Os Hospitais da Universidade de Coimbra, também com 1 200 camas, propõem-se formar 100 médicos por ano - 50 em cada semestre.

Convém recordar que a O. M. S. considera que para formar 100 médicos é preciso um hospital de 1 800 camas.

O caso não se resolve satisfatoriamente com o aumento do número de assistentes em relação com o número de alunos. É necessário saber qual é a capacidade que têm os serviços para receberem os alunos e, portanto, estabelecer para cada serviço o número máximo permitido.

O Sr. Pinto Machado: - Muito bem!

O Orador: - Admitir todos pode ser demagogicamente muito perfeito, mas não é uma solução serial

O Sr. Pinto Machado: - Muito bem!

O Orador: - A respeito deste assunto dos hospitais escolares, o Prof. Miller Guerra, com toda a responsabilidade que lhe cabe como ilustre bastonário da ordem dos Médicos, como distinto professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, como devotado estudioso dos problemas do ensino médico e como profundo conhecedor da situação dos nossos hospitais, afirmou aqui que o ensino dos módicos já diplomados deve caber a todos os hospitais gerais e especiais, bem como aos departamentos da saúde pública em condições de o ministrar, mediante contrato com as Universidades.

O Sr. Cancella de Abreu: - Muito bem!

O Orador: - Declaro-me de acordo com o principio que já há anos defendi, com a condição de apurarmos primeiramente quais os serviços ou hospitais centrais e quais as instituições de saúde pública que estão em condições de serem considerados idóneos para tal missão.

A estes deve recorrer-se o mais rapidamente possível!

O Sr. Ricardo Horta: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Ricardo Horta: - Peço desculpa a V. Ex.ª de o interromper pela segunda vez, mas ...

O Orador: - Tenho muita honra e muito prazer nisso. São achegas preciosas as que vêm de V. Ex.ª

O Sr. Ricardo Horta: - Muito obrigado. Ex.ª levantou aí um problema de alto interesse para a educação médica. É de facto a descentralização das nossas Faculdades que, por impossibilidade de cumprirem a sua missão integralmente, nos leva a pensar que deverão centralizar-se nos hospitais centrais.

É evidente que os hospitais centrais têm médicos eminentes, pessoas altamente qualificadas para o ensino. Estou certo de que V. Ex.ª está de acordo comigo, dado que foi lá que demos os primeiros passos na verdadeira medicina.

O Orador: - Exactamente!

O Sr. Ricardo Horta: - E a maior parte dos professores de hoje, que são a coroa de glória das Faculdades, saíram dos hospitais centrais.

Ora, V. Ex.ª sabe muito bem que aqueles hospitais, embora tenham qualidades técnicas excelentes para a missão, estão atrasados sob o ponto de vista de equipamento. E preciso, portanto, inserir nessas zonas de saúde os elementos indispensáveis à sua altíssima missão. V. Ex.ª sabe que os inovações de ordem de diagnóstico, cie ordem terapêutica e de meios de diagnósticos são transcendentes sob o ponto de vista do encargos económicos.

u quero dizer a V. Ex.ª que há dias vi umas referências sobre este campo e verifiquei que nas inovações terapêuticas de toda a natureza se passa o seguinte:

A América, com 48 por cento das inovações terapêuticas no Mundo; o Japão, com 0,7 por cento; a França, que está na vanguarda, com 8 por cento; a Suíça, com 13 por cento, etc. Veja V. Ex.ª neste campo, que é essencial para o ensino, o controlo terapêutico como afirmação de um diagnóstico. Veja V. Ex.ª as grandes nações, por exemplo a América, que concentra esse poder majestoso, com 48 por cento. E ainda há mais ... Há três ou quatro dias, o Sr. Nixon (eu vou dizer-lhe aqui, embora V. Ex.ª saiba com certeza), numa análise que fez da política de blocos, veio dizer que queria fazer um período da nova América. E sabe V. Ex.ª o que ele pôs à cabeça? A assistência, a saúde da América. Esse monstro, que tem 48 por cento das inovações do Mundo, ainda quer mais perfeição. Veja o que isto representa, Sr. Deputado.

Muito obrigado.

O Orador: - Sr. Presidente, como V. Ex.ª vê, eu não só tinha de autorizar, mas, ainda mais, tinha de desejar ansiosamente que o Sr. Deputado Ricardo Horta me interrompesse e nos trouxesse estas achegas esclarecedoras, de tão alta importância para a nossa informação e para o esclarecimento da Assembleia.

Muito obrigado, Sr. Deputado Ricardo Horta.

No decreto a publicar a respeito dos hospitais escolares deve ficar consignado o direito de as Universidades ou de as Faculdades de Medicina poderem realizar contratos com os instituições referidas para que os tais serviços idóneos possam assegurar esta função complementar do ensino médico.

Há muitos serviços dos hospitais e dos maternidades centrais que, pela qualificação dos pessoas que os dirigem e das demais que asseguram o seu funcionamento, pelo movimento dos doentes que por eles passam e pelo nível da medicina que ali se realiza, estão em condições de poderem exercer condignamente essa função.

Ninguém ignora, aliás, que, durante muitos anos, muitos dos ilustres professores da Faculdade de Medicina de Lisboa foram ocupar, por concurso, a respectiva cátedra, depois de serem assistentes dos Hospitais Civis, depois de nos variados serviços terem feito a necessária preparação. E, se esses serviços foram capazes de assegurar tal tipo de preparação, ninguém lhes poderá negar idoneidade pura que adi se faça o ensino dos médicos.

O Sr. Salazar Leite: - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Salazar Leite: - Peço imensa desculpa de vir roubar-lhe preciosos minutos da sua exposição ...

O Orador: - Não rouba, enriquece.

O Sr. Salazar Leite: - Estou a seguir com o máximo interesse, mas, sinceramente, as palavras que acaba de proferir, o ponto que focou, tocam-me profundamente., parque eu não concebo que se possa esquecer que a nossa medicina foi. em grande parte, nascida nos Hospitais Ci-