Vem isto a propósito da existência de dois fundos nessa pequena mas tão cara parcela ao coração dos portugueses: Timor.

Efectivamente, a p. 455 do parecer sobre as contas gerais do Estado relativo ao ultramar vê figurarem-se, entre os serviços ditos «autónomos da província, o Fundo de Fomento da Produção e Exportação e o Fundo de Diversificação e Desenvolvimento. Não será um pouco de mais? E como se coordenara esses «serviços autónomas»?

Mas quanto, bem conjugado, coordenado, não pode vir a desenvolver-se em todos os aspectos o espaço económico - social português?

Impõe-se assim, no âmbito restritamente económico - financeiro, a prospecção de novas oportunidades de criação de riqueza, de fomento das tradicionais sempre que o estudo dos mercados o possibilite e de mais Acentuada valorização da produção por incorporação de mão-de-obra, outros factores produtivos ou novas tecnologias e - técnicas de comercialização e promoção de vendas dos produtos nacionais.

Estou a lembrar-me, por exemplo, das vastíssimas possibilidades de desenvolvimento turístico dos territórios nacionais.

Estou a recordar-me também dos altíssimos valores de várias secções da pauta do comércio importador, por onde se escoa para o estrangeiro apreciável volume de divises em bens de consumo susceptíveis de serem manufacturados no espaço nacional - se até os «purés de batata» dos nossos hiper, super ou minimercados do estrangeiro nos chegam, que dizer dos electrodomésticos que começam a invadir mecanicamente as nossas casas?

Estou a pensar em quanto poderia ser valorizada a produção nacional, metropolitana e ultramarina, de alguns bens. Como pasta de papel ou madeiras em bruto e serradas, concentrado de tomate, minérios de ferro ou diamantes em bruto, que outros são hábeis em levar tecnologicamente mais avante, incorporando porventura matérias - primas que igualmente sã encontram disponíveis nos mercados mundiais ou recorrendo a técnicas especializadas de mão-de-obra que também se poderia formar mais aceleradamente entre nós.

E quanta da produção ultramarina (algodão em rama, tabaco não manipulado, sisal, ramas de açúcar, castanha de caju, amendoim, cacau e café em grão, peixe, madeiras brutas ou em toros, minerais ... - não seria possível ser industrializada em maior grau nas próprias regiões produtoras da Nação?

Estou a lembrar-me, por último - pois já vai longa a intervenção- do impressionante volume de importação de oleaginosas de países africanos tão pouco nossos amigos (de um total de 720 000 contos, só 90 000 provêm do ultramar), de algodão (670 000 contos nos chegam do estrangeiro), do tabaco (de que se importa do exterior o triplo do que o ultramar nos envia), do milho, do trigo, do arroz, etc. Não quero crer que no Portugal metropolitano e ultramarino escasseie terra para muitas dessas produções .

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Mas tentativas no sentido de tornar menos onerosa a balança comercial, reduzindo o eu impacto na economia do País, estão ligadas a problemas de diversa natureza, aparentemente alheios ao próprio desenrolar do comércio externo [...], como sejam, as estradas [...] e outros vias de comunicação, os transportes rodoviários e ferroviários, os portos e navegação, os aeroportos e transportes aéreos, as telecomunicações o meteorologia.

E com alegria que vejo as despesas realizadas com a rubrica «Transportes, comunicações e meteorologia» nas províncias de além-mar, por não desconhecer a extraordinária importância destas infra - estruturas no processo de crescimento económico das regiões em vias de desenvolvimento.

As verbas consagradas em cada um desses territórios a tal rubrica no conjunto dos despesas extraordinárias por conta do III Plano de Fomento são percentualmente as seguintes:

Despesas extraordinárias (1969) era transportes, comunicações e meteorologia

Províncias ultramarinas Contos Percentagens das despesas de fomento

Bem os quiséramos ter acumulado com os das verbas passadas, gastas ao abrigo dos sucessivos planos, de fomento, mas o parecer apenas nos faculta o que em Gabo Verde, em S. Tomé e Príncipe e em Timor se já gastou no decorrer desses anos.

São, do entanto, suficientemente significativos os valores acumulados em alguma dessas províncias face aos últimos apresentados (1969) porá que ajuizar se possa do que terá vindo a ser consagrado a «Transportes, comunicações e meteorologia» DO conjunto das despesas extraordinárias das províncias de além-mar:

Transportes, comunicações e meteorologia

Até aos de 1969 percentagens do total de fomento

Vai agora o meu pensamento para Angola, esse portentoso gigante adormecido a acordar estremunhado com a riqueza que em si mesmo se contém; vai também o meu pensar para essas encantadoras ilhas paradisíacas choutadas no meio do Mundo - uma e outra terras que tive a grata alegria de descobrir para mim mesmo, de contactar, de conviver e percorrer, na passada deslocação

Haveriam de somar-se também BB despesas ordinários da conta doe orçamentos provinciais que representassem igualmente investimentos, bem como de empresas privadas do sector, para que melhor ajuizar se possa do que tem vindo a ser consagrado a estas infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, marítimas e aéreas.