guns dípteros, ali realizados, vêm confirmar o que já foi largamente demonstrado nos últimos decénios. Outro tanto diremos dos que dizem respeito a fungos e a vírus.
É já longa a lista conhecida dos insectos entemófogos - quer endófagos, quer endófagos, quer predadores, que, com os fungos, as bactérias e os vírus já citados, constituem hoje notáveis e preciosos instrumentos para a luta biológica.
Devem-se a doía ilustres engenheiros agrónomos portugueses os primeiras aplicações de fungos contra o gafanhoto e o burgo - as primeiras tentativos de luta biológica.
Desde 1988 temos, em Portugal, quem mantenha, confiante, o facho da luta biológica e não se poucos os resultados práticos dessa luta.
Podemos citar, como exemplo, o que se passou na ilha do Príncipe, invadida por uma cachoeira, que desde 1958 parasitava os cacheiros, e de tal modo que, em 1955, fez descer a zero a sua produção.
Importaram-se do Reino Unido cinco espécies entomófagas, mas só uma pôde adaptar-se, depois de adoptada uma técnica portuguesa para a sua cultura. Seis meses depois de lançada na ilha, estava dominada a praga que deixou de ser problema económico. Lá se montam, na ilha, a praga e o seu inimigo natural; mas este contém, dentro de limites mínimos, a cochonilha devastadora dos cacheiros.
Outro coso deste género ocorreu em S. Tomé com a iceria, que devastava as folhas dos árvores que sombreiam os cacheiros. Para a combater importou-se de Espanha a Rodolia cardinalis - o seu inimigo natural. Verificou-se que n8o se multiplicava naquele ambiente - as suas larvas não eram viáveis. Foi num insectário climatizado de Lisboa que se conseguiu, após seis anos de esforço contínuo, que uma estirpe de Rodolia cardinalis se adaptasse e multiplicasse em S. Tomé. Seis meses depois, estava dominada a praga. Tudo isto foi feito em silêncio, sem alardes nem reclamos, e de tal maneira que nem os agricultores de S. Tomé disso se aperceberam.
Mais tarde, um terceiro caso se passou em S. Tomé e Príncipe - por volta de 1965 foi detectada outra cochonilha, parasito do cacheiro. A disseminação de um inimigo natural, importado do Reino Unido, combateu-a eficazmente. Em 1970 pôde considerar-se dominada a praga.
A luto biológica toma aspectos novos e do maior interesse em alguns países. Nos Estados Unidos do América há já uma meia dúzia de casas que, em vez de venderem os pesticidas habituais, vendem aquilo a que já se chama "novos insecticidas" - ovos de insectos predadores.
Num dos números do ano passado do Wall Street Jornal podia ler-se que um número onda vez maior de agricultores está renunciando aos pesticidas e adquirindo, em vez deles, ovos de louva-a-deus (a manto religieuse) e minúsculas vespas (Tricograma), que são inimigos naturais e predadores do pulgão, do piolho e de outros flagelos da agricultura.
Na Rússia há já centros de produção destas "armas vivos" para a luta biológica.
Em Israel foram os próprios agricultores que, conscientes dos seus interesses, promoveram, no seio do mercado citrino, aquilo a que se chama na "fábrica de ento-mófagos".
Em vários outros países do Mundo trabalha-se, actualmente, a sério na luta biológica, com a preocupação de que ela venha a substituir, o mais rapidamente possível, a "guerra química". Os estudos dos vários centros são condenados pela Organização Internacional do Luta Biológica, quite tem a sua sede em Zurique, ida qual Portugal é membro e onde está representado pelo presidente do Junta de Investigações do Ultramar e pelo director do respectivo Centro Zoológico.
Sr. Presidente: Está amplamente demonstrado que a "guerra química" contra as pragas do agricultura e contra os agentes vectores de doença não poderá resolver os problemas que desses e de outras decorrem.
Estão universalmente reconhecidos os perigos- ecológicos e sanitários da aplicação dos pesticidas.
Está também provado que estes podem até fomentar o desenvolvimento das pragas que pretendem combater.
Está afirmada a possibilidade e proclamada a conveniência de impulsionarmos, entre nós, a luta biológica, tal como está- acontecendo em vários países.
Está reconhecido que temos instituições e técnicos capazes de orientarem o investigação e de realizarem os métodos de aplicação de vários inimigos naturais de espécies maléficas.
Por tudo isto, ouso solicitar do Governo o seguinte:
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi cumprimentado.
O Sr. Martins da Cruz: - Sr. Presidente: Pedi a palavra pura remeter para a Mesa a seguinte
Proposta
Ao abrigo do artigo 27.º do Regimento proponho a V. Ex.ª n criação de uma comissão eventual parti o estudo da medidas tendentes a reforçar a Comunidade luso-brasileira.