Quando são fracas as colheitas na agricultura, em anos de seca, quase sem chover, o arquipélago importa grandes quantidades de produtos alimentares, de milho em geral. Não é possível reduzir grandemente as importações de outros produtos porque a vida mão pára. A única solução é o recurso à vinda de fora dos alimentos essenciais. E o déficit da balança comercial aumenta.

Foi o que aconteceu, em 1969, com a importação em relação ao ano anterior de mais de 65 199 contos de milho, 3428 contos de arroz, 6328 contos de feijão e ainda de outros produtos aumentares.

Parecia que o investimento de vastas somas no fomento agro-pecuário, na disciplina de levadas, na acumulação de reservas aquíferas, no fomento agrícola ou pecuário, e mais, já deviam ter produzido efeitos no sentido de reduzir as dificuldades em anos de seca.

Mas o exame das condições económico-sociais, ano após ano, dá ideia de que pouco alívio trouxeram à vida do arquipélago. As importações de produt os alimentares aumentam em vez de diminuir, e a saída de outros produtos mantém-se por cifras baixas.

Já agora terá de se concluir, depois de tantos fracassos, não ser possível reduzir a importação de produtos alimentares. Haverá que seguir o caminho de mais intensa exploração dos recursos de natureza industrial, já conhecidos, como as pozolanas, a pesca, o sal, e fabricar mercadorias que possam equilibrar os deficits da balança alimentar.

O porto de S. Vicente poderá ajudar o reequilíbrio da balança comercial, mas não é suficiente. A dispersão demográfica por muitas ilhas poderá opor-se à formação de um ou mais pólos industriais. Mas não parece impossível, dadas as aptidões da população, melhorar sensivelmente as condições actuais.

Os planos de fomento têm de ser orientados para objectivos de produção, práticos, de resultados produtivos a curto prazo, e não para estudos tantas vezes teóricos que consomem grandes somas e que, no fim de contas, não vêm exerc er influência na economia cabo-verdiana.

De outro modo, o província continuará a aumentar a sua dívida, que já atinge 870 569 contos, cabendo ao Tesouro da metrópole 821 073 contos.

Comércio externo O desequilíbrio negativo da balança comercial em 1969 elevou-se a 374 200 contos e é o maior registado até hoje. De 1964 em diante o déficit foi sempre superior a 200000 contos. Parece, pelo exame dais cifras, das importações, das exportações e dos saldos, que de nada ou pouco valeram as grandes somas investidas na província.

No quadro a seguir desenrola-se a posição do comércio externo nos anos indicados:

1940 ....

1962 ....

1963 ....

1964 ....

Nos últimos quatro amos a soma dos saldos negativos é superior a 1 050 000 contos.

Numa economia fraca a acumulação de saldos negativos, até no caso de serem abundantes as receitas de invisíveis, produz sempre efeitos graves.

O aumento de 136 900 contos, num ano, mas importações surpreende. Sabe-se a que foi devido uma parcela, mas o acréscimo caracteriza de qualquer modo a economia de um arquipélago que poderia produzir mais. Basta dizer que as exportações são 10,6 por cento das importações. A percentagem em 1968 era já muito baixa (14,4) e desceu ainda para a cifra apontada, que não faz sentido e é inédita no contexto ida economia nacional.

Nos seis últimos anos, a relação entre as exportações e importações consta do quadro seguinte:

1964 ....