Ainda não é possível dar uma nota optimista, neste ano de 1969, sobre a evolução de economia de Moçambique.

A província atravessa uma crise de crescimento que se projecta nos consumos.

Não há dúvida de que se nota ultimamente um surto benéfico em certas modalidades industriais, e se anunciam novas empresas com o objectivo de aproveitar matérias-primas locais. E algumas explorações agrícolas como a do algodão parece ressurgirem agora da decadência que as caracterizou nos últimos anos. Mas o balanço da actividade de 1969, revelada pelos únicos elementos seguros na posse do relator, não permitem emitir uma opinião francamente optimista sobre a economia provincial. O aspecto mais sério que necessita de ser enfrentado corajosamente é o da balança de pagamentos. O déficit dos últimos anos agravou-se muito em 1969. No período de transição, que será demorado, de uma economia enraizada na produção agrícola de meia dúzia de produtos, e uma situação mista com base em elementos produtivos também de natureza industrial, há-de ser indispensável importar maquinarias e equipamento de diversa natureza, que avolumarão as importações.

Mas esse próprio período de reconversão, como é uso hoje dizer-se, tem como origem o investimento de capitais de fora da província, classificados como operações de capital. Deste modo, o impacte de um esforço produtivo terá efeitos menos graves na balança de pagamentos.

O problema está agora em fazer uma tentativa séria no sentido de desenvolver os recursos conhecidos, como parece estar a ser feito com o algodão e pode ser extensivo ao tabaco, amendoim e outros produtos.

A empresa de Cabora Bassa está em início e, apesar das dificuldades, chegará a seu termo em prazo oportuno. Exercerá certamente grande influência no progresso da província, juntamente com as implicações na exploração mineira e agrícola, seus naturais corolários.

Mas uma e outra obra pode e deve ter grande repercussão na economia do Sul da província, e descrita e relembrada, por diversas vezes, neste parecer desde o início da sua publicação, em 1954. E a do aproveitamento do rio dos Elefantes, um afluente do Limpopo.

Tal como se encarou, com a construção da barragem de Massagir, naquele rio, Lourenço Marques beneficiará de abastecimento de energia hidroeléctrica, em especial na época estival, vinda do rio dos Elefantes, e a colonização da zona do Limpopo será feita em melhores condições e poderá ser alargada por haver amplas disponibilidades de água na albufeira de Massagir. Tudo indica o valor económico deste empreendimento, que tem sido estudado nos últimos anos e parece estar em vias de execução.

Comércio externo O desequilíbrio do comércio extenuo em 1969 atingiu proporções inesperadas. O déficit já volumoso nos últimos anos aumentou subitamente parai 3 410 000 contos, ou 45,5 por cento das importações totais. O valor do déficit avizinha-se do das exportações (4 081 035 contos).

Esta situação é manifestamente difícil, porque as importações têm de ser pagas, e apesar do grande volume de invisíveis, eles estão longe, em conjunção com a exportação, de liquidar o grande volume de importações.

Nos últimos anos os deficits do comércio externo foram os seguintes:

1969....

A partir de 1966 os deficits foram sempre superiores a 2 milhões de contos. O agravamento veio sem ser esperado, em 1966, e no parecer deste ano analisaram-se as causas. Mas o desequilíbrio manteve-se e alargou-se até ao ponto de estar a caminhar para 4 milhões de contos. O desequilíbrio do comércio externo de 1969, que eleva o déficit para 3 409 958 contos, traduz-se nos números que seguem:

Designação

Diferenças....

Dois factores são visíveis nas cifras. A importação, já alta em 1968, subiu ainda 750 856 contos, e a exportação, que se mostrara muito progressiva naquele ano, com 4 420 172 contos, desceu em 1969 cerca de 339 137 contos. Um retrocesso com graves efeitos na balança do comércio.