Consideremos este outro, da, batalha da educação trovada em berra de Borba pelas suas gentes:

Em Borba existe há dois anos uma escola de ciclo preparatório - a Escola de D. Maria I. A vila gamboa imediatamente uma nova vida.

Em volta do benefício das crianças criou-se um clima de entusiasmo, que depressa se traduziu em iniciativas, qual delas a mais feliz.

No ciclo preparatório, os encarregados de educação começaram, desde a abertura, das aulas, a ser solicitados para reuniões, em que problemas relativos aos alunos eram postos em discussão. Na sequência dessas reuniões os assistentes, sempre numerosos, começaram a ganhar confiança amiga, que lhes permitiu abrirem-se com ia direcção. A verdade é que eles não entendiam a maioria dos aspectos que lhes eram expostos. Tinham, pois, de chegar à conclusão, um pouco desanimadora, de não se sentirem em condições de guiar e Acompanhar aos seus trabalhos escolares os próprios filhos.

E aconteceu apegues isto: em breve, a Escola de D. Maria I abriu as suas portas para um curso nocturno destinado aos pais dos alunos que a frequentam de dia - a esses pais que, muito inteligentemente, não querem ver avançar os filhos, ficando fies para trás.

E eis como irradia e se reflecte a acção que uma escola pode desempenhar junto da população de vilas e povoados do País.

Eis por que, tudo isto dito na simplicidade das gentes, se me afigurou suficientemente digno de trazer ao conhecimento desta Assembleia e passar às páginas do Diário das Sessões, pana que conste.

Seja-me permitido ainda, Sr. Presidente, sorno Deputado eleito do círculo lisboeta, uma última palavra de congratulação pela criação, desde a passada sessão legislativa, dos liceus, dos Olivais e da Junqueira, em Lisboa; de Algas, Amadora, Queluz, Sintra e Torres Vedras (Decreto-Lei n.º 447/71, de 25 de Outubro); Idos escolas técnicas dos Olivais, da Amadora, de Alverca, de Louras e de uma segunda escola técnica em Sintra (Decreto-Lei n.º 457/71, de 28 de Outubro), que assim se vêm juntar a muitas outras, dos mais diversos graus de ensino, criadas por este Portugal além, para que ganhar se possa a "batalha da educação".

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos passar à

Continuação da discussão do aviso prévio sobre a educação médica.

Tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Cardoso.

O Sr. Agostinho Cardoso: - Sr. Presidente: E bem oportuno o aviso prévio do Sr. Deputado Pinto Machado quando se desenha uma política nacional de saúde que pretende a cobertura sanitária generalizada Ida população e a melhoria rápida das condições de saúde individuais e colectivas.

Com efeito, tuna educação médica realista que se volte em dimensões convenientes para a sociedade de hoje constitui pedestal indiscutível da política comunitária que pretenda -, progressiva e aceleradamente, levar a todos os cidadãos o usufruto do direito à saúde.

E isso porque o conceito moderno de saúde só é realizável através de uma medicina integral, orientada simultaneamente para a pessoa e para as massas humanas, dirigida ao presente, diversificada em numerosas especialidades médicas e paramédicas que a sua complexidade impõe, apoiada da investigação, que é chave do progresso em qualquer actividade, e subdividida harmoniosamente nos seus três ramos: medicina profiláctica, medicina curativa e medicina de reabilitação.

Essa educação médica, numa corajosa reforma que a leve a este objectivo, tem de considerar, além ao mais, a modelação da personalidade do profissional médico e paramédico dos novos tempos.

E isso, no aspecto integral a que a sociedade bem direito, e ao que dele espera, nos aspectos de preparação profissional, dinamismo e rendimento de actuação, deontologia moral, espírito de missão, suficiência de condições económicas e de trabalho, aperfeiçoamento permanente e culto das virtudes tradicionais de honra, que date deram prestígio junto dessa sociedade.

Médicos, para quem o doente não seja apenas "o invólucro da doença", mas um ser humano a quem se deve solidariedade s se pede a saúde e, às vezes, a vida.

Sr. Presidente: Limitada a um objectivo sectorial como adiante se verá, a minha intervenção apoia quase na integra o estudo sério e profundo do. Dr. Pinto Machado.

O despovoamento médico da provinda, sobretudo nas zonas rurais, e a concentração de profissionais nas três cidades universitárias do País - referi-o incisivamente nesta tribuna em Dezembro de 1969 a propósito da assistência médico-dentária, à população da metrópole. Nessa altura verificar-se-ia um profissional adontologãista por cada 20 000 habitantes, se estivessem uniformemente repartidos pelo País. Todavia, dos 422 médicos estomatologistas e 74 odontologistas não médicos, existentes nessa altura, quase metade (161 estomatologistas e 48 odontologistas) concentravam-se em Lisboa e uma parte imporbamte em Coimbra e Porto.

omos, aliás, o único país da Europa onde até aqui não havia ensino oficial de odontologia e estomatologia, e onde nada há organizado quanto a higiene dentária nas escolas, ou a prótese para os débeis sociais.

Foi por isso que vi com grande júbilo o Sr. Ministro da Educação Nacional anunciar, na sua última comunicação ao Pais, que iria ser criada em Lisboa um curso de Odontologia. É de supor que essa escola, basilar na cobertura das populações quanto a assistência dentária, corresponda a um curso de nível universitário de três a quatro anos de escolaridade. Congratulo-me com esta medida anunciada para 1972, que representa mais um alto serviço que o Prof. Veiga Simão presta ao Pais.

Glosando o problema que põe o Prof. Miller Guerra na sua intervenção, é de perguntar se será possível os Faculdades de Medicina auto-reformarem-se e aceitarem lado a lado novas Faculdades diversificadas, ou se o Estado, depois de todos ouvir, deverá tomar decisões sem grande demora.

É também, no que respeita à autonomia das mesmas, uma vez Deformadas - quanto será preciso cuidar das formas de gestão a estabelecer, para que, fugindo-se de uma tutela do Estado, aliás indesejável, não vá cair se numa mais indesejável oligarquia de alguns docentes, fachada aos elementos vivos que constituem unia escola superior!