mós territórios da zona do escudo, seria mais fácil atender aos deficits da balança de pagamentos com o exterior. Por outras palavras: a metrópole deveria adquirir no ultramar uma grande parcela dos consumos susceptíveis de serem produzidos mo ultramar, e o ultramar deveria adquirir aia metrópole tudo o que fosse susceptível de aqui ser produzido.
Este modo de agir implica um reajustamento das condições de produção na metrópole e uma intensificação de produção no ultramar, de modo a satisfazer consumos metropolitanos hoje importados de mercados externos.
Não é impossível uma política orientada neste sentido, e já alguma coisa se tem feito nos últimos tempos. Mas para isso é indispensável que a mentalidade na metrópole e mo ultramar aceitem o princípio da solidariedade económica, realiza mentalmente que é do seu interesse cada um auxiliar as economias dos outros membros da comunidade, consumindo os seus produtos, intensificando simultaneamente a produção interna daquelas mercadorias, que são indispensáveis às actividades produtivas dos outros.
3. O que acaba de se escrever não significa que Portugal, considerado no seu conjunto, queira transformar-se numa zona autárquica. As trocas internacionais ganhariam muito com a anulação de dificuldades que hoje tolhem o comercio externo. As transacções com o estrangeiro aumentariam, equilibrando-se melhor os termos do comércio do conjunto.
As tendências universais da economia são de Uberdade. Não é possível cada um rodear-se de um muro que impeça a livre troca de produtos. Só o esforço interno de cada um dita, ou pode ditar, a sua influência na actividade económica internacional.
E chega-se, deste modo, à única solução possível para a definitiva resolução do problema: intensificação da produção orientada para consumos já criados, existentes numa ou noutra parcela do território nacional.
Não será descabido mencionar neste lugar que a balança de pagamentos da zona do escudo di minuiu de 4 115 000 contos em 1968 para 1 643 000 contos em 1969. Menos 2 472 000 contos.
4. Algumas províncias ultramarinas vivem em regime de euforia. A inflação faz-se sentir acerbamente.
Os investimentos que deveriam ser conduzidos para o incremento acelerado da economia produtiva nem sempre seguem o destino próprio. E a sorte de países novos e, ato certo poeto, justificada por difíceis condições locais.
Mas a euforia de que resulta quase sempre a inflação tem consequências graves. Elas manifestam-se no desequilíbrio da balança de pagamentos, e até na quantidade de obras úteis que podem ser realizadas.
Medidas n.º sentido de refrear a inflação, de se reduzir o poder de compra em certos consumos sumptuários, de orientar o investimento para empresas de reprodução a curto prazo, «ao condições fundamentais de equilíbrio.
5. A vida económico-financeira do ultramar, durante o exercício de 1969, desenrolou-se sem grandes sobressaltos, e a obra de reconstrução decorreu com resultados que variaram de província para província, sem obstáculos que atrasassem o impulso dos anos anteriores. Mas nem tudo vogou num mar de rosas. Em primeiro lugar, há que acentuar dois acontecimentos que >se projectaram para bem ou para mal em Angola e em Moçambique.
Na grande província da costa ocidental inverteu-se o sinal do comercio externo. A balança comercial tradicionalmente positiva tinha perdido o equilíbrio, e os
dois últimos anos fecharam com; saldos negativos volumosos. Apesar do grande aumento nas importações, o auxílio à exportação de mercadorias originadas no subsolo - os minérios de ferro e os produtos petrolíferos - já fizeram sentir a sua influência em 1969, e ainda mais a hão-de acentuar nos próximos anos. Foi uma das razões do equilíbrio positivo da balança comercial de Angola neste ano. Infelizmente um segundo acontecimento, este oposto ao equilíbrio, agravou acentuadamente a balança comercial de Moçambique. E com o desequilíbrio nasceram dificuldades de natureza monetária, com efeitos perniciosos na vida económica provincial.
Nas outras provinciais continua a monotonia nas cifras cabo-verdianas, materializadas em deficits comerciais volumosos, em fracas exportações que parecem amarradas a cifras imóveis. Não admira que na Gume se mantenham os saldos negativos, dadas as circunstâncias que assoberbam a província, e, até certo ponto, é de surpreender que não sejam piores os resultados.
Mas S. Tomé e Príncipe dominou ais dificuldades, que serão sucintamente descritas na altura devida, e manteve, embora com muito menor valor, o saldo positivo tradicional que, este ano, é devido, essencialmente, a cotações anormalmente altas no cacau. ,Pelas razões apontadas no texto, não parece serem auspiciosas as condições do futuro. Esta província e Angola são os únicos territórios que fecharam a conta do comércio exterior, com saldos positivos. Macau continua em progresso, acentuado nas receitas ordinárias e em outros índices que serão estudados adiante, e Timor, com agravamento na balança comercial, procurou refazer centos aspectos da sua economia também atingida por acontecimentos em países vizinhos.
nos
Supondo 1938 igual a 100, o índice de 1969 fixou-se em 2582. E uma cifra alta, que cresce; todos os anos. As receitas do ano agora sujeito a apreciação caminham aceleradamente para o triplo das de 1960 ano anterior à guerra de África.