de deputados a terras de Afinca intertropical, e que desta tribuna quero pela primeira vez recordar.

Recordar e sonhar...

Está bem - vivo no meu espírito o admirável esforço das suas e nossas gentes na abertura das estradas, na modernização dos caminhos de ferro, na actualização de portos, na construção de aeródromos e pistas de aterragem, de que quero lembrar aqui Cangambá, nos confine do Leste de Angola, e Carmona, li no Norte, pelo que representou para nós.

Mas não podemos dar-nos por satisfeitos, temos de nos ultrapassar a nós mesmos e prosseguir a maravilhosa obra de recriação do mundo novo que está surgindo em terras da África Portuguesa.

E nesta matéria de «Transportes, comunicações e meteorologia», sem esquecer outros aspectos (igualmente essenciais, bem quero assumir e acompanhar as aspirações das gentes e actividades económicas angolanas e são- tomenses e dos seus representantes «leitos nesta Casa, pela abertura de novos portos, pela construção de cais e pontes - cais, pela edificação de armazéns, pela modernização de equipamento portuário, pela ampliação e especialização da frota mercante nacional.

O desenvolvimento portentoso da sua economia, da sua produção, do «eu comércio externo, passa pêlos portos e pela marinha mercante - povo de marinheiros espalhados pelas quatro partidas do Mundo, teremos aquela marinha à altura das nossas tradições e necessidades? Parece que voltamos a acordar para elas...

Muito tem vindo a fazer-se no domínio portuário em certas zonas litorâneas de Angola e nossos olhos maravilhados testemunharam o que o parecer nos descreve:

A divisão de Moçâmedes é hoje a de maior movimento, devido a exploração de minas de ferro e ao transporte e embarque dos milhões de toneladas que já produzem.

A economia do Sul da província está a sofrer profundas modificações. O surto na produção mineira requereu obras de grande relevo no caminho de ferro e no porto, que, por sua vez, arrastaram a outras actividades económicas no planalto. A execução do plano do Cunene, com as implicações na produção agrícola e colonização de largas áreas próprias para pecuária intensiva, ainda hão - de valorizar mais o porto de Moçâmedes e respectivo caminho de ferro.

Não sendo de mais, nem menos merecidas, iodas as palavras de louvor que se pronunciem nesta Casa a respeito do excepcional surto de desenvolvimento económico e de progresso social em Angola, e nomeadamente no capítulo do ensino e de infra-estruturas materiais, haveremos de reconhecer que - noutras zonas litorais da província, como em S. Tomé e Príncipe, importa prosseguir, adaptando, modestamente embora, o excepcional exemplo do porto de Moçâmedes.

O futuro haverá de calar minhas razões pela obra a prosseguir...

Saudar com a paixão de quem sentiu e se enamorou dessas terras e dessas gentes, saudar com a saudade de quem, partindo, lá deixou ficar um pouco do seu coração.

Seja-me permitido, Sr. Presidente e Srs. Deputados, esta recordação, não ao sabor de sentimentos acabados de viver, mas amadurecidos pelo tempo e reforçados pela distancia.

África feiticeira, África enfeitiçada, que em nosso coração entrou para ficar - África! Adeus. Até um dia.

O orador foi muito cumprimentado.

ANEXO

(Valor e percentagem da Exportação em 1969)

Peixe e conservas (14 278 contos ou 32 por cento).

Bananas (10 336 contos ou 23 por cento).

Amendoim (65 994 contos ou 63 por cento).

Coconote (23 962 contos ou 23 por cento).

Café (3 232 824 contos ou 34 por cento).

Diamantes (l 844 663 contos ou 20 por cento).

Minérios de ferro (l 100 618 contos ou 12 por cento).

Petróleo em bruto (488 129 contos ou 5 por cento).

Farinha de peixe (347 210 contos ou 4 por cento).

Algodão em rama (329 751 contos ou 4 por cento).

Milho (305 129 contos ou 3 por cento).

Madeira em bruto e serrada (224 001 contos ou 2 por cento).

Sisal (196 821 contos ou 2 por cento).

Moçambique:

Algodão em rama (798 578 contos ou 20 por cento).

Castanha e amêndoa de caju (719 988 contos ou 18 por cento).

Açúcar (547 687 contos ou 13 por cento).

Chá (234 036 contos ou 6 por cauto).

Óleos vegetais (208 194 contos ou 5 por cento).

Madeira em bruto (195 476 contos ou 5 por cento).

Matérias têxteis e respectivas obras (136 476 000 patacas ou 55 por cento).

Café (50 015 contos ou 81 por cento).

O Sr. Miguel Bastos: - Sr. Presidente: Desejava fazer hoje um pequeno comentário sobre o sistema actual de fiscalização financeira exercida sobre a aplicação dos dinheiros públicos.

E certo que se trata de uma matéria um tanto árida, mas de importância transcendente, pois é de contas certas que nasce o crédito do Estado, e é para o zelar e defender que o Tribunal de Contas, no campo, jurídico - financeiro, e esta Assembleia, no aspecto político, se debruçam sobre o documento que está agora em discussão: a Conta Geral do Estado.

Não queria, porém, entrar nas minhas considerações, que desejaria fossem breves, sobre este assunto sem manifestar os meus mais sinceros sentimentos de admiração pelo trabalho, a todos os títulos notável, que se evidencia do parecer que acompanha as contas públicas que estamos a discutir.

Saudando os dignos membros da nossa Comissão de Contas, não posso deixar de especializar, nessa saudação, o seu presidente, o Sr. Deputado Araújo Correia, que me habituei a admirar e a respeitar há mais de vinte anos, desde que tive assento, pela primeira vez, nesta