou produzir algumas considerações gerais, despidas de qualquer pretensiosismo.

Reconheço que é vasto e complexo o enunciado do aviso prévio, a requerer um poder de síntese que se harmonize com as exigências do tempo regimental, mas tranquiliza-me a colaboração, de certeza brilhante, que me será prestada pelos Srs. Deputados intervenientes por forma que os objectivos que nos movem não sejam iludidos.