Recordo que em 1064 a Sopoantu, pela primeira e única vez, transportou nos seus navios 100 por cento das ramas importadas, num total de l 244 000t!
Finalmente, outros navios, nomeadamente de carga a granel, estão adquiridos e em vias de aquisição, tudo levando a crer que neste aspecto e antes do fim de 1971 sejam bem diferentes os números relativos a carga transportada em navios estrangeiros do tráfego reservado à bandeira nacional, que atingiu 522 000 t em 1971!
Para completai- este quadro informarei ainda que os navios de passageiros fizeram 39 viagens, transportando tropas entre a metrópole e o ultramar, e que nessas viagens se movimentaram cerca de 75 000 homens.
Ainda que o transporto de militares possa vir a ser feito em grande porte por
avião, num futuro próximo, com as vantagens de tempo que permitirão um maior aproveitamento operacional dos homens, não há dúvida que não será possível dispensar os navios de passageiros, mesmo em viagens regulares para o ultramar, pelos tempos mais próximos. Esta uma idas razões que aconselham a reserva de tráfego, pois os navios de passageiros são deficitários em carreiras regulares e os armadores só constrangidos os operam. A reserva de tráfego convenientemente administrada, obrigando as empresas a possuírem frota que satisfaça a totalidade e variedade das necessidades nacionais deste trafego, permito forçá-las a certas viagens e escalas em pontos que não soo rentáveis, mas politicamente essenciais.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Penso que a orientação estabelecida pelo despacho n.º 102, de Agosto de 1970 do Ministro da Marinha, que atribuiu percentagens de tráfego reservado os companhias já em parte agrupadas, conduzirá a uma total nacionalização do tráfego interterritorial, levando naturalmente as empresas de navegação a associarem-se provavelmente em dois grupos poderosos, com frotas mercantes que se aproximem das médias de tonelagem internacionalmente consideradas aceitáveis para autênticas companhias de navegação.
Dá-me satisfação poder aflorar este sério problema da marinha mercante nacional com vistas muito mais favoráveis, quase, optimistas, relativamente àquelas com que me foi dado analisá-lo em 1970, quando da tomada de contas de 1968.
Termino; dando a minha aprovação às contas da 1969 e com uma palavra de optimismo moderado, pois se, internamente parece que há certo espírito de renovação e novas iniciativas em curso, preocupa a ânsia materialista que nos começa a avassalar e a tendência para trabalhar cada vez menos ganhando cada vez mais, com a correspondente inflação e limitada produtividade. Por outro lado, no exterior, a crise está declarada e os seus reflexos terão de ser inevitáveis nu débil economia portuguesa, visto o que realmente se verifica ser já, em grande parte, consequência dos maus exemplos colhidos no estrangeiro. Porque esses, os maus exemplos, são os que, na evolução que se processa, se assimilam imediatamente, pois, aos bons, estamos cada vez menos receptivos.
Vozes: - Muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Vou encerrar a sessão.
Antes, porém, convoco a Comissão de Defesa Nacional para se reunir na próxima sexta-feira, pelas 11 horas, a fim de apreciar matérias que o seu presidente lhe exporá.
Aproveite para pedir aos Srs. Deputados que desejem intervir no debate sobre as contas públicas o favor de se prepararem de modo a n5o demorarem as suas intervenções, uma vez que é incerto poder ser concedido a esse debate um largo prazo.
A próxima sessão será amanhã, 21 hora regimental, tendo como ordem do dia, na primeira parte, a apreciação do pedido do Sr. Deputado Mota Amaral de dispensa das suas funções de 2.º secretario da Mesa, e, na segunda parto, a continuação da discussão aos conta públicas do ano de 1969.
Está encerrada a sessão.
Eram horas e 30 minutos.
Srs. Deputados que entraram durante a sessão:
Francisco de Nápoles Ferraz de Almeida e Sousa.
João Duarte de Oliveira.
José da Silva.
José Vicente Pizarro Xavier Montalvão Machado.
Lopo de Carvalho Cancella de Abreu.
Manuel José Archer Homem de Mello.
Manuel Marques da Silva Soares.
Vasco Miaria de Pereira Pinto Costa Ramos.
Srs. Deputados que faltaram à sessão:
Alberto Marciano Gorjão Franco Nogueira.
Alexandre José Linhares Furtado.
Álvaro Filipe Barreto de Lara.
António Bebiam o Correia Henriques Carreira.
António Pereira de Meireles da Bocha Lacerda.
Armando Vaííredo Fures.
Duarte Pinto de Carvalho Freitas do Amaral.
Fernando Artur de Oliveira Baptista da Silva.
Francisco Correia das Neves.
Gustavo Neto Miranda.
Henrique José Nogueira Rodrigues.
Humberto Cardoso de Carvalho.
João António Teixeira Canedo.
João Manuel Alves.
João Ruiz de Almeida Garrett.
Joaquim Carvalho Macedo Carreia.
Joaquim Germano Pinto Machado Correia da Silva.
José Coelho Jordão.
José da Costa Oliveira.
José Dias de Araújo Correia.
José Guilherme de Melo e Castro.
José de Mira Nunes Mexia.
Júlio Alberto da Costa Evangelista.
Luís Maria Teixeira Pinto.
Manuel Homem Albuquerque Ferreira.
Maximiliano Isidoro Pio Fernandes.
Rafael Vaiada dos Santos.
Tomas Duarte da Câmara Oliveira Dias.
Victor Manuel Pires de Aguiar e Silva.