no "programa de renovação" contratado, e de execução prevista até 1975.

Á C. P. disse-nos em escrito de Maio de 1969, e isto é dever nosso não silenciar, "que, consciente da gravidade da situação que está a resultar da degradação da actual infra-estrutura da linha do Sul, decidiu recentemente incluir no programa de renovação da via já contratado a renovação de todo o itinerário Barreiro-Beja, integral entre Barreiro e Vendas Novas, e com reaplicação de carris entre Vendas Novas e Beja, trabalho que será realizado em 1974, não sendo possível iniciá-lo antes devido a múltiplos factores a atendei".7 750 088940

Mais nos apraz referir a entrada em tráfego, o que teve lugar em Julho do ano passado, da celebrada "variante de Beja", cujos trabalhos haviam sido iniciados há mais de trinta anos I E porque também, na oportunidade, frisámos a incompreensão por tamanha demora, que afinal sempre teve o seu termo, confessamos à C. P., por isso, o nosso reconhecimento.

O pedido é para que a "linha do Sul" seja devidamente modernizada, e não remendada, e em antecipação da data que se indica.

E fazemo-lo por ser grave, muito grave mesmo, o estado da via, cujo remédio precisa de ser drástico e imediato, não bastando uma acção de simples emoliência!

O Sr. Leal de Oliveira: - Muito bem!

O Orador: - Pela quarta vez, e na mesma zona, descarrilou um comboio, este no último dia 14 de Setembro do ano passado, precisamente dezasseis anos feitos na véspera sobre a tragédia das Pereiras, em que houve mais de trinta mortos e muitas dezenas de feridos.

Por feliz acaso, agora, "tudo se passou milagrosamente", no dizer dos passageiros. Quatro carruagens enfeixadas e apenas cinco feridos é realmente milagre, que é bem capaz de não voltar a repetir-se. E até porque a Providencia não estará disposta, com certeza, a aturar sempre a inoperância e o descuido dos homens! Em vez de cinco feridos poderia haver centenas de mortos a lastimar - bastava que tudo se tivesse passado meia dúzia de metros adiantei

O nosso par do Algarve, engenheiro Leal de Oliveira, certamente impressionado ainda pela ideia deste acidente, e referindo-se a outros ultimamente verificados na linha do Norte e no Pinhal Novo, proclamou bem alto "que isto não pode continuar assim"!

Mas estes acidentes últimos devem-se a falhas humanas, e essas são admissíveis!

O que não se admite, por princípio algum - "o que não pode continuar assim" -, são as falhas, tantas e continuadas, por absoluta incapacidade da via!

E é que as vidas não se pagam com indemnizações, para mais costumadamente muito baratas!

Por isso é que eu apelo para a C. P., que, com a maior brevidade e antes de outro Verão, que motiva sempre marcada deterioração numa via já doente, repare a "linha do Sul", não esquecendo o troco Beja-Funcheira, por forma, já não a queremos eficiente, mas, pelo menos, que deixe de constituir sério perigo de vidas!

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Almeida e Sousa: - Os tempos que vivemos, se tenteis vezes nos dão noticies que nos entristecem, outras nos trazem que nos enchem de satisfação.

A notícia de que o Sr. Ministro da Educação Nacional tinha homenageado o Prof. Doutor Mário Silva e enunciado a sua próxima nomeação para director do Museu da Ciência trouxe, com certeza, muita alegria a todos os seus antigos discípulos e, porque seus antigos discípulos, seus amigos.

Não me compete, felizmente, julgar dia razão ou não razão de factos passados. O País ainda pode tirar proveito da muita inteligência e do muito saber do Prof. Mário Silva. A satisfação que isto nos deve dar deve ser, quanto a mim, muito superior a todas as altitudes negativos que ainda haja ideia de continuar.

E terminaria por aqui se não entendesse que a reflexão a que este facto noa obriga nos força a rever certas situações que, se alguma vez foram justais, hoje, pelo menos, penso que o não são.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Refiro-me aos valores que, por virtude de condicionamentos diversos dos que vivemos, foram afastados das posições que a sua inteligência e o seu trabalho tinham conquistado.

Lembro-me bem, criança era, das discussões de 1985. Já lá vão trinta e seis anos! Mais do que a pena máxima do Código Penal Português! Trinta e seis anos são, afinal, o prazo do direito à reforma ... Não deverão esses homens ser reformados da reforma a que foram compelidos?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não sei quantos ainda são, nem quem são. Um não há muito tempo vi, felizmente vivo de vida e de espírito: o Prof. Dias Pereira, antigo reitor do Liceu de Coimbra. Tem hoje 80 anos.

Uma razão de justiça me leva a citar especialmente o seu caso: a sua actuação nesta Câmara pregando a tolerância nos tempos bem difíceis de 1919, quando muito contribuiu para que não fossem demitidos alguns professores Universidade de Coimbra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se o tivessem sido, bem diferentes teriam sido, por sua vez, os últimos quarenta anos da vida portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pergunto: se o foi algum dia, será ainda justo manter a demissão deste professor?

Outros casos haverá, certamente, a considerar. Ao espírito de justiça e à clarividência do Sr. Ministro da Educação Nacional deixo a sua apreciação. Será mais um serviço que prestará à concórdia por que todos ansiamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para mais, e na sua maior parte, estou cento, esses homens nada esperam do erário público. Esperam, sim, poder terminar em paz com todos os Portugueses uma vida que, em tantos casos, muito mereceram.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.