um processo natural de industrialização. Pelo contrário, até julgo indispensável uma política que procure promover as chamadas «zonas críticas», dinamizando a sua economia através da criação de novas unidades industriais ou reconversão das existentes. Só o que julgo é que o problema Há-de equacionar-se em termos de eficácia e numa perspectiva de solidariedade nacional, pelo que o desenvolvimento dessas zonas deve ser encarado em coordenação com os pólos industriais dentro do planeamento global que se impõe.

Há, ainda, dois aspectos que desejaria frisar, dentro da matéria do ordenamento industrial, pois que os reputo da maior importância.

Um desses pontos é o da indispensabilidade de harmonizar o ordenamento territorial das indústrias com as necessidades de outros sectores, designadamente agrícola e turístico, o que deverá conduzir a que se evite sacrificar à localização de indústrias zonas particularmente dotadas para fins agrícolas -onde se deverão procurar instalar . complexos agro-industriais- ou para fins turísticos, que poderão ser nitidamente prejudicados com a vizinhança de certas indústrias.

Também nesta matéria do ordenamento industrial há que ter sempre presente que o desenvolvimento do País deverá procurar-se num todo harmónico.

Outro aspecto que desejaria recordar é o da necessidade de fazer acompanhar o esforço de ordenamento industrial com o da promoção do dimensionamento conveniente das empresas, considerando, entre outros, os condicionalismos internacionais a que atrás aludi. Para tanto haverá que procurar incentivar, paralelamente, a concentração de empresas - sem prejuízo da liberalização do condicionamento industrial em curso e da defesa da concorrência- evitando, por outro lado, a excessiva especialização regional, que pode vir a acarretar particulares dificuldades em momentos de crise.

Antes de terminar, queria ainda deixar uma palavra sobre o distrito de Leiria, que aqui, em especial, procuro representar.

O III Plano de Fomento a ele se refere, acentuando «o dinamismo que caracteriza a sua actividade industrial. . ., beneficiando de uma capacidade empresarial crescente». Não deixa, também, de aludir ao desequilíbrio da sua zona do litoral em confronto com a zona crítica do interior, particularmente no norte do distrito, esta a exigir «estudos particulares sobre as respectivas possibilidades de reconversão», que certamente concluirão pela necessidade de nela fixar novas indústrias, como já tive oportunidade de defender nesta Câmara, apropriadas às características da região.

Por vezes, estranha-se que o aglomerado urbano de Leiria apresente um nível populacional relativamente modesto, o que se atribui justamente & dispersão do crescimento industrial. Cabe observar que as estatísticas,

neste caso, são enganadoras, pois que, adicionando à população que vive na zona fulcral da cidade - e figura nas estatísticas -, a dos seus arrabaldes com ela confiantes e onde habitam as grandes massas operárias, o número triplica ou quadriplica, o que coloca a cidade na sua verdadeira posição como centro urbano.

Vou terminar, procurando sintetizar a minha intervenção: em face dos desequilíbrios existentes e da perspectiva da integração europeia, impõe-se o ordenamento industrial - integrado numa política global de ordenamento do território - e a definição de pólos de crescimento nas zonas mais favoráveis, através da política da criação de parques industriais, já anunciada pelo Governo, acompanhada da concentração de investimentos;, essa será uma forma eficaz de suster a emigração, uma vez que se reflectirá na melhoria das condições de vida do povo português; não deverá prejudicar a criação ou reconversão de unidades industriais que se revelem indispensáveis à promoção de «zonas críticas», dentro de um planeamento global; indicação de Leiria como zona favorável à implantação de um pólo de crescimento.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Vasconcelos Guimarães: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao ser debatido nesta Câmara assunto de tanto interesse e relevo para o País, como o aviso prévio sobre o ordenamento do território, parecia indispensável que algumas palavras fossem proferidas sobre comunicações e transporte. A real importância do problema equacionado é indiscutível, e se a ele, na sua generalidade, não se pode fazer ampla e minuciosa referência, por absoluta escassez de tempo, há, pelo menos, que salientar as comunicações por via aérea, dado o seu tremendo empate no mundo moderno.

Ao assistirmos à evolução técnica que as últimas décadas têm trazido para o progresso da humanidade, naturalmente somos levados a considerar o enorme contributo que representa a facilidade de comunicação na troca de pessoas e ideias.

Está implícita nesta análise, como seu factor base, o tempo. Cada vez se vive mais cada minuto. O tempo é elemento primordial na vida hodierna, pois a ele tudo ou quase tudo se sacrifica para poder responder, capazmente, à necessidade de satisfazer a complexidade da era que atravessamos.

Parâmetros mais diversos e variados nos condicionam e para eles não era possível obter resposta positiva se o deslocamento por via aérea não se tivesse processado num ritmo, quase que diria, alucinante.

As primeiras experiências positivas de voo realizaram-se nos princípios deste século. Voos incipientes de curtíssima duração encheram de espanto e esperança os homens de 1900. Mas já no conflito que perturbou o mundo de tal maneira que foi chamado de 1.ª Guerra Mundial se viu a utilização do meio aéreo com aparelhos capazes de conduzir operações militares. Daí aos nossos dias vemos as distâncias serem progressivamente encurtadas, porque se torna possível percorrê-las em tempos julgados inacreditáveis. Não é necessário exemplificar, é suficiente trazer à memória o que todos temos bem vivo neste extraordinário aspecto. Está bem presente o fenómeno diário dos voos transoceânicos, onde os oceanos aéreos foram completamente conquistados pelo mesmo tipo de homens que noutras eras exploraram e conquistaram os oceanos marítimos.