lavra de agradecimento, a V. Ex.ª e à Câmara, pela compreensão manifesitadia para com o meu intuito e motivos.

Se bem q-ue o lugar até ontem por mim ocupado não exija do seu titular a adopção de uma atitude imparcial, muito menos indiferente, face ao que -se desenrola na Assembleia e V. Ex.ª sempre assim o entendeu, dentro da letra e do espírito do Regimento, mesmo em circunstâncias especialmente delicadas, julgo que o correcto preenchimento daquele cargo é incompatível com o modo como projecto no futuro próximo o exercício do meu mandato parlamentar.

Foi para mim uma honra servir esta Câmara no último dos lugares da Mesa durante quase duas sessões legislativas completas. Se algum mal-entendido -entretanto surgiu com qualquer dos meus ilustres colegas, decerto terei tido responsabilidades no assunto, cumprindo-me, por isso, apresentar as minhas desculpas.

Retomo com alegria o meu lugar no hemiciclo. Apenas ine enisombrece «ate momento sinceramente o digo a mágoa de ter terminado o convívio de dia a dia com V. Ex.ª, Sr. Presidente, por força do qual o respeito e admiração que tinha, mesmo antes de entrar nesta Casa e sequer de o conhecer, pelo Sr. Engenheiro Amaral Netto se acresceu taram em apreço e simpatia profunda. Vale-me a firme certeza de que, na contingência das circunstâncias em que decorre a vida. os mais nobres sentimentos humanos podem sempre permanecer.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: Srs. Deputados: Vamos passar à

Continuação da discussão da- Conta Geral do Estado do ano de 1969. Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Frazão.

O Sr. Lopes Frazão: Sr. Presidente e Srs. Deputados: Carrego de suportação bem difícil é este de vir à tribuna da Assembleia na vez desse «Homem Grande» da Guiné que foi o Dr. Pinto Buli. Com a chama ateadíssima do seu portuguesismo autêntico e o seu tanto querer e saber do «chão guineense», onde teve o seu berço e a mortalha prematura, e mais ainda o interesse que punha no melhor passadio das suas gentes, que muitíssimo o preocupavam e tinha bem apegadas ao seu coração de homem amantíssimo do bem, desmedido na afabilidade, laborioso a mais não poder, de carácter em rectidão sem mácula, e firme nas suas convicções, pois o Dr. Pinto Buli teve nesta Casa, que só dignificou e enobreceu, acção muito decidida e da maior relevância na sustentação do Portugal ultramarino, tão nosso, assim seguramente afirmado e cada vez mais firmado.

À grandeza da palavra desse homem que vivia e sentia a Guiné como coisa sua, que o era na verdade, o que podemos nós contrapor se não uma pequenez de fala e ainda por mais assente no conhecimento extremamente diminuído de uma meia dúzia de dias passados a correr por essas terras fortemente potencializadas por uma seiva de vida que impressiona e promete novos e certos rumos ao futuro e que teimam por todo o lado assim o percebemos na perene lusitanidade. como força desmesurada que as anima em toda uma larga existência, de engrandecimento e dignificação, de mais de cinco séculos,

Conseguintemente, Sr. Presidente e Sr.s. Deputados, o longe da nossa observação queda-se por muito perto, e para pior ser não pode deixar de se acobertar numa expressão de máximo apagamento.

O dever nosso seria, portanto, silenciarmo-nos sobre a transcendente problemática económica da Guiné, ora apreciada, com precisão e clareza, no parecer das contas gerais do Estado em discussão.

Contudo, é igualmente dever que nos cabe, e não menos pressionante, cumprir o prometimento que fizemos, à hora da partida daquela província de valia imensurável, ao Sr. Governador, que a comanda com rara- inteligência e vincada perfeição, de a termos também por círculo nosso.

Bem merece a forte personalidade do Sr. General António de Spinola a maior ajuda, que é sempre pouca para quem numa conduta certa e incontestada está edificando a sua «Guiné Melhor».

Essa província, que ao rnesmo tempo nos enlevou e entristeceu, já pelo encanto paradisíaco do .sua plaino imenso luxuriante e do seu povo bom e afectivo, que por toda a parte nos acolheu em transbordânoia de sincera amizade, já pela fatalidade do acontecimento trágico que nos havia de enlutar a missão, conseguiu ela enraixar-se no nosso sentir, e. por isso, hoje a vivemos na intensidade do seu querer e ser.

Estas, e só estas, as razoe* a promessa e a. nossa entrega cada vez mais funda ao melhor viver da Guiné nos levaram à apreciação, modesta embora, das suas contas gerais à margem do pretensiosismo, que seria estulto, de virmos explanar ideias novas, pois todas são por de mais conhecidas dos responsáveis do Governo, mas, sim e tão-só, pedir a maior celeridade à acção central, pela urgência, de tantas exercitações de que a Guiné carece para seu máximo progresso, todo aquele pelo qual anseia a pessoa dinâmica e animosa do seu grande governador e de todos quantos a sentem na sua- verdadeira dimensão de território vivamente disputado, e assim precisado do maior acarinharnento.

O Sr. Ganoella de Abreu: Muito bem!

O Orador: O clima de. total confiança que hoje se respira na Guiné Portuguesa, mercê da acção esforçada., toda conduzida em rumo certo e perfeitamente trilhado pelas nossas forças armadas, que lá se batem com des-temor e valentia, guardando a terra e ao mesmo tempo promovendo nela uma obra sócio-económica e cultural do maior avantajamento, consente irmos para diante, apontando aos objectivos mais distantes do desenvolvimento, sem receio de sermos estorvados.

O povo da Guiné e&tá connosco, e disso ninguém deve ter d ú vidas; só as poderá ter quem não a- demandou por todo o sítio, em confiança, como a nós nos foi dado essa gratíssima averiguação. Temos do nosso lado 85 por cento da população autóctone, e a zona de operações apenas abrange a ínfima percentagem de 15 por cento da superfície total do território; mesmo nela não há domínio algum do terrorismo, mais apenas a sua traiçoeira acção do bater e fugir.

O povo é nosso efectivamente. Nem outra coisa seria de esperar no conhecimento pleno que tivemos das excelsas virtudes do seu governador.

O Sr. Ganoella de Abreu: Muito bem!

O Orador: Já no Velho Testamento, no Eclesiástico, é dito que «qual o governador da cidade, tais são os seus