estações de fomento pecuário, de Pessubé e Bissorã,. em plena eficiência de funcionamento, bem como os postos de sanidade alargados em número por todas as regiões de pecuária densa, e melhorados em equipamento, material e humano , tudo isto precisa a Guiné para uma pecuária maior e melhor, por forma a podermos ter nela um grande nervo motor da economia agrária provincial.

Igualmente o sector agrícola está carecido de uma maior atenção, pois em matéria de forragens muito está por saber e fazer; o arroz, que a província exportava em certa medida, importa-o hoje em quantidade; as alfaias agrícolas motorizadas necessitam die entrar e serem espalhadas; os adubos devem ser estudados e profusamente distribuídos; as culturas carecem de grande diversificação, possível e necessária, quer para melhorar a monótona dieta das genifres, quer paiia «avolumar as diminuídas exportações; a água precisa de ser explorada com largueza.

E no tocante às culturas ainda, mais diremos que nos-foi dado conhecer as possibilidades da Guiné para. as fruteiras ananás, banana e citrinos , para o cajueiro, o algodão, o tabaco, produtos hortícolas, e mais para o arroz, que podia ser produzido em quantidade, como sói dizer-se, para «dar e vender».

Acompanhando todo o esforço de desenvolvimento agrícola >e pecuário, vem naturalmente a par uma indústria de transformação, e desta está tão precisada a nossa Guiné. Dinheiro e vontade não faltam aos alienígena.*, que vimos na província sentirem-na como terra sua.

Nesta luta hercúlea por uma «Guiné melhor» se empenha o Sr. Governador, para isso não se- poupando a canseiras, a noites mal dormidas, a dias intensamente vividos, no dispêndio sobre-humano de- energia, que tanto nos impressionou © nos deu a certeza de que Portugal, com homens de tão rija têmpera, há-de continuar indiferente aos «ventos da história», e nela se projectar no futuro com a grandeza do passado.

Vozes: Muito bem!

O Orador: Mas o nosso governador sejsi-me permitido tratá-lo assim não pode, por muito que queira, mesmo com a mais exaltada vontade das forças armadas, conseguir toda a realização que pretende e se impõe no domínio do económico, se não lhe forem dadas as condições mínimas para a sua efectivação, traduzidas sobretudo no perfeito equipamento humano dos quadros civis.

Na Guiné havia em Julho passado três engenheiros agrónomos, dos quais dois milicianos mobilizados, e só um médico veterinário, mobilizado também e a acabar a sua comissão de .serviço neste mê-s de Abril. Justo é que salientemos a extraordinária vontade de bem fazer deste técnico, mas absolutamente impotente, como se compreende, perante o tamanho da obra a construir.

Sem quadros civis, com técnica dimensionada e de boa qualidade, nada feito.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Da Conta Geral do Estado relativa à Guiné infere-se, 10 que é bastante animador e mostra o cuidado grande dos responsáveis pela julmlnistraçïïo financeira da província, em 1969, um saldo de exercício de 28 414 coutos, o maior do último triénio.

A diferença para mais nas receitas de 1969, em relação ao ano anterior, elevou-se a 31 924 contos, o que é importante.

à Guiné está, portanto, a evoluir muito favoravelmente, mas necessário se torna que se robusteça muito

mais, e isso só se atingirá com a economia solidificada por uima agricultura bastante fortalecida.

Sócio-culturalm,ente a obra. realizada na província é autêntico trabalho de giga-ntes, e verdadeiros gigantes são os homens que à custa de esforços ingentes a têm erguido até ao nível cimeiro em que se encontra, opondo-a, com nitidez e verdade, à política da mentira camuflada de virtuosismo, que ameaçava subverter o bom povo da Guiné. Gom fragor caiu na lama da ignomínia a falaciosa propaganda que pretendia atrair a si, na sua ingenuidade sã, as populações nativas. Algumas se deixaram tentar por essas promessas enganosas, que só pretendiam substituir, em terras de África, -a um muito favorável convívio multissecula-r, as nossas almas brancas, de sempre respeitadoras e generosas para os nossos irmãos pretos e mestiços, por outras manchadas da maior vermelhilhão, e só eivadas de interesses inconfes-sados.

; Temos de continuar na, frente em luta- animosa e sem quebranto contra a maldade dos homens, espicaçados por maldosas ideias.

Precisamois da retaguarda bem firme nos bastiões da mais acendrada defesa do interesse nacional.

O Sr. Canoella de Abreu: Muito bem!

O Orador: Como o nosso Presidente do Conselho o afirmou na Guiné, na sua- visita à província em 1969. também entendemos que «temos de conquistar a paz».

Que a sua lição magistral de há dias não seja esquecida, é o voto de quem anseia por um Portugal íntegro e melhor.

Vozes: Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: Srs. Deputados: A comissão eventual para o estudo da revisão constitucional desejaria reunir ainda esta tarde. Paira lho possibilitar, vou encerrar a sessão.

Antes disso, porém, convoco a comissão eventual para o estudo das medidas tendentes a -reforçar a -comunidade luso-brasileira para se reunir na segunda-feiria, dia 19, pelas 11 horas e 30 minutos, a fim de apreciar matérias que o seu presidente lhe apresentará; e a Comissão de Negócios Estrangeires para terca-feira, dia 20, igualmente às 11 horas e 30 mánuí-ois, para efeito análogo.

Amanhã haverá sessão à hora regimenitad, tendo como ordem -do dia a Continuação da discussão da Conta Geral do Estado do ano de 1969.

Está encerrada a sessão.

Eram 16 horas e 50 minutou.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Albino Soares Pinto doe Reis Júnior.

António Fausto Moura- Guedes Correia Magalhães Mon-

tenegro.

António Júlio dos Santos Almeida. Delfim Linhares de Andrade. Delfi.no José Rodrigues Ribeiro. Deodalto Chaves de Magalhães Sousa. Fernando Diavid I^aima. Gabriel da Costa Gonçalves.. João António Teixeira Canedc. Joaquim José Nunes- de Oliveira.