intervenção, a sua importância como meio de os alunos formarem um espírito científico e como exigência de formação de docentes verdadeiramente universitários. A este respeito oito o Prof. Marcelo Caetano, que diz que é com a investigação que ca Universidade adquire mestres, não só professores. É com essa investigação que um país forma gerações capazes de actividades criadoras, e não limitadas à contemplação admirativa ou, quando muito, à atenção imitativas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - 5. Criação de novos centros de educação médica. - O problema atras levantado do numerus clausus nas três Faculdades de Medicina da metrópole sugere imediatamente a pergunta: temos alunos de Medicina a mais ou Faculdades a menos? Dito de outro modo: quais são as necessidades do País em médicos?

Não tenho notícia de estudos recentes sobre os médicos de que necessitamos. No Relatório sobre as Carreiras Médicas, publicado pela Ordem dos Médicos em 1961, demonstra-se que à data as carências eram enormes. Creio que de então para cá a situação não melhorou, pois o aumento do consumo médico, devido em grande parte ao alargamento dos serviços médicos da Previdência e à criação da Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (A. D. S. E.), não me parece ter sido acompanhado de acréscimo proporcional de novos licenciados. Os números referentes a óbitos sem certificação médica ocorridos em diversos concelhos do continente em 1969 (quadro II) reforçam essa convicção.

Óbitos sem certificação médica ocorridos em alguns concelhos, do continente, em 1969 (a)

Óbitos sem certificação médica em alguns concelhos, do continente, em 1969 (a)

[... ver tabela na imagem]

(a) Estatísticas da saúde (continente e ilhas), 1969. Instituto Nacional do Estatística.

Em 1970 havia no continente e ilhas adjacentes, paca uma população de 8 668 267 habitantes, 8299 médicos, o que corresponde a uma proporção de l médico para 1044 habitantes, ou de 96 para 100 000. A distribuição geográfica destes médicos era muitíssimo heterogénea (quadro III).

Repartição dos médicos por distritos (a)

[... ver tabela na imagem]

(a) Segundo os resultados preliminares do recenseamento de 1970.

Se com a Organização Mundial de Saúde considerarmos como proporção aceitável a de l médico por 1 000 habitantes, verificamos que no continente e ilhas adjacentes só os distritos de Lisboa. Coimbra e Porto a tinham francamente mais favorável inferior que na quase totalidade dos restantes, a proporção era duas a três vezes pior l Note-se que dos 8299 médicos existentes em 1970, 4 679 (56 por cento) residiam nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra, cabendo a Lisboa e Porto 4 197 (51 por cento), não parecendo, apesar de tal carência, que em qualquer destas três cidades haja médicos sem trabalho. Para todo o restante território do continente e ilhas fica l médico para 2 238 habitantes!

Como tínhamos em 1960 -sempre no continente e ilhas - 7 075 médicos e em 1970 8299, o acréscimo no decénio foi de 1 224, a que corresponde a modesta média amuai de 122,41.

A conclusão que se tira destes elementos estatísticos á que, mesmo sem incluir o ultramar, o País está despovoado de médicos, o que compromete gravemente o êxito, pelo menos a curto prazo, de uma política de saúde ao serviço de toda a população.

A mesma conclusão se infere de estatísticas que colhi de diversas fontes sobre a densidade médica em países europeus (quadro IV).

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