[... tabela na imagem]

Uma outra pista para reconhecer-se a nossa carência em médicos é dada por um estudo da O. G. D. E de 1966, em que se indica, em diferentes países, a percentagem de médicos na população activa, no qual se verifica a baixa posição que nos cabe (quadro V).

Percentagem de médicos na população activa (a)

Estados Unidos da América 0,51

Jugoslávia 0,44

Canadá 0,43

Noruega 0,43

Grécia 0,40

Suécia 0,36

França 0,36

Holanda 0,36

Grã-Bretanha 0,33

Japão 0,29

Portugal 0,20

(a) Reearaos Humanos em Portugal (síntese de Informação estatística). Mário Murteira, Isilda Branquinho, A. do Matos e Acácio F. Catarino. Edição do Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra, Lisboa, 1969.

E a Câmara Corporativa, no seu parecer n.º 9/IX sobre o projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1978 - continente e ilhas, de que foi relator o Prof. J. R. Almeida Garrett -, reconheceu, em relação aos recursos em médicos, "a necessidade urgente de aumentar o números destes profissionais".

Diversos factores se conjugam, para aumentar, progressiva e aceleradamente, o consumo médico: aumento da população (não podemos contar com a hemorragia da emigração como fenómeno permanente), aumento do número de pessoas de idade (expansão do seguro-doença, política de saúde a procurar atingir toda a população, melhor educação sanitária, consciência do direito à saúde, desejo de bem-estar, aumento do número de acidentes (de estrada, domésticos, profissionais, desportivos, etc.), aumento do número de casos de inadaptação à civilização urbana, aumento da frequência das doenças crónicas, aumento do número de actos de diagnóstico e tratamento por doente, crescente especialização dos médicos com diminuição progressiva da percentagem de clínicos gerais, ocupação cada vez mais frequente dos médicos em novos tipos de acção médica (investigação, higiene escolar, medicina do trabalho, etc.), tendência para a substituição da clínica livre pela prestação de serviços em organizações públicas ou privadas, com consequente redução do número de horas de trabalho por dia e benefício de reforma, etc. Em França, por exemplo, o número médio de visitas e consultas médicas aos beneficiários do seguro social passou de 2,50 em 1960 para 8,22 em 1970 10.

Verifica-se, pois, que a produtividade das nossas Faculdades, isto é, o número de novos licenciados que por ano diplomam não chega, de longe, para as necessidades. E o que é curioso é que esta produtividade, medida não em termos absolutos, mas em termos de rendimento (pela relação enfare as admissões e as conclusões), é baixíssima. Por exemplo, em 1970 concluíram o curso na Faculdade de Medicina do Porto apenas setenta e cinco estudantes. Ora esta autêntica mortandade resulta precisamente, em grande parte, de a maioria dos alunos dado o seu excessivo número - não poderem ser assumidos pela instituição, ficando entregues a si próprios.

De tudo isto concluo ser indispensável tomar a decisão imediata de criar covas Faculdades de Medicina. Alias, se relacionarmos o número de Faculdades de Medicina com o número de habitantes, verificamos que, no contexto internacional, a nossa posição e modesta (quadro VI).

10 "La sélection des étudiante en médfecine", R. Pressat. Le Conconrs Medical, 93, 6381, 1971.

[... ver tabela na imagem]