turais, o tempo em que o médico passava em frente d" cama do velho, no hospital, sem quase para ele olhar.
A gerontologia aparece-nos como ciência de investigação, perscrutando o mecanismo e o processo do envelhecimento no campo biomédico em ordem a atenuá-lo e um dia talvez a vencê-lo.
Debruça-se também sobre os problemas da evolução e adaptação do homem a esse envelhecimento no plano psicológico e social. E ainda ajuda a traçar as medidas de profilaxia que prolonguem a vida e a velhice fisiológica, estudando o condicionalismo psicológico e social dos diversos ambientes onde se insere a pessoa idosa, com suas reacções próprias. A geriatria, por seu lado, no tríplice aspecto de profilaxia, terapêutica e de reabilitação, é a medicina especializada da gente da terceira idade. Está para ela como a pediatria paxá a criança. A psico-geriatria começa em certos países a desenhar-se já como uma subespecialidade, dadas as reacções próprias, a frequência e a importância dos perturbações psíquicas da terceira idade.
A necessidade de profissionais médicos e paramédicos de geriatria pode avaliar-se por duos ordens de considerações:
E ainda os Estados Unidos, onde trabalham só em investigação gerontológica cerca de 1 400 cientistas, e em Inglaterra, que em 1959 tinha já 95 serviços hospitalares de geriatria.
Desenham-se dois sistemas da assistência hospitalar geriátrica.
Em países como a Inglaterra e a Suécia a geriatria exerce-se em serviços hospitalares especializados. Noutros países é o caso da França pensa-se que as pessoas idosas hospitalizadas não devem ser separadas dos outros doentes, porque seria segregá-las. Os idosos são integrados nos serviços de medicina geral, de psiquiatria, de doenças de longo tratamento de convalescentes, onde os médicos geriatras os seguem.
Há, todavia, unanimidade de vistas quanto a necessidade de serviços geriátricos nos hospitais universitários para pilotar o ensino geriátrico e a investigação gerontológica. A formação de médicos e pessoal paramédico geriátrico obriga qualquer dos sistemas à criação de unidades de geriatria para fins de ensino.
E em Portugal?
Seja qual for o orientação que venha a dar-se à assistência médica geriátrica (enquadrá-la em estruturas já existentes, criar estruturas novas específicas ou utilizar um critério ecléctico), o problema do ensino médico neste sector põe-se com urgência, em minha opinião, tal como procurei esboçá-lo na intervenção de Abril de 1970 enquadrada no aviso prévio do Prof. Miller Guerra:
O ensino de geriatria de reabilitação, porventura o sector geriátrico mais importante para o nosso país (reabilitação de hemiplégicos recentes e de insuficientes respiratórios crónicos);
Talvez na escola superior de enfermagem que vai ser criada seja de enquadrar a especialidade geriátrica.
Sr. Presidente: Envelhecemos pelo menos meia hora desde que comecei a minha intervenção.
Quantos velhos morreriam mais tarde e teriam uma velhice fisiológica digna - em vez de vegetarem dolorosamente até morrer - se houvesse uma organização médico-geriátrica e o seu ensino no nosso país?
Termino fazendo votos que este aviso prévio seja útil para a reforma do ensino médico, tal como todos desejamos - e sobretudo desejamos que ela venha depressa.
Vozes: - Muito bem!
O orador foi cumprimentado!
O Sr. Santos Bessa: - Sr. Presidente: Não quero ocultar o prazer com que vi anunciado este aviso prévio, nem deixar de afirmar a minha satisfação pelos objectivos que visa e pela oportunidade com que foi apresentado à Câmara.
Felicito o seu autor, que, mais uma vez, cumpre, ao mesmo tempo, os seus deveres de Deputado, exerce a sua missão de professor universitário e presta à Nação um valioso serviço.
Trouxe à Assembleia um problema do mais relevante interesse nacional, cuja revisão e solução se afirmam não somente como necessárias, mas até como urgentes. Tal como ele afirmou, essa urgência de reforma impõe "acções imediatas, corajosas, drásticas, oportunas e eficazes".
A sua discussão nesta Câmara ocorre no momento exacto em que o ilustre Ministro da Educação Nacional analisa pareceres e sugestões para a extraordinária, ambiciosa e empolgante reforma do ensino a que corajosa e decididamente meteu ombros e naquele em que o seu ilustre colega das Corporações e da Saúde pretende marcar novos rumos aos graves e angustiosos problemas dos hospitais e da saúde pública nacional.
Isso nos impõe o dever de focar concretamente os mais candentes problemas compreendidos no âmbito do aviso e de emitir, no remate deste debate, conclusões e propôs-